sábado, 31 de dezembro de 2011

Um presente de Natal

Recebi-o dois ou três dias depois do Natal mas foi dos presentes que mais me marcou: oferecido por uma pessoa que não é social-democrata mas que teve a hombridade de dizer " queria-o para mim".
Após ter lido "Por uma social democracia portuguesa", os livros da Maria João Avilez e José Miguel Júdice sobre o homem e o político e os dois volumes de " A Revolução e o Nascimento do PPD" de Marcelo Rebelo de Sousa, este livro vem sintetizar o pensamento político de uns dos mais brilhantes políticos e homens-de-estado da história quase milenar de Portugal.
Se existiram Reis dos quais não nos lembramos sequer do nome - quanto mais da obra! - se tivemos primeiros-ministro que antes de o serem, já sabíamos que não o eram, Francisco Sá Carneiro é e será um exemplo para muitas gerações pelo seu amor à pátria, pela visão política, pelo reformismo que pensava ser fundamental para o crescimento , pela frontalidade e pelo desprendimento pelo poder que sempre lhe permitiu ter liberdade de acção.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

" Sou, como se sabe, a favor de uma economia de mercado", Mário Soares in Visão.
E, como se sabe, foi o PS de Mário Soares juntamente com o PCP de Álvaro Cunhal que permitiram as nacionalizações no pós 25 de Abril.
Entendem?!

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Seis meses e um novo rumo


Fez ontem seis meses que o actual Governo tomou conta dos destinos da nação. Um dia sem a pompa e circunstância de outros tempos, em que a palavra crise foi a palavra mais usada.
Há pessoas que falam do actual governo como se ele governasse há dez anos e há outras que pensam que como é o PSD a governar, está tudo bem.
Nem tanto ao mar nem tanto à terra mas de uma coisa tenho a certeza: estamos bem melhor agora do que estaríamos se o PS de Sócrates continuasse a governar.
O actual Governo comete erros, toma opções erradas, tem acções que não são bem explicadas. Era bom que assim não fosse.
Mas, no entanto, só o fazem há seis meses, não o fizeram nos últimos seis anos. Esta é a grande diferença e que todos devem respeitar, especialmente o PS.
Fazendo uma avaliação ao Governo de Portugal, está a fazer o possível numa altura de crise financeira, económica e social.
Vítor Gaspar apresenta-se como o homem certo no devido lugar à hora exacta. Por muito que isso nos custe a todos, pelo empobrecimento à força a que estamos a ser sujeitos, o Ministro das Finanças está a redireccionar as finanças de Portugal para que dentro de algum tempo(?) possa voltar a haver investimento no país para que não se caia num marasmo.
Paulo Portas anda pelo mundo " assumindo as dores" do AICEP decapitado, fazendo os possíveis e impossíveis para colocar as empresas portuguesas a vender mais, estabelecendo acordos bilaterais e projectando a imagem de Portugal. Portas faz aquilo que Luís Amado tentou fazer e não conseguiu.
Para a economia falou-se de dois homens ligados ao CDS: Pires de Lima e Lobo Xavier.
Veio outra pessoa capaz de gerar consensos entre todos. Álvaro Santos Pereira aterrou em Portugal com excelentes ideias expressas em livro mas que não funcionam.
Não se pode pedir que os trabalhadores estejam mais trinta minutos no local de trabalho e, ao mesmo tempo, se reduza em algumas ligações de transportes públicos e se encerrem linhas. Como é que as pessoas se deslocam para casa ao fim do dia?
No Ministro que veio do frio do Canadá para um país à beira mar plantado faltam estratégias, faltam ideias, falta dialogar com patrões e sindicatos.
Por exemplo, quando se decide que os trabalhadores devem estar a trabalhar mais meia hora por dia, seria bom ouvir primeiro a CIP, AEP e CGTP, as pessoas que andam no terreno e conhecem a fundo a realidade das empresas e indústrias portuguesas para se saber se realmente faz sentido tal medida e a que preço. Se uma empresa não tiver encomendas, o que ficam as pessoas a fazer mais meia hora?!
Ou quando se faz manchete que Portugal pode lucrar com o turismo, não deverá uma barragem e meia dúzia de ventoinhas poderem acabar com uma paisagem única no mundo e uma linha férrea tirada das páginas de um livro, que deram a classificação de património mundial da humanidade ao Alto Douro. O que irão ver os turistas? Logótipos da China Three Gorges ?
No mesmo caminho de Santos Pereira está Assunção Cristas. Da super-ministra esperava-se muito mas pergunto, só a título de exemplo, e único, onde está a nova lei do arrendamento urbano?!
Os outros ministros vão governando ao sabor do vento: não há dinheiro para a Defesa e para a Educação, é necessário cortar na Saúde.
Os primeiros seis meses de Governo são feitos de altos e baixos, na tentativa de se recolocar Portugal no caminho do desenvolvimento.
Mas se o Governo governa aos altos e baixos, a oposição custa a sair do chão onde aterrou.
Como exercício de análise, experimentem retirar as palavras " Sócrates" e " Troika" ao discurso político. O que encontram?!
Se o Governo faz recurso a elas para justificar parte do que tem que fazer, poderá ser considerado normal, dadas as circuntâncias.
E a oposição?!
Retirem essas mesmas palavras dos discursos da oposição e ficam sem nada.
Neste momento em Portugal não há política, não há confronto de ideias e a história diz-nos que só há crescimento quando da faísca de ideias opostas nasce matéria.
Este texto é um desabafo, uma forma de assinalar ( para mim) a passagem dos seis meses de governação.
Ainda faltam 42 meses até ao final desta legislatura e tenho esperança que Santos Pereira encontre o seu rumo, que Cristas consiga responder a todas as solicitações, que Vitor Gaspar cumpra com o prometido e que a partir de 2013 se consiga respirar mais um pouco, que Portas dê ao povo português a ambição que o levou a navegar pelo mundo em busca de melhores condições de vida e que Passos Coelho consiga centrar em si o melhor da política, respondendo às necessidades de todo um povo.

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Azeméis é Desporto

Oliveira de Azeméis recebeu o Congresso Nacional de Desporto, um evento memorável, muito bem organizado e que teve convidados de luxo.
Tive o prazer de jantar com alguns intervenientes dos diversos painéis, partilhando experiências, cultura, modos e pontos de vida distintos.
Na mesma mesa, além de mim, estavam os Professores Guilherme Pinto, Serôdio Fernandes e Pedro Matos, o ex-Presidente da Liga de Clubes e actual Presidente da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, Hermínio Loureiro, o especialista em Direito Desportivo e Vereador do Desporto da mesma Câmara, Pedro Marques e o Arquitecto Juan Andrés, responsável por algumas das melhores instalações olímpicas que se conhecem.
Falou-se, discutiu-se, partilhou-se, aprendeu-se desde corridas de automóveis às instalações de Montjuic em Barcelona, desde marketing desportivo associado ao futebol até às condições que têm os nadadores olímpicos em Portugal. Falou-se de peripécias e da obra que o meu tio-avô, Aníbal Costa, oliveirense de gema, deixou: médico do Comité Olímpico nos jogos de Roma e do México, médico do Sporting, autor de diversos estudos sobre medicina desportiva, etc..
Entre comida regional e uns bons vinhos falou-se de estudos e academias.
Falou-se de novas políticas.
Falou-se de novos objectivos.
Falou-se de novas formas de se educar, miúdos e graúdos mas, todos, desportistas.
Falou-se do desporto como meio para precaver problemas de saúde a médio e longo prazo.
O desporto, naquela mesa, serviu para unir autarcas, gente da UTAD, ISCTE, FMHUTL, um consultor de comunicação de marketing e um arquitecto espanhol que já viveu em quase todo o mundo.
O desporto, naquela mesa como na sociedade, serviu como factor de aproximação e de convívio.
O desporto, como proferi na apresentação da campanha solidária " Venha encher o carro", é transversal a todas as camadas e extractos sociais, independentemente do desporto que se pratique. Quando se fala em desporto fala-se em equipa, fala-se em ajudar o próximo, fala-se em objectivo e da forma como o poderemos alcançar.
Desporto é integração e coesão.
Desporto é ajudar o próximo.
Oliveira de Azeméis foi tudo isto durante dois dias. Parabéns!

domingo, 18 de dezembro de 2011

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Valha-nos a sopa dos pobres

O Partido Socialista no seu melhor, na continuação daquilo que foram os anos de Guterres e de Sócrates, desta vez pela voz do líder do PS-Aveiro, Pedro Nuno Santos.
Marimbar para os credores?!
E depois?! Vamos para debaixo da ponte ou para os semáforos pedir esmola mas com o casaco de peles vestido?
Será que ainda não perceberam que o que estamos a viver hoje é fruto da má gestão do passado?

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Triste, mesquinho, nojento.
Algo ao nível da campanha negra feita contra Sá Carneiro, o Menino Guerreiro ou a homossexualidade de Sócrates.
Cheio de imprecisões ideológicas, geográficas e históricas.
Um filme em que se fala constantemente de ajuste de contas... mas de quem com quem?!

domingo, 11 de dezembro de 2011

" O veto da Inglaterra na última cimeira foi invariavelmente explicado pelo interesse (ou interesses) nacionais que ela queria proteger, e antes de mais nada a primazia da City como praça financeira. Este preconceito tem tradições. Já Napoleão dizia que a Inglaterra era um país de merceeiros. Não ocorreu a ninguém que as razões fossem outras. Mas basta conhecer o sítio e um pouco da velha história dela para se perceber que a Inglaterra nunca engoliria o plano de Merkel, porque ele na essência limita os poderes do Parlamento, que são a origem e o fundamento da legitimidade e do Estado. Um Parlamento que aceitasse a tutoria orçamental da burocracia de Bruxelas, que ninguém elegeu e não precisa de responder perante ninguém, deixava de ser o Parlamento e a Inglaterra deixava de ser a Inglaterra."

Vasco Pulido Valente in Público

sábado, 10 de dezembro de 2011

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

E já agora...



