quarta-feira, 2 de maio de 2012

Dualidade


Não gosto de pessoas que se armam em fortes com os fracos e são fracos com os poderosos. Demonstra uma dualidade de critérios, uma distinção entre cidadãos de primeira e de segunda e, até, falta de carácter.
Na corrupção isto é normal: procura-se e criminaliza-se a pequena fuga aos impostos dos cafés e restaurantes, das tabacarias e vendas de jornais, de pequenas fábricas quase artesanais mas não se preocupam com as grandes negociatas. Aí até se dá o caso da inveja dar lugar à punição.
Também é normal assistir-se a este tipo de comportamento no mundo dos negócios, esquecendo-se “os grandes” que têm a obrigação moral e social de olharem para “os pequenos” para que um dia eles também possam crescer, alimentando a economia. Em vez disso, vê-se “um grande” a tentar dizimar o pequeno sem que isso represente grande ganho para si mas apenas pelo prazer de dizer que é forte, que é ele que manda.
Nas manifestações desportivas também se passa a mesma coisa. Porquê uma equipa como o Benfica, estando a ganhar 7-0 ao Cascalheira de Baixo vai meter mais dois avançados ao intervalo do jogo?! Para dizimar o adversário?! O importante seria ganhar por um ou dois ao Porto. É necessário ter respeito pelas pessoas.
Por falar em manifestações desportivas, é tradição associarem-se os Jogos Olímpicos e demais competições a nível mundial a jogos de paz e pela paz, fomentando o encontro de civilizações através do desporto. E se isso for verdade é natural e salutar que os jogos a nível internacional se realizem em países que cumpram a Carta dos Direitos Humanos.
Ontem Durão Barroso e Angela Merkel anunciaram que não iriam assistir aos jogos de futebol na Ucrânia.
A pergunta que deixo é simples: onde estavam eles em 2008, aquando dos Jogos de Pequim? Onde estão eles quando se realizam GP em alguns países árabes ou manifestações  desportivas de grande envergadura em alguns países africanos?!
Penso que é muito correcto não irem à Ucrânia porque lá não se cumprem os Direitos Humanos e a prisão de Yulia Timoschenko indica isso mesmo. Mas, o que acontece aos opositores do governo chinês, de alguns países árabes, de alguns países africanos e de alguns países da América do Sul?!
Especulando, penso que o problema aqui não é tanto “Direitos Humanos” mas é mais “gás natural” como noutros países é “petróleo”: se eles existem, cumprem-se os Direitos Humanos, se não existem, não cumpre os Direitos Humanos.

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