domingo, 4 de novembro de 2012

Propaganda da bajulação

Ontem, num alfarrabista portuense, comprei um livro. O livro em si não me diz nada, pela sua qualidade gráfica ou editorial.
Comprei-o por ser um objecto de propaganda dos anos 70 e de bajulação da "classe artística" para com o poder.
O livro chama-se " 12 Poemas para Vasco Gonçalves", com poemas de António Ramos Rosa, Armando Silva Carvalho, Casimiro de Brito, Eduardo Olímpio, Egito Gonçalves, Eugénio de Andrade, Gastão Cruz, José Jorge Letria, José Barreiros, José Ferreira Monte, Maria da Graça Varella Cid e Maria Teresa Horta. Tem um cartaz de Armando Alves e um desenho de José Rodrigues onde se pode ver " Povo e MFA, força força força companheiro Vasco, nós seremos a muralha de aço". Foi publicado pela Editorial Inova em, como diz na contracapa, " Abril/ Terceiro ano da Revolução".
O livro é uma colectânea de poemas em que a figura central é o Camarada Vasco Gonçalves, explorando as suas qualidades de grande líder e as suas políticas.
O livro é uma forma de dizer que os artistas representam o povo, que os artistas estão com o poder, logo o povo está com o poder.
O que ganharam estes artistas com isso?! Não sei, mas posso supor.
Hoje em dia estes artistas não estão com o poder: muito pelo contrário, abominam este poder porque a governação de Passos Coelho terminou com uma série de regalias para com o mundo das artes.
No entanto, outros artistas se mostram. Não publicam poemas nem odes, não vão ao teatro nem cantam musicas de punho fechado erguido.
Esta propaganda da bajulação continua, irá continuar, seja qual for o governo.
Hoje em dia temos artistas nos jornais, nas televisões, nas agências de informação, nos blogues, no Facebook que parecem esquecer a sua coluna vertebral e contorcem-se todos para estarem junto do poder.
O que ganharão estes novos artistas com isso?! Não sei, mas posso supor.

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