Espanta-me apontarem o dedo aos ingleses por terem "interesses mesquinhos", como a sua soberania, e não apontarem o dedo aos outros, aos que nos querem controlar.
Parece que vivemos numa época "dos bons e dos maus" e, caso continuemos por este caminho, vamos ficar do lado dos maus, do lado dos que querem controlar pela economia e esquecem a política, esquecem o povo, esquecem quem os elegeu.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Referendo à nova Europa

" O conceito de raça ariana teve seu auge do século XIX até a primeira metade do século XX, uma noção inspirada pela descoberta da família de línguas indo-europeias.
Alguns etnólogos do século XIX propuseram que todos os povos europeus de etnia branca-caucasiana eram descendentes do antigo povo ariano.
Correntes europeias, de carácter nacionalista da época, abraçaram essa tese. Esta, foi, talvez, tratada com maior ênfase pelo Partido Nacional Socialista da Alemanha. Estes, associaram o conceito de identidade nacional à raça ariana do povo germânico, através do princípio da unidade étnica, com a finalidade de elevar o moral e orgulho nacionais do povo alemão, destroçados pela derrota na Primeira Guerra Mundial e das condições consideradas humilhantes da rendição, impostas pelo Tratado de Versalhes."
Foi neste ambiente hostil que se desenvolveu a Social Democracia, a fim de reconhecer cada indivíduo como único perante o estado, independentemente da sua raça ou credo, das suas opções políticas, económicas e sociais. Se não fosse um criminoso, o Estado deveria olhar para todos de igual de forma.
Nestes idos anos do século XX, as pessoas afectas ao Partido Nacional Socialista costumavam pintar nas paredes uma cruz gamada, como força da sua raça.
Ao invés disso, os sociais-democratas pintavam três setas que "exprimiam muito bem a aliança entre as organizações dos trabalhadores reunidas na Frente de Bronze, a grande organização de luta anti-nazi criada pelo Partido Social-Democrata Alemão: o próprio Partido (SPD); os sindicatos; e a organização "Bandeira do Reich” com as organizações desportivas de trabalhadores.".
São essas setas que estão presentes na nossa bandeira:



Hoje em dia há novamente um conjunto de povos que quer mandar nos outros. Não pela força, não pelo belicismo mas pela economia e o controlo das finanças públicas.
O que Merkel e Sarkozy nos vão propor é mau.
O plano da Troika é austero mas, contudo, necessário.
O que nos propõe o novo eixo Berlin-Vichy é uma institucionalização dos governos dos países pobres por parte de uma qualquer comissão que irá ser criada. É o adeus definitivo à nossa soberania.
Em 2000, quando se dá fim ao processo de aquisição da Rolls Royce pela BMW e da Bentley pela VW, os ingleses, entristecidos, diziam que os motores Rolls Royce que equipavam os aviões da RAF e que os salvaram na Segunda Grande Guerra, tinham caído nas mãos do inimigo. Não pela força, não pela perícia dos pilotos alemães mas pela engenharia financeira.
O que se passa aqui é algo idêntico mas com a grande diferença de não se trataram de marcas de luxo e de saudade mas de milhões de pessoas e de séculos de história.
Por isso, como social-democrata, como crente naquela bandeira que simboliza a luta contra o Nacional Socialismo, como amante da liberdade, com o amor que tenho ao meu país, apelo a todos os meus colegas sociais-democratas que exijam um referendo a este novo Tratado que irá surgir.
Se quiser-mos continuar a ser Portugal e não um aglomerado de estados do sul, não podemos concordar com aquilo que nos vão propor.

Se não é, parece

Merkel e Sarkozy como Berlin e Vichy?

O mau aluno

"Para pequenos países como Portugal e Espanha, pagar a dívida é uma ideia de criança. As dívidas dos Estados são por definição eternas. As dívidas gerem-se. Foi assim que eu estudei", foram as palavras de Sócrates numa recente conferência de imprensa.
O resultado de tal estudo está à nossa frente.
Esperemos que não tenham sido muitos a seguirem tais livros e compêndios.
Esperemos que depois de tamanha austeridade, em época de eleições, não volte o grasso festim a que sempre nos habituaram e que finalmente se comece a pensar Portugal como um todo.

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

" Um tratado que institucionalize quem manda e quem obedece, viola as intenções de homens como Jean Monnet, Schuman, De Gasperi e Adenauer, que sabiam muito bem que uma Europa assim nunca será nem unida, nem Europa."
José Pacheco Pereira

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Oscar da impunidade"

" Otelo Saraiva de Carvalho (OSC) disse, em entrevista recente, que "ultrapassados os limites (os militares deveriam) fazer uma operação militar e derrubar o Governo". Marques Júnior, outro capitão de Abril, tratou de rejeitar a ideia, garantindo não haver condições para os militares fazerem um golpe. O "establishment" político menosprezou a importância essa declaração e o assunto foi selado por Marcelo na sua homilia dominical.
Será que ninguém leva a sério as bravatas de OSC? Ora, a sua história mostra que ele constitui uma ameaça. Foi ele o chefe do COPCON que, em 1975, procedeu a inúmeras detenções arbitrárias, assinando mandados de captura em branco, de tal forma que em finais de Março desse ano havia mais presos políticos, da extrema-esquerda à direita, do que no dia 24 de Abril de 1974. Presos esses que nunca foram acusados de nada e que foram sujeitos a tortura e sevícias, como consta de um relatório elaborado por pessoas acima de qualquer suspeita. No 25 de Novembro, esteve do lado dos derrotados, e foi detido por essa razão, para logo ser libertado. Depois, e apesar disso, pode concorrer às eleições presidenciais e, perdida a batalha, optou por se travestir de Óscar, e liderou uma organização terrorista, as FP 25 de Abril, que foi responsável pelo assassinato de dezassete pessoas inocentes. Por esse crime foi preso, julgado e condenado em tribunal, apesar de traído os seus camaradas, fingindo que nada tinha que ver com a organização. Mais uma vez, foi libertado, sem nunca se mostrar arrependido, por obra e graça de uma amnistia vergonhosa. Anos mais tarde, foi promovido retroactivamente, com uma indemnização de 49800 euros, muito superior à que receberam as famílias das vítimas das FP-25.
Não acredito que haja 800 militares (os tais que, segundo ele, poderiam fazer um golpe de Estado) dispostos a seguir a sua sugestão, ou a marchar com ele. Os militares têm o direito de se manifestar ordeiramente mas, no mais, sabem que devem ficar pelos quartéis, porque Portugal é uma democracia. Ainda assim, OSC não pode ser descartado como se fosse um qualquer indigente mental, nem ter um estatuto de eterna impunidade por ter participado no 25 de Abril. Também não se pode tomar a sua declaração à laia de um desabafo. OSC nunca foi um democrata, e odeia a liberdade. A sua participação no 25 de Abril teve, como móbil, razões corporativas. Mandou no COPCON porque queria submeter o país à sua ditadura. Envolveu-se num golpe de Estado contra a liberdade, e perdeu. Fez parte de um grupo terrorista e nem sequer teve coragem para o assumir. Foi libertado, e nunca pediu perdão. Vive tranquilo, com uma reforma maior do que a que recebem 95% dos reformados deste país.
Ora, em democracia, esse sistema que ele abomina, a lei deve ser cumprida por todos, e o seu acto pode configurar o crime de "instigação pública de um crime", previsto no artº 297º do CP. De facto, OSC poderá ter instigado o crime de "alteração violenta do Estado de Direito", previsto no artº 325º do CP, o qual no seu número 1 refere que "quem, por meio de violência ou ameaça de violência, tentar destruir, alterar ou subverter o Estado de direito constitucionalmente estabelecido, é punido com pena de três a doze anos".
Em memória das vítimas das FP-25 de Abril, do meu Pai, cuja história é narrada em pormenor no relatório das sevícias, e que foi um dos muitos que foram presos e seviciados sem que nunca tenha sido acusado de qualquer crime, em homenagem à instituição militar que não merece ser confundida com OSC e quejandos, a bem dos meus filhos que, espero, possam continuar a viver em liberdade, exijo que este assunto não fique esquecido. Não me conformo com o encolher de ombros do procurador-geral da República. Se Portugal tinha alguma dívida com OSC, já a pagou muitas vezes. Agora, devia ser a hora de esse senhor se sentar no banco dos réus para, por uma vez, perceber que não é mais do que os outros portugueses. É, aliás, e a meu ver, bastante menos do que qualquer cidadão comum. "

Rui Moreira, in Jornal de Notícias, 2011-11-20

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ainda há Homens com coragem...

... resta saber se vão estar sozinhos nesta luta, ou não.

Uma máquina de calcular para Seguro

Há tempos escrevi o que pensava sobre o impostos sobre os rendimentos dos ricos.
Não me querendo alongar muito mais com essas explicações, gostaria apenas de oferecer uma máquina de calcular a António José Seguro e aos seus consultores financeiros, senão vejamos: com o actual pedido de alteração ao IRS dos mais ricos, uma pessoa que ganhe 500.000 euros anuais paga ao estado 250.000 euros em imposto, ficando com os outros 250.000.
Quem ganhar apenas 499.000 euros paga ao estado 232.035 euros, ficando com 266.965!
Porque mesmo entre os liberais, a liberdade não é bem aceite.
"As dificuldades existem e têm de ser enfrentadas. Mas vale a pena enfrentá-las e ganhar força para as ultrapassar. Trata-se também de uma oportunidade para fazermos as coisas de modo diferente para futuro. Estaremos não apenas a corrigir erros do passado mas sobretudo a construir uma perspectiva de futuro bem mais digna para os nossos filhos e para nós próprios", escreve Pedro Passos Coelho.
Tristes são os tempos que se aproximam; necessários, mas tristes.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

aos olhos, perfeito

O mundo é cheio de imperfeições: estéticas, éticas, de forma ou de conteúdo.
Vivemos num mundo plural, uma "salada russa" que se apresenta aos nossos olhos e onde a batata amarela e cortada aos cubos, sem graça, até tem piada quando misturada com a cenoura, as ervilhas e a pescada, envoltas na maionese.
É um olhar por esse mundo, de pequenas imperfeições, que vos quero transmitir.

