Rotary foi um movimento criado por profissionais, tendo em
vista a melhoria contínua da comunidade onde se inseriam esses profissionais.
Vou aproveitar o facto de estarmos reunidos na casa de um
dos mais reconhecidos chef portugueses para fazer uma analogia:
Imaginem a história da sopa-da-pedra, onde de um pouco de
água e de uma pedra, juntando a tenacidade e perspicácia do frade, nasceu uma
sopa muito nutritiva capaz de saciar todos quanto a comiam. “ Já agora
juntou-se uma batata, já agora juntou-se feijão, já agora junou-se toucinho e
por aí fora”.
O movimento rotário nasce como a sopa-da-pedra: no início
seriam uma ou duas pessoas, profissionais dignos que queriam ajudar a
comunidade, mas eram poucos. “Já agora” um deles conhecia um amigo que também
era um bom profissional e convidou-o para o grupo. “Já agora” esse amigo
conhece outro amigo que por sua vez conhece mais um amigo e por aí fora,
engrossando a sopa e as profissões aí representadas.
A sopa-da-pedra é feita através da junção de alimentos
simples. Os clubes rotários também: são formados por pessoas simples, por
profissionais dignos que se honram e que honram os seus pares. É dessa
simplicidade e dessa junção de pessoas que se criam grupos de ajuda à
comunidade, grupos a quem os cidadãos podem recorrer a pedir auxilio e a que se
chamam Rotary Club.
Sendo os clubes rotários clubes preocupados com o mundo que
os rodeia, é natural que reconheçam quem se distingue da sociedade devido ao
seu mérito: sejam estudantes, sejam profissionais, sejam beneméritos. Quando
assim é, agraciam-se essas pessoas, fazem-se homenagens.
Qualquer pessoa, desde que seja um bom profissional,
empreendedor, dinâmico, que se honre e que honre os seus pares, poderá ser
rotário ou poderá ser homenageado pelo Rotary Club.
Já homenageamos um carteiro, o Sr. Elísio Coelho dos
Bombeiros, a Senhora D. Isabel Maria Calejo do Rancho de Cidacos, o Sr. Abílio que tantas vezes me rasgou o bilhete na entrada do cinema, ou os
presentes Eng. Aníbal Campos, CEO da Silampos, Sr. António Oliveira, presidente
do Lar Pinto de Carvalho, Professor Doutor Carlos Alegria e tantos outros que deram o melhor de si à sua profissão e,
consequentemente, à comunidade.
Hoje, estamos aqui reunidos para homenagear um distinto
oliveirense, nascido a 3 de Novembro de 1949, com a graça de Carlos da Silva
Costa.
É uma homenagem que muito nos apraz porque, numa altura em
que o povo tem a percepção que para os mais altos cargos são nomeados pessoas
sem currículo e sem história, onde o mérito profissional é facilmente
substituído por qualquer outra razão, o Dr. Carlos Costa vem contrariar essa
tendência, dando-nos, pelo seu passado, a garantia de um futuro de trabalho, de
seriedade, em prol de todos, colocando os interesses de Portugal e dos
portugueses à frente de quaisquer outros.
O Dr. Carlos Costa é licenciado em Economia pela Faculdade
de Economia da Universidade do Porto (1973).
Foi assistente da Faculdade de Economia da Universidade do
Porto (1973-1986) e docente do curso de pós-graduação do Centro de Estudos
Europeus da Universidade Católica do Porto (1986-2000).~
Em Janeiro de 1978, ingressou no Centro de Estudos de
Economia Portuguesa da Direcção de Estudos do Banco Português de Atlântico, que
dirigiu entre 1981 e 1985.
Foi membro não executivo do Conselho de Administração do
Instituto Nacional de Estatística (1990-1992).
Entre 1988 e 1992, integrou, a título pessoal, o Conselho
Superior para a Reforma do Sistema Financeiro-1992, cujo “Livro Branco sobre o
Sistema Financeiro” serviu de base à reforma global do quadro legislativo do
sistema financeiro português.
Foi Coordenador dos Assuntos Económicos e Financeiros na
Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia e membro do Comité
de Política Económica da União Europeia (1986-1992).
Entre 1993 e o final de 1999, foi Chefe de Gabinete do Comissário
Europeu Prof. João de Deus Pinheiro com as responsabilidades das políticas de
“Comunicação, Cultura e Audiovisual “ (1993-1994) e da Política de Cooperação
da União Europeia com os países de África, Caraíbas e Pacífico (1995-1999).
Foi director-geral do Millenium BCP (2000-Março 2004) e foi
membro do Conselho de Administração da Euro Banking Association (2001-2003).
Entre Abril de 2004 e Setembro de 2006, foi administrador da
Caixa Geral de Depósitos, presidente do Conselho de Administração da Caixa
Geral de Aposentações, presidente do Conselho de Administração do Banco
Nacional Ultramarino S.A, Macau e presidente do Banco Caixa Geral (Espanha).
Entre Janeiro e Agosto de 2005, integrou o Conselho de Administração da
Unibanco Holdings, S.A., Brasil.
Foi vice-presidente do “European MANUFUTURE High Level
Group” (2005-2006).
Foi membro do Conselho Consultivo do Comité das Autoridades
de Regulamentação dos Mercados Europeus de Valores Mobiliários (2008-2010).
Foi vice-presidente do BEI entre Outubro de 2006 e Maio de
2010, com a responsabilidade pela Direcção Financeira e pelas operações de
crédito para investimento em Portugal e Espanha, na Bélgica, no Luxemburgo, na
América Latina e na Ásia.
É, Governador do Banco de Portugal, desde 7 de Junho de
2010.
É membro do Conselho de Governadores e do Conselho Geral de
Governadores do Banco Central Europeu, membro do Conselho Geral do Comité
Europeu de Risco Sistémico e do Grupo Consultivo Regional para a Europa do
Conselho de Estabilidade Financeira. Preside ao Conselho Nacional de
Supervisores Financeiros.
É vice-presidente honorário do Banco Europeu de Investimento
(BEI), professor catedrático convidado da Universidade Católica do Porto e da
Universidade de Aveiro e presidente do Conselho Consultivo da Faculdade de
Economia da Universidade Católica do Porto.
O Dr. Carlos Costa é tudo isto mas é, sobretudo, uma pessoa
simples, humana, preocupada com a sociedade que o rodeia.
Assim, é com grande orgulho que o Rotary Club de Oliveira de
Azeméis leva a cargo esta justa e sentida homenagem que aqui lhe prestamos
hoje, como agradecimento do seu contributo para uma sociedade mais humana, fraterna, acolhedora,
solidária e justa, onde a banca e a sua
regulação assumem um papel fundamental.
O Dr. Carlos Costa, pela forma como transmitiu o seu saber
aos alunos da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, da Universidade
Católica e da Universidade de Aveiro, pelo esforço e dedicação demonstrados ao
longo de quase 40 anos a representar instituições financeiras portuguesas um
pouco por todo o mundo, pelo seu trabalho junto da Comissão Europeia e, mais
recentemente, pelo cargo de Governador do Banco de Portugal, leva-nos a
concluir que em toda a sua vida profissional honrou o primeiro lema de Rotary:
dar de si antes de pensar em si.
Senhor Governador, a sua presença hoje, aqui, é motivo de
gáudio para o Rotary Club de Oliveira de Azeméis.
Muito obrigado,
P´lo Rotary Club de Oliveira de Azeméis,
João Rebelo Martins