No meu ponto de vista, Rui Rio é o autarca modelo dos
últimos tempos: numa altura onde já não existia dinheiro a rodos enviado pela
Comunidade Europeia, Rio conseguiu gerir bem uma cidade, conseguiu
revitaliza-la e dar melhores condições de vida aos seus cidadãos. Fez política
pela política, ou seja, preocupado exclusivamente com a melhoria e o bem-estar
geral em prol dos seus interesses. Sá Carneiro teria orgulho dele.
Esta forma de actuar custou-lhe alguns dissabores,
provavelmente também perdeu irremediavelmente o lugar de Primeiro Ministro mas
ganhou para todo o sempre o respeito do povo da segunda maior cidade de
Portugal.
Eu fui morar para o Porto em 1999 e consegui ver bem de
perto a diferença entre a governação socialista de Fernando Gomes/ Nuno Cardoso
e a forma de fazer política que se seguiu. O Porto era um estaleiro, uma cidade
sem nenhum ponto de interesse, um sítio perigoso para se habitar e passear,
onde o main stream dos seus
habitantes, em horas de lazer, se resumia aos shopping e às discotecas na zona industrial. O Porto, como se viu
em casos de justiça que surgiram a
posteriori, vivia da pressão e do lobby que circulava entre construtoras,
associações, empresas de segurança, claques de futebol. Daí resultou um
abaixamento drástico do pequeno comércio tradicional, o empobrecimento e
destruição das ruas, o afastamento das pessoas para cidades periféricas.
Rui Rio passou o primeiro mandato a resolver estes
problemas, problemas de gestão corrente, a, como se diz na gíria, “limpar a
casa”.
Depois disso traçou um objectivo: voltar a trazer pessoas
para a baixa portuense. Seguindo-se a estratégia: trazer para a baixa o pequeno
comércio tradicional, restaurantes e bares; fazer com que as pessoas vivam na
baixa porque lá se poderia encontrar de tudo.
Para se analisar a forma/ força com Rio tratou da estratégia
dado um objectivo, vale a pena recordar a implementação do El Corte Inglês em
Gaia. A primeira localização era o Porto; mais propriamente a zona da Rotunda
da Boavista. A Câmara do Porto acolhia a empresa espanhola se ela se instalasse
na zona dos Aliados. Caso contrário não queria porque, com isso, iria criar uma
concorrência ao comércio da Baixa e os investidores iriam-se sentir
defraudados. O El Corte Inglês abriu em
Gaia; Rio manteve a aposta e o respeito.
Podemos e devemos olhar para o que foi feito no Porto e, à
nossa escala, pensar numa solução idêntica para o centro de Oliveira de
Azeméis.
Actualmente o comércio tradicional e a restauração
oliveirense estão dispersos por vários pontos da cidade, sendo difícil aos
comerciantes unirem-se para criar melhores condições a todos, não é promovido o
cross-selling natural que as pessoas
exercem quando vão comprar na rua: saltam de loja em loja, não é possível a
comparação de ementas dos restaurantes e, de grande importância social, não é
promovido o convívio típico de uma pequena multidão.
Com tanta dispersão como aquela que temos nos dias de hoje,
é normal as pessoas não reconhecerem vida, movimento e convívio a Oliveira de
Azeméis.
A Zona Pedonal, o Jardim Público e o Largo do Gémini são
três zonas de indiscutível valor para se promover o comércio tradicional, a
restauração e a animação nocturna, bem como a dinamização cultural da cidade.
A exemplo do Porto, juntar estas quatro premissas na mesma
solução é como acrescentar dentes a uma roda dentada, fazendo o movimento de um
tocar o movimento do outro.
Por forma a se cativarem os empresários para o centro da
cidade, além da campanha de promoção mediática que deverá ser feita, é
necessário contabilizar a ajuda financeira. Como incentivo, como ajuda, a
Câmara Municipal poderia, para novos negócios – pequenas lojas, restaurantes e
bares -, aplicar taxas reduzidas no licenciamento, na utilização de esplanadas,
promover horários de encerramento diferentes, etc..
São apenas alguns exemplos - certamente existirão muitos
mais – de como se poderia dinamizar o comércio tradicional e a restauração,
devolvendo Oliveira de Azeméis aos
oliveirenses, fazer com que se repitam imagens como as que vemos nas fotografias
dos anos sessenta e setenta do século passado.
A prova que este poderá ser o caminho é a forma como as
pessoas se deslocam ao Mercado à Moda Antiga e à Noite Branca, ávidos de
conviverem.
A exemplo da Baixa do Porto, onde vemos uma cidade que vibra
dentro da própria cidade, a Zona Pedonal de Oliveira de Azeméis poderá vibrar o
ano todo, com pequenas lojas, artistas plásticos, esplanadas de verão e de
inverno, conversas, musica, alegria e sorrisos.
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