sexta-feira, 7 de setembro de 2012

" Há duas formas de fazer isto: assim ou por quem sabe"

"Há duas formas de fazer isto: assim ou por quem sabe" pode-se aplicar a mil e uma coisas, até à comunicação de hoje do Sr. Primeiro Ministro, quer na forma quer no conteúdo.
Começando pela forma, a exemplo da melhor escola socrática, é triste fazer-se uma comunicação com esta gravidade ao país, a meia hora de começar um jogo de futebol da selecção nacional.
Com isto, faz-se que a comunicação seja (mal) ouvida e, ainda mais importante, quando os líderes dos partidos da oposição, sindicatos e comentadores estiverem a falar, está o povo todo a ver a bola.
Ainda na forma mas abrangendo o conteúdo, eu ouvi repetidamente Passos Coelho a falar do grave problema do desemprego mas não ouvi nenhuma medida para o combater. Falou, mas ninguém ouviu.
Ou seja, quando se fala em combate ao desemprego, esperam-se ouvir medidas de combate ao desemprego e não foi isso que foi dito. O que foi dito foi que iria existir uma redução da contribuição das empresas para a Segurança Social. Ou seja, as empresas ( as PME e algumas grandes que estejam a passar dificuldades) vão ficar com alguns problemas de tesouraria resolvidos e as muito grandes vão ter ainda mais lucros do que já tinham.
O emprego aumenta quando as empresas têm mais encomendas e necessitam de mão de obra para as satisfazerem e/ ou quando aumentam a capacidade instalada. Qualquer uma destas medidas, à partida, fazem-se com um recurso ao crédito que, como se sabe, continua parado. Que eu saiba, não é por uma empresa ter uma melhor tesouraria que vai andar por aí a contratar pessoal!
O que foi anunciado foi uma transferência das contribuições da Segurança Social das empresas para as famílias, quando estas já atravessam um período bastante difícil das suas vidas. Estamos a falar de um aumento real de 60%, equivalendo a um mês de salário.
Apesar disto tudo, houve uma boa noticia: um dos subsídios ( da função pública) vai ser reposto - se bem que vai ser novamente retirado pelo aumento da contribuição para a Segurança Social. A boa notícia nisto é que o subsidio vai ser dividido pelos doze meses do ano, aumentando desde logo o salário das pessoas e não obrigando as empresas a terem que pagar dois salários nos meses ( tradicionalmente) menos produtivos.
Acabo apenas com uma palavra para os meus amigos socialistas que neste momento verborreiam por aí: o que foi dito hoje, na forma e no conteúdo, não é muito diferente de todo o mal que foi dito e feito de 2008 a 2011; por isso, não se armem em virgens ofendidas e respeitem mais os vossos compromissos com a Troika e com os portugueses.

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