sábado, 5 de novembro de 2011

A salvação italiana

Berlusconi é, há muito, um líder a prazo.
Escândalos atrás de escândalos não o conseguiram demover do poder, sobretudo, porque não existia ninguém - Romano Prodi provou-o várias vezes - capaz de obter os apoios políticos e populares italianos suficientes para lhe dar um governo.
Hoje é diferente: Berlusconi admitiu que falhou, ao chamar "um polícia" para lhe verificar as contas.
Hoje é diferente: Luca Cordero di Montezemolo aparece como um putativo candidato a Primeiro Ministro.
Luca Cordero di Montezemolo é um príncipe amado pelos italianos por todo o seu trabalho em prol de Itália e do orgulho italiano.
Foi "ajudante de campo" de Enzo Ferrari e, mais tarde Presidente da mais significativa marca italiana. Foi o responsável pela contratação de Jean Todt,  Michael Schumacher e Ross Brawn para a equipa de F1, dando à marca italiana cinco títulos de piloto consecutivos, depois de vinte anos em jejum, e oito títulos de marcas, depois de quinze anos em jejum.
O seu sucesso na Ferrari levou-o ao topo do Grupo Fiat, encetando uma recuperação financeira há muito desejada, recuperando a Maserati e a Lancia, colocando todo o grupo a vender mais e melhor, desde a gama baixa até aos superdesportivos. Teve que despedir funcionários para recuperar as empresas, contratando-os novamente quando as vendas aumentaram.
Montezemolo é um príncipe amado pelos italianos, com muita obra feita, capaz de colocar Itália no rumo que sempre lhe conhecemos.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os gregos podem andar doidos... mas não muito diferente da doideira que foi a aprovação do Tratado de Lisboa, decidida pelo eixo Berlim-Paris,ameaçando a independência dos estados, e sem o referendo previsto.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Aprenderam pelo mesmo livro?!

Então não é que o relatório da KPMG de que falou Paulo Campos terá sido feito da mesma forma que o relatório da OCDE sobre a educação?!

A obra brilhante de Sócrates - II ( uma das!)

Nem consigo imaginar o que estariam agora a passar os passageiros que embarcam em Faro se não tivessem oportunidade de o fazer através de Beja: estariam ao frio, à chuva, sem condições horas a fio.
Ainda bem que as modernas instalações alentejanas conseguiram por cobro a uma situação que poderia ser muito má para a imagem de Portugal no estrangeiro, dada a quantidade de voos que aterram e partem de Faro com destino ao norte da Europa.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

A obra brilhante de Sócrates ( uma das!)

Quando ouço ou vejo notícias sobre o desabamento do tecto do aeroporto de Faro penso logo: ainda bem que temos Beja com um aeroporto novo a 147 km; caso contrário os passageiros teriam que fazer 199 km até ao aeroporto de Sevilha!

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

O problema de Cavaco

Ouvi há pouco as declarações do Presidente da República , as quais não achei muito diferentes do discurso de tomada de posse.
No entanto, agora, ao invés da época, não ouvi ninguém do PS a dizer que o Presidente estava a colocar a estabilidade política nacional em causa e que gostaria que o governo caísse. Ele há coisas!
Posto isto e ouvindo o monólogo de Carlos César de há alguns dias atrás tenho a dizer que Cavaco personifica perfeitamente o "preso por ter cão preso por não ter".
Se o Presidente interfere a roçar ao de leve o estilo de Soares ou Sampaio, é partidário.
Se o Presidente nada diz, é amorfo.
Se fala mal do PS, tem problemas antigos por resolver... E meus caros, neste aspecto, penso que quem tem problemas antigos por resolver é o PS porque nunca interiorizou que Cavaco Silva foi um excelente Primeiro Ministro, o melhor que já tivemos, e que conseguiu o equilíbrio necessário entre todos os players nacionais. De tal forma que ganhou 5 das 6 eleições em que concorreu.
O que o PS nunca conseguiu admitir foi que depois de 10 anos em que se fizeram reformas importantes e alguns investimentos extremamente necessários, Guterres e os seus camaradas tentaram fazer melhor. Não conseguiram, apenas esbanjaram dinheiro e o resultado está à vista. 

"Assembleias populares"

" As "Assembleias populares" dos "indignados" são mais um dos sinais do grau zero da política dos dias de hoje. Para além do absurdo de ver cem pessoas, que depois se reduzem a umas dezenas, a tomarem-se a sério, se é que isto não é uma contradição nos seus termos, como se estivessem a governar o país, sem suscitar o ridículo geral, há quem escreva entusiasmado sobre aquele Petit Guignol, como se de um soviete se tratasse. Acresce o orwelliano tique de se chamarem "assembleias" quando são ajuntamentos ad hoc, em que ninguém representa ninguém, nem muitas vezes se representa a si próprio dado que está em estado de transe induzido, e de usarem o nome de "populares", quando, se aquilo é o povo português, eu quero emigrar para as Desertas.
Tenho pena que não tenha havido uma transmissão directa na televisão das "Assembleias Populares", e que os jornalistas, tão atentos à manifestação e à coreografia, se tivessem esquecido de ouvir os intervenientes na "Assembleia", o que seria um excelente revelador do estado daquela arte. Para além dos escassos oradores espontâneos, que não falam a linguagem do clã, terem sido desprezados, ignorados e maltratados, - um cego foi lá propor que bastavam cinco pessoas para empancarem os torniquetes das entradas do metro para se poder viajar de graça, um dos militares anónimos que fez o 25 de Abril foi lá falar das "conquista da democracia" (vaias) e pareceu aos assistentes muito "político", - o resto foi uma sucessão de discursos exaltados e muitas vezes conflituais entre participantes sobre procedimentos e o que fazer a seguir. Outro orador explicou que "eles é que deviam estar lá dentro (na Assembleia da República) porque eles é que representam o povo". Palmas. Um quadro do regime anterior ao 25 de Abril, apresentando-se como tal, veio também explicar que era preciso "defender a verdadeira democracia". Outro, teve o cuidado de dizer que ia para casa dormir mas não delegava o poder de decidir o que se ia fazer em ninguém porque ele é que era senhor do seu voto e queria exercê-lo pessoalmente. Quando voltasse, claro.Em suma, um festival.
A verdade sobre tudo isto é simples: as "Assembleias populares" dos "indignados" são uma das maiores fantochadas políticas que por aí andam."

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Azeméis é social

A minha intervenção no iníco do debate " O voluntariado como caminho para o desenvolvimento":


Quando se fala em voluntariado, no geral, há uma ideia que me vem logo à cabeça: ONU.
É maior e mais completa organização de voluntariado à escala mundial, actua em todos os continentes nas mais diversas formas promovendo a interajuda e o auxilio às populações mais desfavorecidas.
Da mesma forma que penso em ONU também poderei pensar na Cruz Vermelha, Rotary Foundation, AMI, etc..
Quando pensamos nessas organizações e no seu campo de actuação pensamos sempre em África, América central e do sul, médio oriente e sudoeste asiático.
Pensamos no papel vital que este tipo de organizações teve para a paz entre os povos e o seu caminho para o desenvolvimento já que não há desenvolvimento social, económico e financeiro sem paz.
Se pensarmos no mundo como um sistema de vasos comunicantes, em que tudo está inserido lá dentro, desde o dinheiro às guerras, a pobreza e a assistência médica, toda a forma de vida como a conhecemos e, sendo o sistema de vasos comunicantes uma troca por capilaridade de todos estes factores de um vaso para outro, poderemos pensar que a evolução e desenvolvimento do mundo actual poderá passar de uns continentes para os outros, de povos para povos.
Assim, se tivemos pobreza e guerra em África poderemos vir a ter a mesma guerra e pobreza na Europa.
Neste caso, pela forma estruturada como os países europeus estão organizados, não se aplica o voluntariado como o conhecemos nos outros continentes.
Aqui aplica-se um voluntariado de proximidade, realizado pelas pequenas organizações que conhecem o dia-a-dia das pessoas, actuando muitas vezes de forma preventiva.
São organizações como a Liga Portuguesa Contra o Cancro, as ligas de amigos dos hospitais, o apoio dado aos idosos, etc..
É este tecido que é necessário desenvolver e apoiar.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A credibilidade está a regressar?

" Todos sabemos que tivemos de recorrer à Troika porque já ninguém nos emprestava dinheiro. E todos sabemos que o nosso maior desafio é não perder o acesso ao financiamento externo. Porque se ele faltar, como o país não tem poupança interna suficiente, o PIB em vez de cair 3% pode cair até… 20 ou mais por cento. Por isso a nossa tarefa principal é mostrar que "we mean business". Ou seja, que conseguimos cumprir as metas do défice.

Desde o 1º trimestre do ano que o único tipo de financiamento que Portugal consegue é a curtíssimo prazo: 3 e 6 meses. O Tesouro justifica a manutenção destes leilões (que saem a preço elevado) com a necessidade de não perder contacto com os investidores: quando um país sai completamente do mercado, tem mais dificuldade em regressar…

Ora estes leilões estão a dar sinais interessantes: nas últimas semanas aumentou o número de estrangeiros a comprar BT. Um sinal de que a estratégia portuguesa começa a dar alguns frutos. Mas há outro sinal que sugere que os investidores começam, ainda que de forma insípida, a olhar para nós. Alguns fundos de "private equity", que desde Dezembro nem queriam ouvir falar de nós, vêm a Lisboa nas próximas semanas. Objectivo: analisar operações que envolvem activos portugueses.

