quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

A mercearia - 6


Há dias contaram-me uma história, a qual fui procurar na web e trago-a para aqui:
Certa vez fizeram um teste com macacos. Cinco macacos em uma pequena sala. No meio da sala havia uma escada. No topo da escada havia um belo cacho de bananas.
Os macacos ao verem as bananas subiam a escada, porém uma pessoa com um jacto de água muito forte derrubava-os da escada e molhava todos os outros.
Passava o tempo outro tentava subir: a pessoa derrubava o macaco e molhava todos os outros.
Chegou um tempo em que um dos macacos foi subir só que os outros bateram nele, impedindo assim que o tal macaco subisse a escada, pois sabiam que iam ser todos molhados.
Retiraram dois macacos e colocaram dois novos macacos.
Os dois que entraram não sabiam de nada e foram subir na escada. Resultado? Levaram porrada dos outros três macacos.
Trocaram os outros três macacos. Os outros três macacos não sabiam de nada, porém ao subirem a escada os outros dois macacos impediam, dando porrada nos outros três. 
Resumindo. Todos macacos foram trocados. Os novos macacos não sabiam o motivo por que não podiam subir a escada. Porém não permitia que nenhum outro que aparecesse subisse!”.
Não sei se este estudo sobre a psicologia de grupo é verídico ou não mas, contudo, tenho a certeza que o resultado é: há muita gente que toma determinado tipo de acções sem saberem o porquê de as tomar, apenas e só porque outros dizem para o fazer, retaliando se não obedecerem.
Na vida e na política, por uma razão ou por outra, isto é normal. Quando se está na oposição há já quase 37 anos, é prática diária ter que se dizer mal (com ou sem razão); caso contrário, o restante grupo bate-lhe. Hoje em dia temos jovens que coabitam no mesmo grupo dos mais velhos, dos que até agora só perderam eleições; muitos deles nunca foram molhados mas agem como se tivessem sido, com os mesmos tiques e as mesmas angústias, o mesmo modo e método que fez com que a banana nunca fosse alcançada. Se não existirem ideias novas, dificilmente as pessoas irão acreditar neles… e continuam a dizer mal.
Mas se pensarmos bem, a arte de mal dizer é algo enraizado na nossa cultura. Tanto que temos jovens – bastante válidos a avaliar pelas suas carreiras académicas – que quando se encontram no exterior e lhes perguntam de onde são, respondem que são do Porto ou de Aveiro. Haverá forma mais ingrata de se honrar a sua terra, não a reconhecendo?! Ou quando lhes perguntam como é a sua terra, dizem prontamente que Oliveira de Azeméis é um beco cheio de buracos. Será que não temos mais do que isso?!
Bem sei que não é o paraíso no céu e Oliveira de Azeméis na Terra. Temos muitos problemas a resolver e que seria bom com um “estalar de dedos” eles estarem sanados. Mas o país não suporta mais isso, é necessária contenção. Apesar disso é bom sonhar, é bom prever; se assim for, estamos mais despertos para as oportunidades.
Também sei que é mais fácil dizer mal de alguma coisa que reconhecer o mérito a quem o merece, especialmente se for nosso conhecido.
Só não entendo este tipo de comentários e comportamento vir de parte de quem pensa que um dia poderá ter a seu cargo a responsabilidade de gerir o Concelho; se fosse numa conversa de café, ainda vá que não vá. Assim, parece, no mínimo, pouco responsável.
Contudo, infelizmente, nada disto é importante; todo este “dizer mal” não se destina a que os eleitores oiçam, destina-se a outra coisa. Vivemos uma partidocracia que mais parece uma claque de futebol onde ou se é a favor ou se é contra: tudo o que a governação faz ou é 100% acertada ou 100% errada, dependendo do lado em que se está, sem se tentar perceber o porquê ou a aplicabilidade das medidas.
Assim sendo, quando vemos jovens a dizerem mal da governação camarária, não o fazem no sentido que a sua voz seja escutada pelos eleitores nem, tão pouco, pela ausência total de ideias, por quem toma decisões, podendo e devendo ter mais uma opinião em conta. Quando vemos jovens a protestarem uma acção, um acto de gestão ou uma ideia, dizem-no tão e só para mostrar ao seu grupo que eles são iguais aos demais e que, apesar da banana estar por cima deles e tendo uma escada que os leva até ela, não vão ser eles a tentarem fazer algo diferente, sob pena de levarem porrada.

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