sexta-feira, 12 de outubro de 2012

O populismo como um meio

Quando não há ideias, quando não se consegue ter um pensamento estruturado e contínuo sobre o que será melhor para uma dada comunidade - seja da mais pequena a um país no seu todo, os agentes políticos nessa situação lançam "coisas" para o ar, dando o aspecto que estão muito activos.
Isso é um engodo que aos olhos de alguns parece ouro mas, afinal, brilha pouco mais do que a palha.
O grave disto é quando esta palha cai no lado populista, reflectindo apenas e só o que "o povo quer ouvir" e não aquilo que efectivamente é correctamente pensado e analisado.
Este populismo é tanto mais perigoso quanto maior for o seu transmissor; neste momento o maior transmissor é o Partido Socialista.
( Eu, como oliveirense, até poderia dizer que se reflecte na estrutura nacional e na estrutura local. Mas o populismo socialista oliveirense é de tão baixa índole que não merece uma linha de texto.)
Há dias, António José Seguro propôs a redução do número de deputados à Assembleia. Sem grandes estudos sem grandes explicações.
Numa altura em que se fazem manifestações contra os políticos em geral, é fácil propor isto. É algo que o povo quer ouvir e que o PS, sem apelo nem agravo, deita cá para fora.
Se calhar, mais sensato, seria dizer que seria necessário aumentar os ordenados dos deputados por forma a se atraírem melhores pessoas, mais qualificadas, que fariam um melhor trabalho em prol de todos nós. Mas explicar isso é complicado e não dá votos.
Seguro propõe uma redução do número de deputados a reboque de se gastar menos dinheiro no OE com o funcionamento da Assembleia. Correcto. O que se faz à representatividade? Não respondeu.
Poderemos pensar que a representatividade iria ser assegurada por uma maior proximidade com os cidadãos, em assembleias intermédias. Quiçá com a presença de partidos regionais e listas de cidadãos independentes.
Ou seja, como o PS atirou uma medida "fácil", não explicando a mesma, poderei pensar que o que Seguro queria era apresentar uma Regionalização encapotada e sendo malévolo para com o resto da esquerda, fazendo-a desaparecer da Assembleia, em prol dos seus interesses.
Poderei pensar que esta medida, ao invés da redução dos custos, iria aumentá-los porque seriem necessárias estruturas intermédias para os deputados regionais.
Posso pensar também que estas estruturas necessitam, para além de deputados regionais, de assessores, consultores, juristas de confiança política, sendo necessário pagá-los.
Ou seja, estas estruturas são um excelente campo para nascerem empregos.
Será que, afinal, o que quer Seguro são mais "jobs for the boys" para o PS quando se der uma renovação de ciclo e se faça uma Regionalização?!

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