A semana
passada foi profícua em acontecimentos políticos: foi a possível remodelação e
a decisão do Tribunal Constitucional sobre o Orçamento de Estado, foi,
porventura porque estávamos na altura da quaresma, o ressuscitar de Sócrates e
dos velhos fantasmas, foi a carta de Silva Peneda.
Do primeiro
caso, há muito que sabem o que eu penso.
Do segundo,
Sócrates e a TV são dois bichos indissociáveis e há muita gente que sabe isso… Tanto
que o aparecimento de Sócrates fez esquecer o primeiro acontecimento político e
apontou armas a outro alvo, dando jeito a muita gente.
O terceiro,
para mim de longe o mais importante e o menos falado, foi a carta de Silva
Peneda dirigida a Wolfgang Schäuble, Ministro das Finanças alemão. Digo que
foi o mais importante porque numa altura de crise social, económica e
financeira, alguém de renome e com responsabilidade no Estado Social – Silva
Peneda é Presidente do Conselho Económico e Social e foi Ministro do Emprego e
da Segurança Social em dois governos de Cavaco Silva – dirige-se de forma
aberta e frontal ao, porventura, maior decisor financeiro da Comunidade
Europeia, exigindo-lhe, acima de tudo, respeito por milhões de pessoas em
Portugal, Grécia, Chipre, Espanha, Irlanda e Itália que estão a passar
dificuldades.
Silva Peneda,na sua Carta Aberta protestando contra a afirmação do alemão, que disse, “Sempre foi
assim. É como numa classe [na escola], quando temos os melhores resultados, os
que têm um pouco mais de dificuldades são um pouco invejosos", escreveu “O
sentimento de inveja anda normalmente associado a uma cultura de confrontação e
não tem nada a ver com outra cultura, a de cooperação”, explicando de seguida a
sua posição usando palavras de Francisco Lucas Pires; poderia ter ido buscar
palavras de Konrad Adenaeur – primeiro Chanceler da Republica Federal Alemã e
um dos pais fundadores da Comunidade Europeia - que diriam mais ou menos o
mesmo: o grande objectivo europeu é o garante da paz, do crescimento e
prosperidade e aí não cabem sentimentos de inveja ou de superioridade.
O social-democrata tomou a posição que deveria ter sido
exigida a Sócrates, Teixeira dos Santos, Passos Coelho, Gaspar e a muitos
eurodeputados que, em contraponto com os euro-cépticos do Tratado de Lisboa, se
transformaram em euro-arregimentados: exigiu respeito porque “ ironia, própria
dos que se sentem superiores aos outros, não é de todo compatível com a cultura
de compromisso que tem sido a matriz essencial da matriz da construção do sonho
europeu dos últimos sessenta anos.”.
Silva Peneda, uma pessoa muito próxima do Presidente da
República, tomou a posição que muitos deveriam ter tomado e que o Presidente,
por razões institucionais, não pode fazer; mostrou a sua grande grandeza.
Com o regresso de Sócrates volta-se a falar das
presidenciais de 2016. O mainstream aponta para Guterres e Sócrates à esquerda
e Durão e Marcelo à direita. Vivem-se tempos políticos conturbados onde as
pessoas não acreditam nos políticos – já passaram a fase de olharem com
desconfiança. É necessário encontrar pessoas, Homens, que fazem política pelas
populações e não para se servirem delas.
Em 2011, após as presidenciais, apontei António Barreto
como sendo o grande candidato do centro a ocupar o lugar de Presidente; nestes
dias tem emergido outro, um pouco mais à direita: Silva Peneda.
in Politica Queira Mais
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