quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Azeméis com crescimento sustentado - IV

Para quarto e último texto sobre o crescimento sustentado em Oliveira de Azeméis, sobre as oportunidades criadas pelo poder político e a forma como os empresários oliveirenses as aproveitaram em prol do desenvolvimento local e a melhoria das condições de vida dos oliveirenses, ficou o turismo.
Desde os idos anos 90, com Alfredo César Torres como Secretário de Estado do Turismo, lançando a campanha " Vá para fora cá dentro", que Portugal começou a olhar para o turismo como uma indústria capaz de gerar receitas visíveis. Já existia essa experiência da época do Estado Novo mas só em locais muito específicos como o Estoril e a ilha da Madeira. O Algarve veio mais tarde, pelo rasgo de Cupertino de Miranda e André Jordan.
O que fez César Torres foi catapultar as capacidades turísticas de todo o país pois previa-se um intenso desenvolvimento económico nesta área específica. César Torres tinha a grande vantagem de, como ex-piloto de automóveis e como organizador das grandes provas automobilísticas em Portugal, como sendo o Rali de Portugal Vinho do Porto, conhecer o país de lés-a-lés, por carro, por estradas inenarráveis de tão duras que eram, mas que passavam por aldeias cristalizadas no tempo, por paisagens que hoje em dia são património mundial da humanidade e dando a conhecer a gastronomia das regiões.
Comecei por referir a visão de César Torres porque a podemos transpor para Oliveira de Azeméis e podemos facilmente observar que tudo aquilo que César Torres descobriu em Portugal e que foi capaz de dinamizar uma campanha, existe em Oliveira de Azeméis e, acredito, seja capaz de dinamizar os oliveirenses em torno da sua terra, potenciando a qualidade dos serviços e trazendo mais visitas de pessoas da região.
Oliveira de Azeméis tem actualmente um Parque Molinológico em Ul, onde os visitantes podem apreciar a beleza dos moinhos, aprender como se faz o famoso pão-de-Ul e provar esta iguaria juntamente com a regueifa. Além disto, Ul vai ser considerada Aldeia de Portugal.
No centro de Oliveira de Azeméis mistura-se, por exemplo, o traço do Arquitecto Siza Vieira, a presença milenar de um marco romano, a Galeria Tomás Costa e um stick de hóquei, edificado durante o Mundo de 2003 e que está no Livro Guinness por ser o maior do mundo.
No topo de Oliveira de Azeméis, uma capela em Art Deco, rodeada por árvores exóticas trazidas pelos emigrantes no Brasil: Muitas das árvores que florescem no Parque de La-Salette são únicas na Europa.
A Sudeste do concelho, em Palmaz, é possível caminhar pelas margens do Caima e, subindo até à freguesia de Ossela, deparamo-nos com a casa onde nasceu Ferreira de Castro.
A resposta hoteleira por todo o concelho é do mais alto nível, com o hotel rural em Palmaz, o hotel Dighton em Oliveira de Azeméis, e muitos restaurantes e tasquinhas, desde Loureiro a Cucujães, passando por Cesár, Cidacos, Ul, Fajões, Santiago, S. Roque e por aí fora...
Na gastronomia, além do pão e da regueifa de Ul, do queijo e da cerveja de Ossela, dos Beijinhos de Azeméis, Zamacóis ou os Formigos Cesarenses, o ex-libris são as Papas de S. Miguel, feitas de farinha de milho, nabiça e carne em vinha-de-alhos, tendo já uma confraria que honra e mantém a tradição deste prato típico.
Esta é a capacidade instalada do concelho de Oliveira de Azeméis, no que toca ao turismo.
No entanto, como promoção do concelho, por estratégia, por forma a dar voz a todas estas singularidades, há a aposta constante em eventos que potenciam as tradições.
Eventos como a Volta a Portugal em Bicicleta, o Mercado à Moda Antiga, Noite Branca, a transmissão de programas de grande audiência a partir de Oliveira de Azeméis, como sendo a Praça da Alegria e o Portugal no Coração, a presença do concelho na Bolsa de Turismo de Lisboa e em demais eventos relacionados turismo regional, como foi, por exemplo, a presença na loja do Turismo Porto e Norte, no aeroporto Francisco Sá  Carneiro, entre muitos outros.
Mais uma vez, aos oliveirenses, foram dadas ferramentas úteis para que possam desenvolver a actividade económica do turismo, com isso, valor e mais oportunidades de emprego.
No meu entender existem apenas duas lacunas que poderiam catapultar ainda mais o turismo oliveirense: a criação de um verdadeiro museu - regional ou em honra dos artistas locais como o Paulo Neves ou o Luís Darocha - e a melhoria da ligação a Espinho/ Porto através da modernização e optimização da linha do Vouga.
Termino como o fiz há dias: apesar da crise e das dificuldades, Oliveira de Azeméis tem gente audaz e trabalhadora, tem meios de desenvolvimento, ferramentas, que nos possibilitam olhar o futuro com esperança, numa perspectiva de consolidação económica e que trará melhores condições de vida a todos.

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