quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Cavaco e os jornalistas


Cavaco Silva sempre teve uma relação complicada com os jornalistas. É público e sabido!

Ontem, na entrega dos Prémios Gazeta 2008, fez um discurso riquíssimo onde elogiou o bom jornalismo e, usando e abusando do humor, criticou quem não consegue conviver com a liberdade de expressão.

Houve quem dissesse que foi um discurso em que o Presidente nada disse. Pois enganem-se porque o Presidente disse e muito! Quem assim não vê... é porque não quer...

Com um humor que não lhe é característico Cavaco Silva provocou risos e aplausos em 99% da sala - 1% era Santos Silva que percebeu muito bem a mensagem e devia estar com vontade de malhar no Presidente!

Cavaco Silva colocou-se no papel do político e tinha a seu lado o assessor: o politico diz ao assessor que não se deve elogiar o jornalismo da mesma forma que não se devo criticar para que o jornalista tenha liberdade de expressão; a liberdade de Abril e que possibilitou a José Carlos Vasconcelos fundar o Jornal das Letras, ser crítico de muitas políticas e ao fim de todos estes anos ganhar um prémio de mérito. O político também explicou ao assessor que que não se deve elogiar publicamente jornalistas porque isso seria humilhante.

O assessor diz ao Presidente para ele falar da CGD, a patrocinadora dos Prémios Gazeta. O político diz que não porque falar da banca, intervir na banca numa altura de crise é condicionar o mercado e isso ele não o faria.

A dada altura o assessor diz ao Presidente para falar de nada. Aí, Cavaco disse que não era a sua especialidade, quase indicando que isso era para outros governantes.

Tanto humor.. e Santos Silva sisudo! Porque será?!

1 comentário:

  1. Caro Dupond,

    Este texto é um exemplo típico de uma análise parcial para puxar a brasa à sua sardinha.
    Aconselho vivamente a ouvirem o discurso na integra (http://www.youtube.com/watch?v=exbDVU5l1zE).
    Pensar que o Sr. Presidente da República é tão óbvio, ao ponto de provocar a sisudez de uma só pessoa entre cem, é pensar que realmente existe pouco conteúdo no discurso.
    A primeira sugestão do assessor. Elogiar o jornalismo, a isenção, a independência a objectividade. Sugeriu ao Sr. Presidente da República referir o tempo que gasta a ler o jornal, a ver o jornal de sexta, sábado e domingo… Esta sugestão não agradava ao Sr. Presidente da República porque dava a ideia de estar a “passar a mão pelo pêlo dos jornalistas”. A meu ver a mensagem é sobre o que se espera do jornalismo. Reflectir se é isto o que se passa no jornalismo deve estar em primeiro plano. O acontecimento era para jornalistas e não para políticos. É redutor achar que existe alguma mensagem dirigida a um partido. Seria de uma imprudência quase tão absurda como as declarações do Sr. Primeiro-ministro sobre aquele Jornal Nacional de Sexta-feira.
    A segunda sugestão do assessor foi a de fazer uma análise critica do jornalismo. Mal estará o nosso país quando uma análise critica ao jornalismo for entendido como algum atentado à liberdade de expressão. Felizmente a liberdade de expressão não acaba com análises criticas de ministros, deputados ou em geral políticos. Todos sabemos que os media têm poder e não são declarações absurdas de políticos que condicionam a liberdade de expressão de jornalistas. Não é de agora que os meios de comunicação social podem ser determinantes para influenciar a opinião pública. A análise critica ao jornalismo deve ser realizada principalmente pelos jornalistas.
    A referência à CGD. Não quero ser intriguista mas fiquei com a sensação de que o Sr. Presidente da República disse o suficiente sobre a banca. Felizmente as declarações de um Presidente da República de Portugal não têm o mesmo impacto que um Presidente dos Estados Unidos.
    Quanto à sisudez do Sr. Ministro Santos Silva. Pelas imagens pareceu-me bem disposto.
    Cumprimentos,
    Dupond

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