quarta-feira, 9 de março de 2011

Fiquei a saber ontem que os " Homens da Luta" tinham ganho o Festival da Canção. Quando me disseram, foi com ar quase de revolta pela musica e eu, na minha ingenuidade, defendi os humoristas e o trabalho deles.

Lembrei-me de musicas fantásticas do Python e pensei que seria algo assim: musicalmente muito bom e com um perfeito sentido de humor. Na minha ingenuidade pensei que seria algo do género e que quem se insurgia contra a musica e o facto de eles terem ganho o Festival eram pessoas saudosas da TV a preto e branco e que aquela noite tinha um fervor especial.

Pois bem, enganei-me.

Vi agora a musica e a entrevista e senti em mim o asco das comemorações do 25 de Abril onde se vêm os sindicalistas a desfilarem pela Avenida da Liberdade, de braço dado, a cantar " Uma gaivota voava" e " A cantiga é uma arma contra a burguesia" e que, se os deixassem, Portugal tinha mergulhado numa ditadura Estalinista ou, no melhor dos casos e por sermos banhados por mar e termos excesso de sol, uma ditadura ao estilo latino-americano.

A melodia é medonha e a letra deixa muito a desejar!

Não me admiraria nada que venham aí os bloquistas do costume a dizerem que a musica é deles, não me admiraria, até, que a entoassem na Assembleia como fizeram com os Deolinda.

O que é triste é que esta musica e a dos Deolinda ( apesar dessa ter sentido estético e algumas verdades) visa especialmente a classe política, como se fosse possível viver sem ela; como se fosse possível aos dirigentes das esquerda chic manterem os seus cargos políticos se não existissem esses mesmos cargos. Ou se calhar até é possível, mas em ditadura onde a política é unicamente a voz do poder.

Não sou adepto de nenhum tipo de censura mas cabe ás pessoas terem o discernimento de avaliarem o que lhes é colocado na mesa e saberem se comem ou não.

Digo isto como um termo de comparação e vou dar dois exemplos, um recente e outro nem tanto, de pessoas que tentaram com o seu humor, a sua graça, fazer passar uma mensagem artística no meio político: Mário Viegas e Manuel João Vieira.

Qualquer um deles com muito mais piada, cultura, saber-estar, com sentido estético, poético e rítmico, sabendo desde sempre quais as suas posições e nunca se levaram a sério.

Foi este sentido estético, a falta de conhecimento histórico e a incapacidade de perceberem qual o seu verdadeiro lugar que fez com os " Homens da Luta" caíssem no ridículo de pensarem que poderão fazer uma revolução.
Mas o povo comeu!

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