sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Sunday at Races

Como sabem, escrevi uma crónica semanal no jornal " A Voz de Azeméis" desde Setembro de 2006 até Dezembro de 2008. Deixei de a escrever, única e só porque o jornal, infelizmente, fechou. Com as dificuldades que se viviam nos últimos tempos, as edições não saíam a tempo e houve " material que se perdeu". A minha última crónica foi a que apresento a seguir, escrita a 4 de Dezembro de 2008.Não chegou a ser publicada mas o que escrevi na altura mantêm-se actual.
O mais crítico eu

"Cabe-nos cada vez mais dinamizar as pessoas para viverem a sua liberdade própria, para executarem o seu trabalho pessoal, para agirem concretamente na abolição das desigualdades. Para isso mais importante que a doutrinação, é levar as pessoas a pensarem, a criticarem, a discernirem" Não me quero comparar a quem escreveu este parágrafo, não posso e, sobretudo, não devo. Não tenho e dificilmente algum dia terei a habilidade política, inteligência, savoir fair que teve este Homem. A única coisa que posso fazer é seguir este parágrafo e continuar a escrever como tenho escrito, não dando notícias pois não sou jornalista mas dando factos, com opinião ou não e que criem curiosidade, capacidade crítica, opção de escolha. O que escrevi sobre a JP Sá Couto e o Santander nas últimas crónicas ou o que disse sobre o Carlos Sousa em 2006 foram escritos sobre a égide do pensamento, crítica, discernimento e, sobretudo, contra-corrente. Não costumo acreditar em tudo o que me dizem e não gosto de verdades absolutas, seja no desporto, política ou religião. Também não gosto de notícias pagas que visam favorecer o que por natureza é ruim. Por tudo isto não posso gostar do actual estado do jornalismo que vive de clientelismo, de cacique político, empresarial e popular. Não posso gostar de verdades absolutas que são ditas por ministros e são reproduzidas sem qualquer espécie de nódoa pelos profissionais dos jornais. Não posso gostar dos julgamentos populares que se fazem em televisões, nunca dando uma visão imparcial da coisa. Não posso gostar de muito do que se passa neste Nosso Portugal. Para isso não existiam jornais, existiam blog´s. Mas atenção, blog´s feitos por pessoas em consciência com o seu eu, não estou a falar em blog´s feitos por jornalistas que são, nada mais que, a sua própria visão da notícia que como jornalista deveria ser o mais imparcial possível. Clear as water! Até sempre Francisco Sá Carneiro, que se cumpra o teu Portugal. No centenário do nascimento do Grande Manoel de Oliveira, deixo uma sugestão: Non, ou a vã glória de mandar. O filme é uma reflexão sobre a História de Portugal, do que propriamente história. É uma forma particular de ver alguns acontecimentos que mais marcaram Portugal, ligando a Batalha de Alcácer Quibir ao 25 de Abril. Na primeira morremos e na segunda morreu o Alferes Cabrita. Como disse João Bénard da Costa, “VÃ é a glória de mandar. É a glória de mandar - essa de que paradoxalmente D. Sebastião se despede em Alcácer Quibir - é a glória que o narrador se propõe e cuja vanidade a cada momento Oliveira sublinha, destroçando a narrativa, através da singularissima "decoupage" de um dos seus filmes mais fragmentados. Só que o narrador é ele também uma personagem fragmentada e os seus três grandes fragmentos (como Viriato, como Ninguém e como Alferes Cabrita) viveram dessa glória e para essa glória até descobrirem, nas chamas, nos destroços e no sangue, como essa glória era igualmente vã”. É necessário pensar, criticar, discernir para se ter uma visão própria da história e a história faz-se desses pensamentos. O Homem, o cineasta o piloto Manoel de Oliveira já lá estão. Resta-nos a nós tentar entrar nela. João Rebelo Martins, 4 de Dezembro de 2008

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