Tudo isto é incipiente? Sem dúvida. Mas é um primeiro sinal de que o ponto mais baixo da desconfiança em relação a Portugal pode já ter sido atingido (os elogios da senhora Merkel, há uma semana, não foram feitos em cima do joelho…). E isso é muito importante para separar Portugal da Grécia e convencer os mercados a voltarem a emprestar-nos dinheiro. É escusado dizer que cortes na despesa dariam uma grande ajuda…"
Camilo Lourenço, in Negócios Online

Greve Geral, faça-se

O direito à greve é um direito que assiste todos os trabalhadores - salvo raríssimas excepções - e que deve ser usado quando os sindicatos assim o entendam.
Só gostaria de lembrar a essas pessoas que muitas vezes aderem à greve mas que faltam ao abrigo do artigo 66º *- ao invés do 71º - que Portugal ainda há pouco tempo foi a votos e está a governar um Governo suportado numa maioria parlamentar; quem votou nessa maioria parlamentar sabia, à partida, que, dado as políticas desastrosas de seis anos do Governo socialista de José Sócrates muitos sacrifícios iriam ser feitos e que, mesmo assim, votaram neles.
Gostaria também de apelar ao bom senso dos sindicalistas para, ao invés de organizarem uma greve geral num dia da semana, organizassem uma greve de zelo ao fim-de-semana.
Porventura com isso consigam mais gente, quem participar não perde um dia de salário - caso costume aderir à greve ao abrigo do artigo 71º, os outros nunca perdem! - o país não perde os milhões anunciados em produtividade e não incomodam quem quer trabalhar.

* Decreto-Lei n.º 100/99, de 31 de Março, com as alterações introduzidas pela Lei 117/99, de 11 de Agosto e pelos Decretos-Lei n.º 503/99, de 20 de Novembro, 157/2001, de 11 de Maio e 160/2006, de 17 de Agosto - Estabelece o regime de férias, faltas e licenças dos funcionários e agentes da administração central, regional e local, incluindo os institutos públicos que revistam a natureza se serviços personalizados ou de fundos públicos.

Retirado de um Facebook

"Ouvi ontem o Professor Marcelo Rebelo de Sousa a dizer que caso Portugal ganhe à Bósnia, cada jogador recebe um prémio de 100.000 € - Sempre achei esta história dos Prémio uma imoralidade, pois dar um prémio para cumprir um dever é ridículo. Mas agora nesta situação de crise, não só acho imoral como acho uma afronta a todos os Portugueses a quem estão a ser pedidos enorme sacrifícios. Se este prémio se mantiver, eu pela primeira vez na minha vida VOU TORCER PELA BÓSNIA."
José Tomaz Mello Breyner

domingo, 16 de outubro de 2011

Dúvidas que populam por aí

Será que nas assembleias populares que têm acontecido um pouco por todo o mundo também identificam as bruxas e condenam-nas à fogueira?
Como vi por lá o Dr. Garcia Pereira e alguns elementos do Partido Comunista Português, pelos menos alguns livros, peças musicais e quadros terão esse fim. Arte fascista.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Ele há coisas....

O jornal " Dica da Semana", da cadeia de distribuição alemã Lidl, tem duas páginas de promoções de produtos tradicionais gregos e duas páginas de promoções de produtos nacionais portugueses.
Na próxima semana serão produtos espanhóis e italianos?!
Estou mortinho por que venha a promoção da Guinness.
É que não gosto de cerveja alemã, mas bem que umas salsichas frescas, até marchavam!!

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ao estado em que chegamos

Começo por dizer que sou benfiquista e, devido a isso, para o comum dos mortais, deveria estar contente com esta notícia. Mas não estou.
Com que cara é que os senhores do Ministério Público vão olhar para as pessoas a quem, por falta de meios, tempo ou vontade, não conseguem dar resposta aos seus problemas?!
Bem sei que a lei é igual para todos mas aquilo não passou de uns encontrões e uns tabefes num jogo de futebol, quando no mesmo jogo de futebol, quase de certeza, se cometeram ilícitos muito maiores.
Com que cara é que os senhores do Ministério Público vão olhar para os ourives ou os donos das gasolineiras que são assaltados e onde se vê perfeitamente a cara dos assaltantes mas que pouco ou nada fazem?!
Com que cara é que os senhores do Ministério Público vão olhar para os jovens que muitas vezes são agredidos à porta das discotecas por seguranças das mesmas, muitas vezes sem razão nenhuma, e que daí não resultada nada, nem sequer uma investigação?!
Como é que querem credibilizar a justiça deste país se fazem manchetes com coisas ridículas como esta?!

Estou confuso, deveras confuso

Quando me preparava para parabenizar o CDS pelo excelente resultado na Madeira, achincalhando o PS e o Bloco e concordando em pleno com o que disse Jerónimo de Sousa em relação às candidaturas sem nenhum fim, sou surpreendido.
Então não é que o CDS, afinal, não quer ter " a voz" da oposição na Madeira e decidiu recambiar o seu homem para Lisboa?!
Quando o povo votou sabia disso?!

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Dia após dia o QI de Sócrates continua a surpreender

O Expresso noticia que o aeroporto de Beja movimentou 164 pessoas nos últimos 3 meses.
Fantástico!!
O que seria da vida daquelas 164 pessoas sem uma ligação aérea para Beja?!
Mas melhor que a realidade, é mesmo a ficção: "Em 2007, o aeroporto de Beja previa atingir, entre partidas e chegadas, uma média de 178 mil passageiros em 2009, que poderiam aumentar até 1,8 milhões em 2020, segundo as previsões da empresa EDAB, responsável pelo projecto."
Foi ontem notícia no Público que a ERC irá ser presidida por Carlos Magno.
Uma personalidade brilhante de quem conhece bem o que é a comunicação social em Portugal e uma pessoa independente e livre.
Talvez tenham sido estas características que lhe aponto, independência e liberdade, as autoras do desagrado por parte das hostes socialistas... Não estavam habituados a isso.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Discurso proferido na entrega de prémios de mérito escolar do Rotary Club de Oliveira de Azeméis

Olhando para esta plateia tenho que dizer bem alto: parabéns.

Estou em frente aos líderes de amanhã, estou em frente a pessoas, a jovens, que, através do seu esforço, fruto do seu trabalho, com o apoio das suas famílias conseguiram sobressair numa imensidão de cabeças pensantes e que estão aqui hoje a receber um merecido prémio.
Parabéns.

Olhando para esta plateia parece que não há mais nada a dizer, parece que o mérito escolar, só por si, é um fim em si mesmo.
Felizmente que não é: estou aqui em frente a futuros engenheiros, médicos, advogados, professores, um número infinito de profissões mas, sobretudo, estou aqui em frente a pessoas, a jovens e é como jovem que vos vou falar.

Há muitos anos atrás tomei conhecimento do que era vida quando li uma conferência médica do Professor João Lobo Antunes e que mais não era do que uma viagem aos moinhos de D. Quixote, ao seu amor por Dulcineia e a voz realista de Sancho Pança.
Nessa altura descobri o que era erudição, o conhecimento adquirido por horas de estudo e de leitura que tinham levado o médico João Lobo Antunes a abordar um outro tema para explicar o que verdadeiramente pretendia.  

Mas ele é médico, não poderia utilizar termos médicos? Podia, mas a alegria que se conquista pelo conhecimento alargado de temas não lhe permitiu fazer isso.
O termo “erudito”, pelo tempo em que vivemos e pela quantidade tão abrangente de informação que dispomos caiu em desuso. Actualmente é preferível dizer “vida” ou que alguém é um “cidadão do mundo”.

E é esse exemplo que vos quero transmitir aqui hoje: a vida que se ganha paralelamente ao estudo, contemplando-o e completando-o, e que vos pode tornar especiais.
Se pensarem na família Lobo Antunes, João, António e a Paula, têm todos percursos académicos brilhantes mas também se distinguiram na escrita e na representação.

Se pensarem em António Gedeão, foi professor de físico-química e escritor.

José Megre era engenheiro mas também um dos mais completos viajantes portugueses e autor de livros e filmes de viagens fantásticos.
Cavaco Silva, muito antes de ser Presidente da República ou Primeiro-Ministro era um economista brilhante mas também foi do Benfica.

O Chefe José Avillez, antes de passar pelas cozinhas do El Bulli e do Tavares formou-se em comunicação empresarial e foi aí que descobriu o gosto pela cozinha.
Ainda hoje Rui Rio é lembrado como um dos melhores presidentes que a Associação de Estudantes da FEP algum dia teve, para além de ter pertencido a uma banda musical.

Não só em Portugal mas também no estrangeiro abundam os casos de pessoas com carreiras académicas brilhantes mas que ao mesmo tempo se destacam noutras áreas. Brian May, conhecido guitarrista dos Queen, possuí um doutoramento e tem vários livros publicados na área da astrofísica.
Estes exemplos servem para vos dizer que vocês já têm um percurso académico brilhante mas que a isso podem juntar vida, mundo, tornando-vos especiais.

Leiam, escrevam, convivam com os amigos, façam Erasmus, viajem no Inter-rail, vão ao cinema, inscrevam-se no voluntariado, militem na política, joguem futebol, jogging, surf, ski, acampem, reconstruam um carro, construam um veleiro, façam teatro, pintem, divirtam-se... tudo com um sorriso, porque sorrindo é muito mais saboroso.
Com estas actividades vocês podem contemplar a vossa formação, podem aprender coisas que não se aprendem nos bancos da universidade, aprendem a superar dificuldades e objectivos pré-definidos ,e com certeza, vão ter ainda mais orgulho em vocês.

Além disto, desta satisfação, têm algo mais a escrever num CV e com isso ganham pontos extra quando alguém estiver a ler a vossa vida académica e a compará-la com a de outro estudante com igual média.
No outro dia, o antigo reitor da Universidade do Minho, ex-Ministro dos Negócios Estrangeiros e ex-Eurodeputado João de Deus Pinheiro disse na televisão que gostava muito de ver um CV de alguém que tivesse terminado o curso com uma média elevada; mas que gostava ainda mais do CV de alguém que até nem poderia ter uma média tão elevada como a do colega mas que, por exemplo, durante os seus anos de curso tivesse pertencido a uma associação porque isso indicava que a pessoa em questão tinha aprendido mais do que aquilo que lhe era dado na faculdade.

Está à minha frente uma plateia de jovens brilhantes que, para chegarem aqui, deverão ter estudado 20 ou 25 horas por semana fora o horário das aulas. Muito bom!
Mas daqui, para o futuro, lanço um desafio: em vez de 25 horas semanais para o estudo, dediquem apenas 23.

