sábado, 15 de setembro de 2012

Manifestação apartidária?!

Dentro de algumas horas, nas principais cidades do país, vão-se concentrar pessoas manifestando-se contra a Troika, exigindo a demissão de Passos Coelho, exigindo a demissão de toda a classe política e muitas outras coisas, numa autêntica verborreia.

 
Amigos meus, democratas, votantes em todas as eleições, vão estar presentes. Eu não. Em Março de 2011, numa manifestação idêntica, na altura contra Sócrates, também não participei.
Por muita razão que todos nós tenhamos em nos manifestarmos contra a Troika, contra as políticas deste Governo, existindo o direito à indignação e à manifestação, temos que escolher a altura e os meios para o fazermos.
Vamos ter manifestações, porventura com milhares de pessoas, onde vão estar democratas, amantes da liberdades, cumpridores dos seus deveres como eleitores, vamos ter a extrema direita, vamos ter a extrema esquerda, vamos ter sindicatos, grupos anarquistas.

 
Será uma amalgama de gente, idêntica à manifestação de Março de 2011, com a única diferença que sai a JSD e entra a JS.
Vai ser uma manifestação apartidária mas onde, certamente, vão estar presentes Francisco Louçã para a sua última grande aparição pública, João Semedo, Catarina Martins, Arménio Carlos.
Também vão estar presentes gentes da "cultura subsidiada", chic a valer - jornalistas, actores, músicos, artistas plásticos, etc. - que, em claro sinal de corporativismo ( esse que foi abolido com o 25 de Abril de 1974 e não consagrado na Constituição de 1975) com os seus colegas "artistas" da RTP, vão querer reinvidicar subsídios para a "cultura" e a manutenção da televisão do estado.
Segundo os organizadores vão ser manifestações apartidárias mas a comunicação social, muitas vezes em conluíu com os amigos, vai tratar de dar voz a  Francisco Louçã, João Semedo, Catarina Martins e Arménio Carlos.
 
Aí, em vez da ferocidade demonstrada para com alguns ministros, em vez de fazerem perguntas inteligentes e de acordo com o seus pensamentos, serão só "paninhos quentes" e "palmadinhas nas costas".
Podiam aproveitar estes momentos de grande manifestação popular e perguntar se nacionalizavam a banca, os seguros, a Galp, Portugal Telecom, Sonae, Jerónimo Martins e demais grandes empresas. Podiam perguntar se aplicavam uma taxa de 75%, ou mais, aos ordenados mais elevados. Podiam perguntar se nacionalizavam a comunicação social ou se simplesmente a censuravam. Podiam perguntar se taxavam os bens de luxo com 100%. Podiam perguntar se fechavam os estabelecimentos de ensino privado - desde o primeiro ciclo ao ensino superior. Podiam perguntar se abandonávamos o Euro. Podiam perguntar se se fechariam as fronteiras. Podiam perguntar se fechariam a Assembleia da República e mandariam para o exílio os ex deputados, ministros, secretários de estado do CDS, PSD e alguns do PS.
Nestas alturas, os jornalistas deviam perguntar tudo isto. Mas não. Limitam-se a colocar um microfone à frente e a transcrever tudo, sem escrutínio.


 
Por tudo isto, por muita vontade que teria em dizer "basta", não vou estar presente em nenhuma manifestação porque não quero fazer parte da "massa humana" que aparecerá nas televisões e nos jornais e que legitimarão as palavras dos líderes políticos radicais que vão estar presentes.

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