sexta-feira, 25 de novembro de 2011

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

"Oscar da impunidade"

" Otelo Saraiva de Carvalho (OSC) disse, em entrevista recente, que "ultrapassados os limites (os militares deveriam) fazer uma operação militar e derrubar o Governo". Marques Júnior, outro capitão de Abril, tratou de rejeitar a ideia, garantindo não haver condições para os militares fazerem um golpe. O "establishment" político menosprezou a importância essa declaração e o assunto foi selado por Marcelo na sua homilia dominical.
Será que ninguém leva a sério as bravatas de OSC? Ora, a sua história mostra que ele constitui uma ameaça. Foi ele o chefe do COPCON que, em 1975, procedeu a inúmeras detenções arbitrárias, assinando mandados de captura em branco, de tal forma que em finais de Março desse ano havia mais presos políticos, da extrema-esquerda à direita, do que no dia 24 de Abril de 1974. Presos esses que nunca foram acusados de nada e que foram sujeitos a tortura e sevícias, como consta de um relatório elaborado por pessoas acima de qualquer suspeita. No 25 de Novembro, esteve do lado dos derrotados, e foi detido por essa razão, para logo ser libertado. Depois, e apesar disso, pode concorrer às eleições presidenciais e, perdida a batalha, optou por se travestir de Óscar, e liderou uma organização terrorista, as FP 25 de Abril, que foi responsável pelo assassinato de dezassete pessoas inocentes. Por esse crime foi preso, julgado e condenado em tribunal, apesar de traído os seus camaradas, fingindo que nada tinha que ver com a organização. Mais uma vez, foi libertado, sem nunca se mostrar arrependido, por obra e graça de uma amnistia vergonhosa. Anos mais tarde, foi promovido retroactivamente, com uma indemnização de 49800 euros, muito superior à que receberam as famílias das vítimas das FP-25.
Não acredito que haja 800 militares (os tais que, segundo ele, poderiam fazer um golpe de Estado) dispostos a seguir a sua sugestão, ou a marchar com ele. Os militares têm o direito de se manifestar ordeiramente mas, no mais, sabem que devem ficar pelos quartéis, porque Portugal é uma democracia. Ainda assim, OSC não pode ser descartado como se fosse um qualquer indigente mental, nem ter um estatuto de eterna impunidade por ter participado no 25 de Abril. Também não se pode tomar a sua declaração à laia de um desabafo. OSC nunca foi um democrata, e odeia a liberdade. A sua participação no 25 de Abril teve, como móbil, razões corporativas. Mandou no COPCON porque queria submeter o país à sua ditadura. Envolveu-se num golpe de Estado contra a liberdade, e perdeu. Fez parte de um grupo terrorista e nem sequer teve coragem para o assumir. Foi libertado, e nunca pediu perdão. Vive tranquilo, com uma reforma maior do que a que recebem 95% dos reformados deste país.
Ora, em democracia, esse sistema que ele abomina, a lei deve ser cumprida por todos, e o seu acto pode configurar o crime de "instigação pública de um crime", previsto no artº 297º do CP. De facto, OSC poderá ter instigado o crime de "alteração violenta do Estado de Direito", previsto no artº 325º do CP, o qual no seu número 1 refere que "quem, por meio de violência ou ameaça de violência, tentar destruir, alterar ou subverter o Estado de direito constitucionalmente estabelecido, é punido com pena de três a doze anos".
Em memória das vítimas das FP-25 de Abril, do meu Pai, cuja história é narrada em pormenor no relatório das sevícias, e que foi um dos muitos que foram presos e seviciados sem que nunca tenha sido acusado de qualquer crime, em homenagem à instituição militar que não merece ser confundida com OSC e quejandos, a bem dos meus filhos que, espero, possam continuar a viver em liberdade, exijo que este assunto não fique esquecido. Não me conformo com o encolher de ombros do procurador-geral da República. Se Portugal tinha alguma dívida com OSC, já a pagou muitas vezes. Agora, devia ser a hora de esse senhor se sentar no banco dos réus para, por uma vez, perceber que não é mais do que os outros portugueses. É, aliás, e a meu ver, bastante menos do que qualquer cidadão comum. "

Rui Moreira, in Jornal de Notícias, 2011-11-20

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Ainda há Homens com coragem...

