sexta-feira, 14 de maio de 2010


Infelizmente, vivemos uma situação sócio-económica bastante grave, única para grande parte das pessoas porque, ao contrário de outras crises, nesta não há espaço de manobra, não há o forro da conta-bancária, não há um quintal de subsistência.

Vivemos numa época de grande dificuldade e uma coisa que me custa imenso é ouvir pessoas dizerem, jocosamente, que se vive bem porque ainda se vai ao café, há filas no trânsito, etc. etc..

Vamos ter todos que contribuir para a retirada da crise mas até parece que estamos nela devido a pequenos luxos a que nos fomos habituando e que agora os querem retirar ou tributar. Até parece que a crise é devida aos portugueses quererem viver um pouco melhor, não na exuberância, apenas um pouco melhor do que viviam antes de 1986.

Estamos afundados num buraco devido a más políticas, maus investimentos, feitos por governantes que se passeiam como se nada fosse.

Estamos afundados devido a 10 estádios de futebol, a uns submarinos, a um TGV, a uma crise política em torno do BPN criada e subsidiada pelo governo.

Estamos afundados devido a más decisões de uns quantos governantes que, excepção feita a Sousa Franco, por morte, e a Manuela Ferreira Leite, por escrutínio, se passeiam impunemente pelo governo e pelas grandes empresas.

Estamos afundados e todos temos que ajudar. Eu ajudo, de livre e espontânea vontade ou por obrigação fiscal, ajudo. Ajudo eu e ajuda toda a classe média e baixa, que remédio!

Com todo este esforço, por favor, um pouco de respeito!

Num período como este, não coloquem um bobo a anunciar medidas de austeridade ao país; não coloquem um homem cujo CV não chegaria para ser Secretário de Estado a dizer ao país que há subida do IVA nos produtos de primeira necessidade e que a coca-cola também está lá. Isto é gozar com quem verdadeiramente sofre com a crise.

Comecei o texto dizendo que vivemos uma crise sócio-económica. Económica por razões óbvias, social porque não acredito que a paz se mantenha.

Digo isto com grande mágoa porque penso que os planos de combate à crise, focando essencialmente aumento de impostos e não a redução da despesa, irão provocar uma grande instabilidade social, seguida de uma fricção de classes, de quais poderão surgir problemas graves de segurança.

Não me admiraria nada que houvesse um aumento da pequena criminalidade com pequenos furtos na rua, no comércio, na banca. Não me admiraria nada que grupos organizados tentassem impor a sua lei nos bairros mais degradados dos nossos centros urbanos e seus subúrbios. Não me admiraria nada que houvessem confrontos nos centros das cidades.

Vendo de fora, Portugal está entregue à bicharada, a um eixo S.Bento - Rato que se auto-elogia, que acha que as medidas tomadas em Portugal sempre foram óptimas mas incompreendidas pelos alemães.

Vivemos num período de austeridade e temos um Primeiro Ministro que fala do IVA da coca-cola, numa tirada mal amanhada de humor de quinta classe, chamando os portugueses de burros.

Este foi o país que construímos; espero que ainda vamos a tempo de o salvar.

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