As duas horas que vão retirar ao estudo vão ganhar noutra actividade: inscrevam-se num grupo de voluntariado – inscrevam-se no Rotaract por exemplo. Durante essas duas horas semanais esqueçam o estudo e dêem o melhor de vós pelos outros. Apliquem, na prática, aquilo para que estudaram e, ainda mais importante, aquilo que sonharam.

Vão ver que vai valer a pena e que vocês se vão sentir especiais.

domingo, 2 de outubro de 2011

No jornal da tarde da SIC e depois na SIC N vi que as autoridades se preparam para eventuais tumultos devido ao aumento de impostos, aumento do desemprego e aumento do custo de vida.
Será que esse perigo é de agora?!
Aqui deixo o que escrevi em 14 de Maio de 2010.

Jantar comício PS Madeira - II

António José Seguro, ao contrário do líder do PS Madeira que acusou Jardim de "ladrão", passou parte do discurso a atacar Passos Coelho.
Entendo que ele o faça porque é parte do seu papel como líder da oposição. No entanto não deveria ter memória curta, ou será que já se esqueceu do seu arqui-inimigo Sócrates?
Seguro acusou Passou Coelho de estar a maquilhar as contas da Madeira mas esquece-se que o que se passa na Madeira não é de agora, é de há muito, especialmente dos últimos quatro anos.
Ao esquecer-se disso, esquece-se também que quem governou até há três meses foi o PS de Sócrates,autorizando tudo o que se passou na Madeira.
Posto isto, se o Bloco, o PCP e até o CDS quiserem criticar as políticas de Jardim, que o façam a seu belo prazer. No caso do PS, não ficavam mal na fotografia se mantivessem a boca fechada porque compactuaram com tudo o que Alberto João Jardim fez nos últimos seis anos.

Jantar comício PS Madeira - I

Depois de paquistaneses, moçambicanos e afins e idas ao sealife durante a campanha para as legislativas, na Madeira o PS até "contrata" gente do PSD para encher o pavilhão.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Por que é que apesar de tudo Jardim vai ganhar

  1. O PND barrica-se no Jornal da Madeira
  2. O PTP, através de Coelho, aparece com uma carrinha e um megafone a chamar fascista a alguém e a dizer que é necessário o uso de armas
  3. O cabeça-de-lista do PS aparece a meio da tarde como mediador do conflito, ao estilo de negociador do FBI
Mas está tudo doido ou foi um insecto que picou aquela gente?!
Enquanto isso, Alberto João Jardim disse que se houvesse algum problema, algum tumulto, a PSP que resolvesse.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O Estado e a comunicação Social - um problema da Madeira?

Hoje vi através da TV uma manifestação da Nova Democracia e do Partido Trabalhista na sede do jornal madeirense Jornal da Madeira.
Segundo os manifestantes, madeirenses, muito apoiados por gente do continente que nunca deve ter colocado os pés na Pérola do Atlântico, o Governo Regional financia aquele jornal, tirando daí dividendos políticos.
É triste, o estado e a comunicação social - o quinto poder(?) - nunca se deviriam tocar, mantendo-se estanques.
Mais triste ainda é que a gente do continente que apoia os manifestantes madeirenses tem memória curta: esquecem-se que a RTP e RDP são do Estado e é controlada pelo Governo, esquecem-se dos chorudos patrocínios do Estado à Controlinveste e, por contraponto, o tratamento noticioso que estas três entidades deram ao Governo dos últimos seis anos; esquecem-se de " O Século".
Na Madeira ou em qualquer parte do Mundo a comunicação social deve ser livre ou então é confundida com agência de comunicação.
Na Madeira conhecemos os manifestantes; onde estiveram os manifestantes do continente?

domingo, 25 de setembro de 2011

Fora do aquário

Será que a comunidade internacional não sabia?!
Claro que sabia... assim como sabe o que se passa na Siria ou no Darfur, ou que se passou no Ruanda e em Timor, na Sérvia, no Bangladesh, na URSS...
Por vezes as pessoas acordam tarde para a realidade que os envolve, mas é sempre bom quando acordam.
A última pessoa que tinha ouvido a sitar Kafka para explicar o que quer que fosse foi Carlos Cruz.
Desejo melhor sorte e sabedoria a Vitor Gaspar.
Pensava que isto se tinha perdido no tempo... Felizmente que há o Ephemera!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Raramente, mas muito raramente concordo com as ideias das pessoas do Bloco.
Costumam falar de democracia de alternância como que culpabilizando o povo por não votar neles, como se o PSD ou PS chegassem ao poder através de algum Golpe de Estado.
Hoje tive uma agradável surpresa ao ver que Daniel Oliveira escreveu "Responsabilizar criminalmente Jardim pela dívida é desresponsabilizar a democracia", dando a entender que é esse mesmo povo, que constitui a democracia a quase 100%, que deve julgar os actos da governação de quem quer que seja.
Se a Madeira se individou durante a governação de Jardim, Oeiras com Isaltino ou Portugal inteiro com Sócrates, a maior responsabilidade disso foi de quem votou nessas pessoas, de forma continuada, porque  pensavam que poderiam viver melhor da forma que viviam.
Assim sendo, a culpa é de todos, a começar em quem votou; não queiram agora desresponsabilizar-se desse acto democrático e querer que a justiça resolva o que não é da sua competência.
Caso se começa a responsabilizar criminalmente actos de governação, vamos deixar de ter pessoas a concorrem a cargos públicos!

Retirado de um Facebook

"Fez-se Justiça, finalmente... · Desde a morte de Francisco Sá Carneiro e do eterno mistério que a rodeia, · Ao desaparecimento de Madeleine McCann, e o jovem português perdido há mais de 10 anos. · Todas as crianças desaparecida antes delas, quem as procurou · Ao caso Casa Pia · Do caso Portucale · Operação Furacão · Da compra dos submarinos · Às escutas ao primeiro-ministro · Do caso da Universidade Independente · Ao caso da Universidade Moderna · Do Futebol Clube do Porto · Ao Sport Lisboa Benfica · Da corrupção dos árbitros · À corrupção dos autarcas · De Fátima Felgueiras · A Isaltino Morais · Da Braga parques · Das queixas tardias de Catalina Pestana · Às de João Cravinho . Do processo Costa Freire / Zeze Beleza, quem não se lembra ? · Do miúdo electrocutado no semáforo · Do outro afogado num parque aquático · Das crianças assassinadas na Madeira · Do mistério dos crimes imputados ao padre Frederico · Do autarca alentejano queimado no seu carro e cuja cabeça foi roubada do Instituto de Medicina Legal · As famosas fotografias de Teresa Costa Macedo. Aquelas em que ela reconheceu imensa gente 'importante', jogadores de futebol, milionários, políticos. · Os crimes de evasão fiscal de Artur Albarran · Os negócios escuros do grupo Carlyle do senhor Carlucci em Portugal. · O mesmo grupo Carlyle onde labora o ex-ministro Martins da Cruz, apeado por causa de um pequeno crime sem importância, o da cunha para a sua filha. · E aquele médico do Hospital de Santa Maria, suspeito de ter assassinado doentes por negligência * **Pois é... a justiça portuguesa está de Parabéns! Depois de anos e anos a batalhar eis que surgem os primeiros resultados.* *Prenderam um jovem que fez um download de música ...* Até que enfim !!!!!!!!!!!!!! YEAAAAAAAAH!... VIVA!!!! *_Primeiro português condenado à prisão por pirataria musical na Internet!... _**O Indivíduo poderá passar entre 60 a 90 dias atrás das grades por ter feito o download e partilhado música ilegalmente com outros utilizadores!... * Agora sim, sinto-me mais seguro!"


Retirei daqui

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Dúvidas que populam por aí

Fala-se da dívida da Madeira , fala-se do possível buraco das Estradas de Portugal, fala-se que não há dinheiro ( felizmente) para o TGV... mas não se fala de quem governou no últimos anos.
Onde tem andado Sócrates por estes dias?!

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Como é que Alberto João Jardim poderia sair por cima?!

A resposta é muito simples: demitindo-se.
Sempre fui um defensor de Alberto João Jardim, adoro a Madeira e penso que ele fez obras notáveis, contra tudo e contra todos. No entanto há alturas em que se deve deixar correr o rumo; a sua época já acabou.
Hoje li que os alemães olham para Portugal da mesma forma que os continentais olham para a Madeira. Se assim é, também poderão olhar para Sócrates da mesma forma que agora nós olhamos para Jardim.
E se assim é, da mesma forma que escrevi que Sócrates, após o resgate, deveria ter um pingo de vergonha e não se candidatar, digo o mesmo de Jardim.
Contudo, não pensem que eu penso que Jardim e Sócrates são iguais: a obra do madeirense e a quantidade de vitórias políticas que teve falam por si, coisa que o ex-PM não tem!

sábado, 10 de setembro de 2011

Com a actual situação financeira, económica e social, ouvir Seguro dizer que o PSD prometeu uma coisa em campanha e agora faz outra, é mau sinal.
Ouvir Pedro Silva Pereira dizer isso é ridículo porque os dois governos onde esteve, excepção feita ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, nunca cumpriu o que prometeu em campanha eleitoral.
Estou com uma dor enorme de pescoço e costas mas não deve ser comparável à dor de rabo com que ainda devem estar os delegados, após uma hora e quinze minutos de discurso.
Além do mais, Seguro garantiu que o governo deve governar quatro anos... aumentando a dor daquelas gentes!

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Cada vez mais a expressão "vai morrer longe" faz todo o sentido...