... resta saber se vão estar sozinhos nesta luta, ou não.

Uma máquina de calcular para Seguro

Há tempos escrevi o que pensava sobre o impostos sobre os rendimentos dos ricos.
Não me querendo alongar muito mais com essas explicações, gostaria apenas de oferecer uma máquina de calcular a António José Seguro e aos seus consultores financeiros, senão vejamos: com o actual pedido de alteração ao IRS dos mais ricos, uma pessoa que ganhe 500.000 euros anuais paga ao estado 250.000 euros em imposto, ficando com os outros 250.000.
Quem ganhar apenas 499.000 euros paga ao estado 232.035 euros, ficando com 266.965!
Porque mesmo entre os liberais, a liberdade não é bem aceite.
"As dificuldades existem e têm de ser enfrentadas. Mas vale a pena enfrentá-las e ganhar força para as ultrapassar. Trata-se também de uma oportunidade para fazermos as coisas de modo diferente para futuro. Estaremos não apenas a corrigir erros do passado mas sobretudo a construir uma perspectiva de futuro bem mais digna para os nossos filhos e para nós próprios", escreve Pedro Passos Coelho.
Tristes são os tempos que se aproximam; necessários, mas tristes.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

aos olhos, perfeito

O mundo é cheio de imperfeições: estéticas, éticas, de forma ou de conteúdo.
Vivemos num mundo plural, uma "salada russa" que se apresenta aos nossos olhos e onde a batata amarela e cortada aos cubos, sem graça, até tem piada quando misturada com a cenoura, as ervilhas e a pescada, envoltas na maionese.
É um olhar por esse mundo, de pequenas imperfeições, que vos quero transmitir.

sábado, 5 de novembro de 2011

A salvação italiana

Berlusconi é, há muito, um líder a prazo.
Escândalos atrás de escândalos não o conseguiram demover do poder, sobretudo, porque não existia ninguém - Romano Prodi provou-o várias vezes - capaz de obter os apoios políticos e populares italianos suficientes para lhe dar um governo.
Hoje é diferente: Berlusconi admitiu que falhou, ao chamar "um polícia" para lhe verificar as contas.
Hoje é diferente: Luca Cordero di Montezemolo aparece como um putativo candidato a Primeiro Ministro.
Luca Cordero di Montezemolo é um príncipe amado pelos italianos por todo o seu trabalho em prol de Itália e do orgulho italiano.
Foi "ajudante de campo" de Enzo Ferrari e, mais tarde Presidente da mais significativa marca italiana. Foi o responsável pela contratação de Jean Todt,  Michael Schumacher e Ross Brawn para a equipa de F1, dando à marca italiana cinco títulos de piloto consecutivos, depois de vinte anos em jejum, e oito títulos de marcas, depois de quinze anos em jejum.
O seu sucesso na Ferrari levou-o ao topo do Grupo Fiat, encetando uma recuperação financeira há muito desejada, recuperando a Maserati e a Lancia, colocando todo o grupo a vender mais e melhor, desde a gama baixa até aos superdesportivos. Teve que despedir funcionários para recuperar as empresas, contratando-os novamente quando as vendas aumentaram.
Montezemolo é um príncipe amado pelos italianos, com muita obra feita, capaz de colocar Itália no rumo que sempre lhe conhecemos.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Os gregos podem andar doidos... mas não muito diferente da doideira que foi a aprovação do Tratado de Lisboa, decidida pelo eixo Berlim-Paris,ameaçando a independência dos estados, e sem o referendo previsto.