Decorreu hoje, no cine-teatro Caracas, a sessão “Políticos
de Palmo e Meio”. Uma iniciativa da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis,
que decorre desde 2006, que visa fomentar, em crianças de tenra idade,
princípios básicos de democracia e cidadania, o conhecimento do concelho e dos
órgãos executivos.
Numa altura em que é enraizado na nossa sociedade – ainda
não percebi se propositadamente por grupos políticos radicais (de esquerda, de
direita e anarquistas como, por exemplo, o movimento “ Que se lixe a Troika”, o
“Movimentos 12 de Março” ou os “Indignados” ) ou se por descuido e ignorância –
que todos os políticos são corruptos, que não são necessários, caindo-se numa
falácia ao invés de se exigir justiça, convém envolver todos nas questões da
democracia, começando pela representação, apresentação de ideias e discussão. A
sessão “Políticos de Palmo e Meio” consegue tudo isso e desejo, com toda a
sinceridade e esperança, que no futuro tenha frutos, conseguindo uma sociedade
com pessoas cada vez mais informadas e interessadas pela causa pública.
O tema da sessão deste ano foi “Património” – um tema que
não era fácil - e eu esperava ouvir discussões sobre o património no mundo de
uma criança: a casa e a escola.
Por exemplo, ouvir os miúdos pedirem um parque de jogos
novo, um baloiço, umas balizas para jogarem à bola, um jardim; quanto muito,
uma cantina para a escola. Estava à espera de ouvir alguém dizer que conhece um
colega que não se alimenta tão bem como ele e os colegas e perguntar porquê e o
que poderá ser feito.
Contudo, ao ouvir crianças de nove e dez anos a falarem de “
Qren”, “ Adritem”, “sustentabilidade”, “percentagem de financiamento da Câmara
Municipal” e afins, causa-me alguma estranheza. Ao ouvir tudo isto sem o
sorriso e a espontaneidade típica de quem ainda não tem preocupações na vida,
fez-me levar a pensar a tristeza dos nossos dias.
Crianças, a lerem papeis, claramente escritos por adultos,
usados como arma de arremesso em jogos políticos cobertos pela comunicação
social, repetindo questões levantadas na Assembleia Municipal, interpelando o
Presidente da Câmara com o vigor de um oposicionista, em ano de eleições
autárquicas, é, no mínimo, um abuso.
Espero que em 2014, quando se realizar a próxima sessão dos
“Políticos de Palmo e Meio”, depois de passado o período eleitoral, devolvam a
inocência aos miúdos de Oliveira de Azeméis.
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