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

RTP Açores

Se muitos falam da opressão e controlo dos média na Madeira, é porque não conhecem ou não querem conhecer a situação idêntica que se passa nos Açores.
Depois de Miguel Relvas ter dito na Assembleia da República que as RTP regionais ( Madeira e Açores) eram despesistas e deveriam funcionar apenas das 19 às 23 horas, Carlos César, no seu jeito buçal, reagiu.
Reagiu de forma ridícula dizendo que as missas e as procissões vão passar à hora de jantar.
Será que andamos todos a pagar para os Açorianos assistirem à missa?! Nesse caso, Carlos César deveria, em temposde PS no Governo, ter defendido uma RTP Minho para passarem as Festas da Nossa Senhora da Agonia e as Feiras Novas, RTP Centro com a transmissão da reza do Terço no Santuário de Fátima e, como todos os portugueses deverão ser tratados de igual forma, independentemente do seu credo ou religião, uma RTP Zona J com transmissão de cerimónias muçulmanas e ainda uma RTP Beiras para transmitir o Bar Mitzvah de alguns jovens de Belmonte.
Carlos César, como qualquer bom socialista, não deve ser católico e, por isso, não lhe deve interessar a missa para coisa alguma.
Carlos César, como qualquer bom socialista, como Presidente do Governo Regional dos Açores, deve pretender ter um órgão de comunicação social de propaganda, pretende ter a sua RTP Açores para poder mostrar o que bem lhe interessa, para poder fazer campanha contra o PSD Açores, para poder atacar Cavaco Silva como o fez no Estato dos Açores e, no fim, serem todos os portugueses a pagar a conta.
Caro Carlos César, se um qualquer português que more em Oliveira de Azeméis, Tortosendo, Loulé, Cascais ou qualquer outra terra de Portugal continental tem direito a 4 canais de televisão, porque é que nas regiões autónomas todos temos de pagar mais um canal público só para as populações verem notícias das suas vilas e aldeias?!
Para propaganda não, obrigado.

sábado, 27 de agosto de 2011

Já não ouvia tanta baboseira à volta de imperais desde a ultima vez que apanhei uma buba em Lisboa!
Louçã está na Eucaristia Vespertina e escolheu a terra natal de Américo Amorim para o fazer.

Um anúncio para calar a esquerda ou é mesmo para seguir em frente?!

Prefiro a primeira, e espero mesmo que seja apenas um anúncio.
Se recordarmos a primeira medida do segundo governo de Sócrates, foi a permissão do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Foi uma medida populista que serviu apenas para agradar a alguns (poucos) socialistas mais dados a minorias, uma medida votada com sorriso amarelo pelo PCP e que foi o júbilo do Bloco.
Esta semana assistiu-se a um anuncio a roçar muito o populismo, que seria uma tributação especial para ricos. Parece uma coisa dita por um partido que não tem intenção de chegar a Governo... mas é triste porque tal anúncio é lançado pelo próprio Governo.
O problema de uma tributação aos "ricos" começa pela própria definição de "rico".
É quem ganha muito?
Os prémios também entram nessa conta?
Quem ganha 500.000 € por ano é diferente de quem ganha 499.999 €?
As profissões de desgaste rápido, como os desportistas, que pagam menos IRS e a retenção na fonte é menor, também entram na categoria dos ricos ou serão apenas ricos de desgaste rápido e por isso não são contabilizados?
É quem tem muito património?
É património móvel ou imóvel?
Urbano ou rural?
Se for coleccionismo, temos avalistas especializados para as mais diversas áreas?
Se for património proveniente de herança e anteriormente tributado, como é?
São tantas dúvidas para as quais gostaria de ter resposta...
O que me entristece ainda mais no meio disto tudo é o aval dado pelo Presidente da República a tal medida e, ao que parece, vai ser mais uma tributação ao rendimento, deixando o património de fora.
De qualquer maneira, é mau, é péssimo.
Não concordo que seja sempre a classe média a pagar a crise mas isto também não se faz. Não estou a defender os ricos - não tendo sequer rendimentos ou património que me leve sequer a pensar ser um candidato a rico - mas para se chegar a um determinado nível de rendimentos, teve que ser merecido.
Se se mereceu, foi porque se estudou e trabalhou para que tal acontece-se; ou seja, estamos a falar, em princípio, de bons quadros, de bons dirigentes, gestores, advogados, médicos, juízes, etc..
Estamos a falar de pessoas que, pelo que auferem, entregam ao Estado 46,5% do que ganham, em imposto. Além disso, vivemos num país onde o IVA é de 23%.
Se a estes 46,5% de imposto formos somar mais outro imposto, quem tem vontade de trabalhar em Portugal? Quem tem vontade de viver num país onde se ganha mal e onde os que ganham menos mal têm que entregar 50% do seu ordenado?
De futuro as pessoas vão perguntar se valerá a pena estudar e esforçar-se, deixar de estar com a família para trabalhar?!
Caso esta medida avance teremos pelo menos um de três problemas: ou decresce o número de licenciados e jovens empresários, empreendedores de um modo geral.
Ou aumenta a emigração das elites portuguesas, amputando a todos um futuro melhor.
Ou as empresas baixam significativamente o salário dos seus melhores Quadros e Administradores e entregam-lhes um cartão Visa para todo e qualquer tipo de gastos, fugindo dessa maneira aos impostos.
Qualquer um dos casos é mau.
Será que esta medida altera alguma coisa? Será que é com esta medida que se resolvem os problemas da crise social, económica e financeira herdada dos socialistas?!
Não.
Apesar da minha simpatia para com este Governo e para com as medidas que tem vindo a tomar, digo claramente que esta é uma medida populistas, fazendo lembrar os discursos do Dr. Louçã.

P.S.: Apesar do que defendo, achei as declarações de Américo Amorim muito tristes. Mas, conhecedendo minimamente a história do empresário, não me surpreenderam.

Colectânea de musicas para enfrentar a crise - XLII

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Coisas de directos

O pivot do Telejornal da RTP1 pergunta a Paulo Dentinho, enviado especial para a Líbia, " acreditas que Kadhafi ainda esteja na cidade?".
Espanta-me que o jornalista não tenha respondido: " Já não está cá porque ele despediu-se de mim à porta do hotel e disse-me que ia jogar ténis para Tampa Bay! O resto da malta é que pensa que não!!!"

E se o nosso Primeiro ainda fosse o Sócrates...

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Qual o próximo?

Depois da Líbia - da Europa ter demorado 40 anos a perceber o que se passava na Líbia!!! - deveria seguir-se para a Síria, Etiópia, Ruanda... Ou será que não existem lá interesses estratégicos da França e Itália?

Colectânea de musicas para enfrentar a crise - XL

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Santana Lopes e a Santa Casa: o dinamismo que a instituição necessita

Aterrei há pouco em Portugal e deparo-me com a notícia que Pedro Santana Lopes poderá presidir à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
Uma notícia que poderá surpreender muita gente mas que a mim, por uma sucessão de factos que não vale a pena referir aqui, não me surpreende de todo.
Caso Santana avance para a presidência da instituição, penso que fará um bom trabalho.
Digo isto desprendido de tudo e todos já que nunca admirei o senhor - excepção feita naquela saída intempestiva do programa da SIC N - apesar de, e se calhar por causa disso mesmo, a par de Mário Soares, deverão ser os unicos em Portugal que abrem a boca para dizer uma série de bacoradas e têm 10.000 a bater palmas!
Voltando à Santa Casa, parece-me que Santana irá fazer um bom trabalho porque o marketing e o core business dos Jogos Santa Casa - porventura os maiores financiadores da Santa Casa da Misericórdia - têm que mudar. Santana é um homem capaz de impingir essa mudança.
Actualmente os Jogos da Santa Casa perdem terreno todos os dias face a um novo tipo de jogo: o jogo online.
Algumas pessoas de esquerda - as do PS porque quer PCP quer BE nunca gostaram muito da função misericordiosa da Santa Casa e muito menos do jogo -  e outras de uma direita mais conservadora vêm com maus olhos esta "nova aventura" online porque acham quase pornográfico o jogo financiar obras de caridade, obras junto de quem mais necessita, de cada vez mais famílias que se vêm em situações de vida muito complicadas.
Se não houver uma modernização dos jogos no formato tradicional de quiosque e não existir uma evolução para o online, as receitas decrescem e o dinheiro disponível para as ditas obras torna-se escasso.
Posto isto, urge a mudança e Santana será o homem capaz de a fazer.
Acabei agora de ler de rajada o livro de Cândida Pinto " Snu e a vida privada com Sá Carneiro". Estou lavado em lágrimas.

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Dúvidas que populam por aí

Agora que o subsidio para casais desempregados e com filhos vai ser aumentado em 10%, que vai existir uma bolsa de medicamentos para os mais carenciados e que se está a fazer um levantamento de casas e prédios abandonados para que possam ser recuperados e entregues a IPSS que, por sua vez, irão entregar a famílias carenciadas, como irão ser as críticas sobre a vontade do PSD acabar com o Estado Social?!

Título é uma designação atribuída a algo em razão das suas qualificações

Quando leio "Passos é bonito e gosto do corte de cabelo do das finanças", penso que se trata de alguma entrevista à Rita Pereira ou ao Castelo Branco, no mínimo. É um título digno de capa da Maria ou do Correio da Manhã.
Mas não. É mesmo o título de uma entrevista do Diário de Notícias a Maria Filomena Mónica.
Será que a socióloga - brilhante, não tanto como o marido mas com CV qb - mudou radicalmente o seu discurso?!
Também não.
O que se passa é que cada vez mais, por uma razão ou outra, os jornalistas tentam dar um ar cool desprendido e controverso a alguns entrevistados, sem olharem ao conteúdo do que é dito nem à posição e qualidade da pessoa com quem falam.
Enfim... 
Durante a campanha eleitoral muitos disseram ( se é que o que essa gente diz em campanha conta para alguma coisa!!) que o PSD iria acabar com o Estado Social.
Além desse Estado Social ter sido continuamente acabado pela pessoas que durante a dita campanha criticavam o PSD, seria bom, agora, ouvi-los dizer algo sobre o aumento de 10% no subsidio aos casais desempregados e com famílias numerosas.

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

" Reserva-se o direito de admissão"

Se um mísero boteco de uma qualquer aldeia modernaça tem um porteiro à porta para evitar que entre toda a gente, porque é que o Conselho de Estado também não tem um?!

terça-feira, 26 de julho de 2011

Programa atrás de programa, Alfredo Barroso mostra que gosta de bater em Teresa Caeiro.
Grave porque na maior parte das vezes o faz sem razão, parecendo cego.
Será que ainda não perdoou Francisco Sousa Tavares por o ter abandonado na bancada socialista?!

