sábado, 17 de novembro de 2012

Onde, quando e como

Em Março, no Entre Aspas, escrevi o texto que abaixo se segue.
Cada vez mais é necessário o Rotary, a Cáritas, o Banco Alimentar. Cada vez mais são necessárias pessoas como Isabel Jonet.

Há dias estive em Moçambique, mais precisamente em Maputo.
4.000.000 de pessoas na capital de um país que se quer renovar e modernizar depois de anos e anos de guerra e de miséria e de todos os problemas sociais que isso acarreta. Os negócios brotam e são muitas as empresas estrangeiras que chegam todos os dias ao território, quer a sul mas, sobretudo, a centro e norte onde se centram os jazigos de carvão e gás natural.
O país cresce mas, para já, o crescimento ainda não chega a todo o lado e ainda há imensa gente a viver abaixo do limiar de pobreza.
Na bagagem, levava uma flamula do Rotary Club de Oliveira de Azeméis para entregar no Rotary Club de Maputo e estabelecer uma aproximação
entre os dois clubes. Infelizmente não encontrei o clube, não reúnem, no hotel onde o faziam não me souberam dar nenhuma explicação.
Numa cidade com quatro milhões de habitantes, com tantas carências, o clube estar desactivo pareceu-me um contra-censo…
Poucos dias antes da minha partida para África, estive reunido num clube – que não o meu – e discutia-se o porquê de Rotary parecer “adormecido”. Um dos intervenientes referiu que o problema estava na Segurança Social, nas Câmaras e nas IPSS porque estes vieram ocupar o espaço que pertencia ao Rotary. Ou seja, parecia que dizia que não havia pobrezinhos para todos poderem fazer os seus projectos.
Será que Rotary é isso? Será que Rotary é cuidar dos pobrezinhos?
Se assim é, por que razão não há Rotary em Maputo, capital de um país que até há poucos anos atrás estava nos mais pobres de todo o mundo?!
Será que Rotary tem a função da Cáritas e de outras missões religiosas?!
Em Maputo não faltam pobrezinhos, como em Portugal não faltam casos, muitas vezes, dramáticos.
O que faltam são homens e mulheres justos, honestos, que querem uma sociedade melhor e que arregacem as mangas para a construírem, para mudar o que está mal, envolvendo-se e envolvendo cada vez mais pessoas.
Rotary é mais do que dar a quem mais necessita. Rotary é um movimento de profissionais de todo o mundo que se distinguiram na sua comunidade pelo seu espírito empreendedor, pelo seu sucesso e sendo capazes de dar o melhor de si aos outros: dar pão mas também dar a solução, apontar o caminho, escolher uma estratégia e renovar e reformular de forma desprendida e em espírito de comunhão.
Rotary é uma utopia no caminho para a compreensão mundial e aí somos bastante mais abrangentes que as missões religiosas e muitas ONG porque somos livres de pensar e de actuar, podendo estender a mão a qualquer pessoa independentemente da sua cor, raça ou credo, dando-lhes comida, educação, cultura, vivências e, sobretudo, esperança.
A grande implementação de Rotary foi nos Estados Unidos da América, Canadá, Reino Unido, Japão, Brasil…
Será que nestes países – excepção feita ao Brasil – existem muitos pobrezinhos?
Porque será que as sociedades mais desenvolvidas são aquelas que têm mais organizações, associações, sindicatos que se preocupam com a vida das pessoas, mesmo das que vivem bem?
Porque é da vivência, da troca de ideias, cultura e conhecimento que se cria e o que é necessário é criar algo de novo como motor da nossa sociedade, a nível pessoal, comunitário, económico e financeiro.

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