Não gosto de pessoas que se armam em fortes com os fracos e são
fracos com os poderosos. Demonstra uma dualidade de critérios, uma distinção
entre cidadãos de primeira e de segunda e, até, falta de carácter.
Na corrupção isto é normal: procura-se e criminaliza-se a pequena
fuga aos impostos dos cafés e restaurantes, das tabacarias e vendas de jornais,
de pequenas fábricas quase artesanais mas não se preocupam com as grandes negociatas.
Aí até se dá o caso da inveja dar lugar à punição.
Também é normal assistir-se a este tipo de comportamento no mundo
dos negócios, esquecendo-se “os grandes” que têm a obrigação moral e social de
olharem para “os pequenos” para que um dia eles também possam crescer,
alimentando a economia. Em vez disso, vê-se “um grande” a tentar dizimar o
pequeno sem que isso represente grande ganho para si mas apenas pelo prazer de
dizer que é forte, que é ele que manda.
Nas manifestações desportivas também se passa a mesma coisa.
Porquê uma equipa como o Benfica, estando a ganhar 7-0 ao Cascalheira de Baixo
vai meter mais dois avançados ao intervalo do jogo?! Para dizimar o adversário?!
O importante seria ganhar por um ou dois ao Porto. É necessário ter respeito
pelas pessoas.
Por falar em manifestações desportivas, é tradição associarem-se
os Jogos Olímpicos e demais competições a nível mundial a jogos de paz e pela
paz, fomentando o encontro de civilizações através do desporto. E se isso for
verdade é natural e salutar que os jogos a nível internacional se realizem em
países que cumpram a Carta dos Direitos Humanos.
Ontem Durão Barroso e Angela Merkel anunciaram que não iriam
assistir aos jogos de futebol na Ucrânia.
A pergunta que deixo é simples: onde estavam eles em 2008, aquando
dos Jogos de Pequim? Onde estão eles quando se realizam GP em alguns países
árabes ou manifestações desportivas de
grande envergadura em alguns países africanos?!
Penso que é muito correcto não irem à Ucrânia porque lá não se
cumprem os Direitos Humanos e a prisão de Yulia
Timoschenko indica isso mesmo. Mas, o que acontece aos opositores do
governo chinês, de alguns países árabes, de alguns países africanos e de alguns
países da América do Sul?!
Especulando, penso que o problema aqui não é tanto “Direitos
Humanos” mas é mais “gás natural” como noutros países é “petróleo”: se eles
existem, cumprem-se os Direitos Humanos, se não existem, não cumpre os Direitos
Humanos.
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