quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Seis meses e um novo rumo


Fez ontem seis meses que o actual Governo tomou conta dos destinos da nação. Um dia sem a pompa e circunstância de outros tempos, em que a palavra crise foi a palavra mais usada.
Há pessoas que falam do actual governo como se ele governasse há dez anos e há outras que pensam que como é o PSD a governar, está tudo bem.
Nem tanto ao mar nem tanto à terra mas de uma coisa tenho a certeza: estamos bem melhor agora do que estaríamos se o PS de Sócrates continuasse a governar.
O actual Governo comete erros, toma opções erradas, tem acções que não são bem explicadas. Era bom que assim não fosse.
Mas, no entanto, só o fazem há seis meses, não o fizeram nos últimos seis anos. Esta é a grande diferença e que todos devem respeitar, especialmente o PS.
Fazendo uma avaliação ao Governo de Portugal, está a fazer o possível numa altura de crise financeira, económica e social.
Vítor Gaspar apresenta-se como o homem certo no devido lugar à hora exacta. Por muito que isso nos custe a todos, pelo empobrecimento à força a que estamos a ser sujeitos, o Ministro das Finanças está a redireccionar as finanças de Portugal para que dentro de algum tempo(?) possa voltar a haver investimento no país para que não se caia num marasmo.
Paulo Portas anda pelo mundo " assumindo as dores" do AICEP decapitado, fazendo os possíveis e impossíveis para colocar as empresas portuguesas a vender mais, estabelecendo acordos bilaterais e projectando a imagem de Portugal. Portas faz aquilo que Luís Amado tentou fazer e não conseguiu.
Para a economia falou-se de dois homens ligados ao CDS: Pires de Lima e Lobo Xavier.
Veio outra pessoa capaz de gerar consensos entre todos. Álvaro Santos Pereira aterrou em Portugal com excelentes ideias expressas em livro mas que não funcionam.
Não se pode pedir que os trabalhadores estejam mais trinta minutos no local de trabalho e, ao mesmo tempo, se reduza em algumas ligações de transportes públicos e se encerrem linhas. Como é que as pessoas se deslocam para casa ao fim do dia?
No Ministro que veio do frio do Canadá para um país à beira mar plantado faltam estratégias, faltam ideias, falta dialogar com patrões e sindicatos.
Por exemplo, quando se decide que os trabalhadores devem estar a trabalhar mais meia hora por dia, seria bom ouvir primeiro a CIP, AEP e CGTP, as pessoas que andam no terreno e conhecem a fundo a realidade das empresas e indústrias portuguesas para se saber se realmente faz sentido tal medida e a que preço. Se uma empresa não tiver encomendas, o que ficam as pessoas a fazer mais meia hora?!
Ou quando se faz manchete que Portugal pode lucrar com o turismo, não deverá uma barragem e meia dúzia de ventoinhas poderem acabar com uma paisagem única no mundo e uma linha férrea tirada das páginas de um livro, que deram a classificação de património mundial da humanidade ao Alto Douro. O que irão ver os turistas? Logótipos da China Three Gorges ?
No mesmo caminho de Santos Pereira está Assunção Cristas. Da super-ministra esperava-se muito mas pergunto, só a título de exemplo, e único, onde está a nova lei do arrendamento urbano?!
Os outros ministros vão governando ao sabor do vento: não há dinheiro para a Defesa e para a Educação, é necessário cortar na Saúde.
Os primeiros seis meses de Governo são feitos de altos e baixos, na tentativa de se recolocar Portugal no caminho do desenvolvimento.
Mas se o Governo governa aos altos e baixos, a oposição custa a sair do chão onde aterrou.
Como exercício de análise, experimentem retirar as palavras " Sócrates" e " Troika" ao discurso político. O que encontram?!
Se o Governo faz recurso a elas para justificar parte do que tem que fazer, poderá ser considerado normal, dadas as circuntâncias.
E a oposição?!
Retirem essas mesmas palavras dos discursos da oposição e ficam sem nada.
Neste momento em Portugal não há política, não há confronto de ideias e a história diz-nos que só há crescimento quando da faísca de ideias opostas nasce matéria.
Este texto é um desabafo, uma forma de assinalar ( para mim) a passagem dos seis meses de governação.
Ainda faltam 42 meses até ao final desta legislatura e tenho esperança que Santos Pereira encontre o seu rumo, que Cristas consiga responder a todas as solicitações, que Vitor Gaspar cumpra com o prometido e que a partir de 2013 se consiga respirar mais um pouco, que Portas dê ao povo português a ambição que o levou a navegar pelo mundo em busca de melhores condições de vida e que Passos Coelho consiga centrar em si o melhor da política, respondendo às necessidades de todo um povo.

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