Dúvidas que populam por aí

Porque é que nós não vendemos as acções das Golden Share?!

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Ao cuidado de António José Seguro II

Hugo Chavez afirmou hoje que se recandidata à presidência da Venezuela.
Na sua cruzada anti-corrupção e afirmando-se como um puro ideólogo socialista, que ama ideais como a igualdade, liberdade e fraternidade, António José Seguro deverá afirmar publicamente que Chavez não se deveria candidatar e deveria ser julgado pelos crimes que tem cometido.

Ao cuidado de António José Seguro

  • Emaudio
  • Face Oculta
  • Freeport
  • Operação Furacão
  • Fundação para a Prevenção e Segurança,
etc.etc..
Bem sei que o "meu partido" também tem os seus casos mas é melhor Vossa Excelência começar a tratar dos "problemas" socialistas antes de se dar a entender como um arauto anti-corrupção.
Certamente que o conhecimento que tem do "aparelho" socialista e do seu modus operandi lhe dará alguma vantagem!

Colectânea de musicas para enfrentar a crise - XXXVIII

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Dúvidas que populam por aí

Já passaram 30 dias da tomada de posse e não houve festa?!
Uma das coisas que me faz impressão na política(?) é o constante ataque às pessoas de bem, promovido por chico-espertismo bacoco.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Travelling - de viajante de luxo a refugiados

Falar da Europa é, sobretudo, falar de Monet e Schumann numa primeira fase e Kohl e Delors na segunda. Não se pode dissociar o trabalho dos "segundos" com os dos "primeiros" e vice-versa.
A Europa foi sendo construída para ser uma comunidade económica, forte e coesa, capaz de combater o poderio económico dos Estados Unidos do pós-guerra.
Nunca foi uma força política por si só já que estava num enclave entre o ocidente livre e liberal e um oriente nebuloso e repressivo; nunca foi uma força política por si só porque vivia o trauma do imperialismo alemão e a sombra da esquerda radical, que assombrava a paz e poderia levar a um terceiro conflito indesejado.
Sempre foi um espaço de paz social, sendo um dos desígnios básicos da comunidade europeia a melhoria das condições económicas dos países que a compunham para que as suas populações pudessem viver num mundo melhor. Pelo menos a curto prazo, no imediato.
Assim foi a Europa, a CEE, constituída por 15 países, do Mediterrâneo ao Árctico.
Outra fase veio, com muita indefinição, que foi a Europa de Romano Prodi.
Foi uma Europa de preparação para o Euro, de preparação para uma abertura a leste.
Foi uma Europa onde a indefinição política se acentuou com a divisão dos países sobre o apoio ou não aos Estados Unidos pós 11 de Setembro, depois de uma década de confronto económico com o país de Clinton. Os interesses da Elf-Total e a quase sempre tentativa alemã de não tomar parte de conflitos armados, em contra-ponto com os interesses britânicos e uma Espanha a querer mostrar-se ao mundo, tiveram o condão de encostar Prodi junto de um buraco negro para onde ele saltou.
Saiu um líder e entraram três: Merkel, Sarkosy e Durão Barroso.
Durão Barroso, delfim de Delors, era o homem em quem se depositava a confiança de devolver dignidade à Europa e que fizesse jus ao trabalho iniciado pelos seus fundadores.
Vindo de um país pequeno, um país que à data já apresentava graves problemas económicos, estando do lado dos " derrotados" do Iraque face aos acontecimentos posteriormente conhecidos, Durão Barroso, o líder de que muito se esperava, sucumbiu aos pés dos poderosos do costume. Tristemente sucumbiu torcendo, não sucumbiu quebrando.
Actualmente vivemos numa Europa dividida entre muito ricos e muito pobres, uma Europa extensa, onde qualquer país europeu - excepto a Albânia - poderá almejar entrar, uma Europa onde a língua franca é o alemão.
Vivemos uma Europa onde o crescimento económico e a qualidade de vida dos povos europeus já não interessa, face aos interesses da Alemanha, da França e dos países do Norte.
Vivemos uma Europa em que porventura o imperialismo bélico foi substituído pelo imperialismo económico e onde "os bons" perderam a guerra.
Será que a Alemanha está a agir de forma incorrecta? Perante o seu povo e as dificuldades que este atravessa, não. Perante os seus parceiros europeus, sim.
O crescimento alemão ( e francês) dos últimos anos foi feito à custa das economias periféricas com uma estratégia e três processos. A estratégia foi tornar a Alemanha e a França como quase os únicos países europeus capazes de produzir no sector primário, secundário e terciário, deixando para os outros apenas o turismo e os serviços. A longo prazo, é a melhor forma de subsistência, e aquela gente pensa a longo prazo, a um prazo suficiente extenso, capaz de ficar marcado na história!
Os processos foram: pagar aos países mediterrânicos para não cultivarem e não pescarem.
Aprovar leis ambientais quase impossíveis de cumprir, fechando muitas pequenas e médias empresas. As grandes, muitas delas alemãs e francesas mas também as inglesas deslocaram a produção para a Ásia onde ambiente é apenas uma palavra no dicionário.
Ter uma moeda única forte, tão forte como o marco e o dólar, capaz de fazer com que os pequenos países europeus passassem a ser o parque de diversões alemão e onde não é necessário pagar bilhete porque a porta está escancarada.
Será que a Alemanha age correctamente? Será que o povo alemão não deveria ser condescendente com quem lhe permitiu ter este crescimento? Deveria.
Cavaco Silva defendeu a desvalorização do Euro; Júdice defendeu a saída da Alemanha do Euro, por forma a esta ter o marco forte e valorizado e para que os outros países tenham uma moeda suficiente estável mas que permita aumentar as exportações para todo o mundo.
Assim se poderá salvar a Comunidade Europeia.
Assim se poderá salvar um potencial ataque da bacia sul do Mediterrâneo, de milhões de jovens que vão da Turquia a Marrocos que não têm nenhuma perspectiva de terem uma vida decente nos seus países e que a curto prazo poderão desembarcar nas costas de Itália, Espanha e Portugal.
Assim se poderão estabilizar os mercados, quer os de empréstimo quer os bolsistas.
Assim se poderá caminhar para uma CE mais justa e digna, para um " palácio que já foi e poderá voltar a ser".

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Prioridades açorianas

O Governo Regional dos Açores paga os salários de uma SAD, mas depois não tem dinheiro para realizar uma intervenção arqueológica que poderá mudar o entendimento da história mundial e atrair um novo tipo de turismo à Região Autónoma, sendo uma nova fonte de receitas.
A propaganda consegue cada coisa... 

e sobre o debate no PS

"Um dos sinais mais confrangedores do nosso estado de coisas é o actual debate no PS. É isto que o principal partido da oposição tem a dar como debate após a crise que o tirou do poder? Nada, rigorosamente nada. Junto disto uma Universidade de Verão da JSD parece Oxford, Yale, Cambridge e Harvard juntos.
Podem-se encontrar mil e uma razões para falar da “prisão” argumentativa do PS pelo acordo com a troika, mas isso é o menos válido dos argumentos porque, não só esse acordo ganha e muito em ser discutido, como, penso eu com certa ingenuidade, continua a haver mundo depois da troika. É verdade que penso que Assis é diferente de Seguro, um produto estandartizado da máquina de produção das “jotas”, o que aliás não é, nos dias que correm, má carreira. Mas ela tem o Principio de Peter inscrito na sua génese e, mais cedo ou mais tarde, ele revela-se com todo o esplendor. Quanto a Assis, que eu conheci ainda Presidente da Câmara de Amarante a querer ir mais longe no debate então consentido – por exemplo - organizou comigo e com Sottomayor Cardia um debate então “proibido” por todas as ortodoxias sobre a abertura da televisão à iniciativa privada, - precisa de ter adversários à altura. É aí que a solidez da sua formação política ultrapassa a retórica das suas palavras, que também não é por si só defeito num tempo em que dominam os soundbites. Então Assis aparece como pensando a política sem deixar de a fazer, uma excepção aos tempos de espectáculo rasteiro em que vivemos.

O deserto de ideias que Sócrates deixou não é de agora. O deserto de ideias vem de Guterres e já fez surgir, da areia seca, Sócrates. Este por sua vez empenhou-se a sério em manter a ecologia de onde tinha nascido, como último arbusto espinhoso num mar de areia. Compreende-se. Agora, a actual disputa interna acaba por representar mais um passo nessa desertificação da desertificação, uma vaga palração inócua e genérica que não move ninguém, nem interessa a ninguém. É como se estivessem a ler uma lista telefónica.
No debate sobre o partido Seguro fala de uma vacuidade, a necessidade de “refundar o PS”, coisa que ninguém sabe o que é e que, se existisse, mesmo em embrião levaria Seguro à mais ignominiosa derrota da história do PS. Quanto a Assis, como aparece como o underdog, vai mais longe e propõe um sistema à americana de eleições internas abertas a eleitores registados, para tentar escapar ao controlo aparelhístico que favorece Seguro. È uma proposta que vale a pena discutir, e em que já acreditei mais do que acredito. Mas, insisto, merece discussão e é a única coisa de diferente que surgiu neste debate.

COMBATER O APARELHISMO

Já tive a ilusão que os mecanismos de proximidade e o alargamento da base eleitoral eram condições para diminuir o poder crescente dos aparelhos de gestão de carreiras que tomaram o PS e o PSD. Hoje sou mais céptico e menos entusiasta dessas fórmulas, porque infelizmente, tudo é demasiado pequeno em Portugal. A regra de que todos somos primos uns dos outros, é uma praga em Portugal.

Não é difícil ao aparelho alargar o controlo para universos eleitorais mais vastos a nível local e regional, e aí ganhar um acréscimo de legitimidade que está longe de ser inócuo nos seus efeitos. Mas admito que, se o universo eleitoral for de facto muito amplo e com base nacional, talvez haja aí uma vantagem. Porém outro risco pode manifestar-se que é deslocar a eleição partidária para o terreno mediático e, se bem que isso possa fazer melhor corresponder a vitória eleitoral interna ao sentimento do eleitorado, pode também reproduzir as perversões espectaculares para o interior dos partidos. Mas admito que possa haver uma experiência nesse sentido.

Há outro caminho, mais difícil e menos popular, mas cujo mérito se pode medir pela oposição dos aparelhos à sua aplicação. Refiro-me a medidas como aquelas que Rui Rio introduziu no PSD quando do chamado processo de refiliação, e que ficaram pelo caminho devido às enormes resistências que geraram. Algumas eram tão simples como os mecanismos de fiabilidade no pagamento das quotas, de modo a garantir que estas não eram (não sejam) pagas colectivamente por caciques das secções. E outras para dificultar o papel dos sindicatos de voto, implicando regras quando ao direito de voto, elaboração de cadernos eleitorais, controlo das eleições, etc., etc. Também não são eficazes a cem por cento, mas melhoram muito a ecologia eleitoral."

José Pacheco Pereira

Colectânea de musicas para enfrentar a crise - XXXVII

Dúvidas que populam por aí

Onde andou Mário Soares nos últimos tempos?! Sem me querer alongar muito, nos últimos 6 anos?

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Breve explicação para socialista ver ou o manual anti-Seguro

Muitos se espantam do porquê das pessoas do Governo se mostrarem indignadas pelo actual corte do ratting português e, quando cortes idênticos foram efectuados durante o Governo de Sócrates, achariam perfeitamente normal.
Não são só as pessoas do Governo português que se mostram indignadas mas quase toda a comunidade europeia, desde o Presidente da Comissão, Durão Barroso, ao Ministro das Finanças alemão ou à ex-Ministra das Finanças de França e actual Presidente do FMI.
Existe este espanto e indignação porque neste momento, e ao contrário do passado recente português, as agências não têm razão para efectuar tal corte já que é bem visível o esforço de todos para se alcançar as metas impostas pelas entidades externas.

terça-feira, 5 de julho de 2011

A minha terra!
É disto que, mais ou menos e com a devidas ressalvas, Mário Soares falou ontem, certo?

O Iceberg RTP

"Na campanha eleitoral do PSD, a privatização da RTP era apresentada como medida emblemática. Não posso deixar de saudar tal proposta que defendo há mais de dez anos, e que tem conhecido um destino sinuoso dentro do PSD. Cavaco Silva era hostil à privatização, e só com Marcelo de Sousa é que tal proposta foi aceite dentro do PSD. Logo a seguir, Durão Barroso manteve-a de forma mitigada, mas, mal chegou ao Governo, abandonou-a de imediato. Pior ainda, deu à RTP o que ela sempre quis: atribuiu-lhe uma indemnização compensatória pelo "serviço público" a que a esquerda bate palmas ainda hoje.


Conheço de mais todos os argumentos que justificam a existência de um sector público de comunicação social, em particular por comparação com outros países europeus, assentes numa justificação histórica que perdeu muito do seu sentido, e em exemplos e em contextos muito diferentes. Se alguém pensa que a RTP é a nossa BBC, nem conhece a BBC, nem as controvérsias sucessivas que o seu controlo político tem suscitado. Não há país em que haja televisão pública em que não haja também uma contínua controvérsia sobre o seu papel, e em que os argumentos em sua defesa não sejam estatistas, seja em versão de esquerda, seja de direita.

Outra coisa é ter ou conceber a existência de um "serviço público" de comunicação que pode e deve ser concertado com os operadores privados, pode implicar linhas de financiamento no âmbito da cultura, ou dos negócios estrangeiros (a função da RTP África é geoestratégica), e que necessita de ser definido sempre de uma forma minimalista. Foi, aliás, a defesa deste "serviço público mínimo" o teor da minha primeira intervenção parlamentar em 1987 e, como já escrevi, há muito anos, o serviço público é uma coisa, os canais públicos são outra.

A presença do Estado na comunicação social é muito vasta e está longe de poder ser reduzida apenas à RTP. O sector Estado inclui no sector de televisão, quer em sinal aberto, por cabo ou online, a RTP1, RTP2, RTP Madeira, RTP Açores, RTP Internacional, RTP África, RTPN, RTP Memória e RTP Mobile. Na rádio inclui, quer em sinal aberto ou online, a Antena 1, Antena 2, Antena 3, RDP Internacional, RDP África, RDP Madeira-Antena 1, RDP Madeira-Antena 3, RDP Açores-Antena 1, Rádio Lusitânia, Rádio Vivace, Rádio Antena 1 Vida, Antena 3 Rock, Antena 3 Dance, Antena 1 Fado. Tem igualmente uma participação maioritária na Lusa. Em bom rigor deveria acrescentar-se a esta lista os órgãos de comunicação social detidos ou participados pelos governos regionais e pelas autarquias. Não existe também qualquer definição explícita e clara do que é o serviço público, nele cabendo desde o futebol, os concursos, espectáculos musicais, telenovelas, música rock, programas de variedades, e pelos vistos, o Preço Certo. Isto significa que o Estado detém o maior grupo de comunicação social português.

O financiamento deste sector público na comunicação social foi nos últimos anos mais vultuoso do que o de qualquer empresa pública. A RTP é financiada essencialmente por fundos públicos com origem quer na Indemnização Compensatória quer pela Contribuição Audiovisual, que se paga junto com a electricidade. Cegos e surdos pagam a Contribuição Audiovisual, mesmo que não vejam televisão ou ouçam rádio.

Entre 2003 e 2009, a RTP recebeu do Estado cerca de 2000 milhões de euros, o que dá cerca de 300 milhões por ano. Em 2010 recebeu 308 milhões de euros, muito mais do que recebe a CP, a Carris, a STCP, o Metro, a Refer, todos os teatros nacionais e todas as indemnizações compensatórias nos transportes locais, regionais, de barco, camionagem, avião, etc. (valores da Resolução do Conselho de Ministros n.º 96/2010). Só a RTP recebeu em 2010 mais de cinco vezes o que recebeu a CP.

Ora, quer no programa eleitoral, quer no programa de Governo, a fórmula relativa à privatização da RTP é muito ambígua, como aliás é, por derivação, a fórmula quanto à rádio. No programa do PSD diz-se que "o universo de rádios da Antena 1, 2 e 3 seguirá os mesmos princípios gerais a aplicar à RTP"; e no programa do Governo está "a Antena 1, 2 e 3 seguirá os mesmos princípios gerais a aplicar à RTP." O único caso em que a decisão de privatização é clara é a Lusa, embora a fórmula vaga "momento oportuno" também aqui esteja.

Voltemos à televisão. No programa do PSD diz-se: "Ir-se-á proceder, em momento oportuno, à alienação ao sector privado de um dos canais públicos comerciais actuais. Quanto ao outro canal, hoje comercial, ficará na esfera pública e será essencialmente orientado para um novo conceito de serviço público." No Programa do Governo há uma outra fórmula: "O Grupo RTP deverá ser reestruturado de maneira a obter-se uma forte contenção de custos operacionais já em 2012 criando, assim, condições tanto para a redução significativa do esforço financeiro dos contribuintes quanto para o processo de privatização. Este incluirá a privatização de um dos canais públicos a ser concretizada oportunamente e em modelo a definir face às condições de mercado." Em ambos os casos há uma fórmula que implica apenas a privatização de um só canal, o que levanta o problema de se saber se esse canal é a RTP1, o único caso em que tem sentido falar de "privatização da RTP" como medida com significado político. Se for a RTP2, tudo permanece na mesma em termos da presença do Estado, ou seja, não há verdadeira privatização da televisão.

Porém, quando se lêem os dois programas a diferença vai mais longe. No programa do PSD um canal comercial (RTP1 ou 2) será privatizado, o outro será "orientado para um novo conceito de serviço público", o que não se sabe muito bem o que é. No Programa do Governo um dos canais públicos será privatizado (admito que "público" aqui significa em sinal aberto, porque a RTP África, RTP N, RTP Memória são também canais públicos) e não se diz nada sobre o destino do que sobra. Em ambos os casos o tempo é o "oportuno" (tempo bem menos preciso do que o de outras privatizações), mas acrescenta-se "em modelo a definir face às condições de mercado", e aqui é que está a frase- chave que não aparece no programa eleitoral e que muda tudo.

Sabemos o que aconteceu entretanto, embora se esteja longe de saber tudo. Sabemos que os donos da SIC (declaração de interesse, participo em dois programas da SIC) e da TVI, afirmaram com veemência que a privatização de um canal aberto da RTP criaria uma situação de falência no sector, dada a escassez da publicidade gerada pela crise, tornando "impossível" a viabilidade de três canais privados. Sabemos também que os grupos de comunicação social que não têm televisão ligados à Ongoing e à Cofina pretendem o novo canal. Aparentemente a fórmula "face às condições de mercado" significa que a posição e os interesses da SIC e da TVI foram tomados em conta e que, como "as condições de mercado" não vão mudar tão cedo, também não haverá privatização da RTP, naquilo que conta, a RTP1.

Existe uma outra alternativa, o fim do sector de comunicação social do Estado, por pura extinção. Isso implica definir com toda a clareza o serviço público a contratar e a multiplicidade das suas novas "encomendas", e defender os direitos dos trabalhadores. Não percebo que um Estado que fecha hospitais, permite a morte lenta dos Estaleiros de Viana, que, no fundo considera normal, e não possa acabar com a RTP se entende que as "condições de mercado" não permitem a sua privatização, o que aliás ainda está por demonstrar.

A razão principal pela qual defendo o fim da RTP e de todo o sector público de comunicação social tem sido sempre a mesma: não cabe, dentro do que entendo serem funções do Estado, ter órgãos de comunicação social. A questão dos custos e o papel perverso de órgãos de comunicação social com comando político é igualmente relevante, mas para mim o que é essencial é considerar que não há nenhuma razão para o Estado ter órgãos de comunicação social numa sociedade aberta e livre, em que existem grupos privados de comunicação social, mesmo no sistema de competição imperfeita actual. Agora, que toda a gente usa o qualificativo liberal a torto e a direito, aqui tem uma genuína posição liberal, liberal de liberdade."

José Pacheco Pereira, (Versão do Público, 3 de Julho de 2011.)