sábado, 15 de dezembro de 2012

Interpretações pornográficas

A Lei da Limitação de Cargos Autárquicos começou a ganhar forma nos primeiros dias do governo do Sócrates, tendo dois objectivos: um directo e outro indirecto.
O objectivo directo seria o da aprovação da lei antes das autárquicas de 2005 - apesar do PS ter ganho facilmente as eleições legislativas, previa-se que o PSD, com outra liderança e com o manancial autárquico que possui, iria ganhar as eleições de Outubro.
Sócrates não queria terminar o seu reinado, 7 meses após o ter conquistado, ainda por cima, em eleições que "não lhe diziam respeito".
O segundo objectivo, indirecto, camuflado, seria o de passar da Limitação de Cargos Autárquicos para Limitação de Cargos Políticos - como acontece na Presidência da Republica -, retirando, com isso, Alberto João Jardim do poder.
Mais cambalhota, mais empurrão, a lei, finalmente, conheceu a luz do dia.
Penso que é uma boa lei; omissa num ponto mas, no geral, uma boa lei.
Como democrata, como darwinista, acredito que para existir evolução da espécie tem que existir renovação. Não devemos esquecer o passado mas temos que olhar o futuro; os tempos, as acções e as pessoas convergem em determinada altura mas tendem, gradualmente, a divergir.
Posto isto, acredito que pessoas que estão há 12 ou mais anos à frente de instituições, deverão abandonar os seus cargos e aplicar toda a sua experiência em prol da sociedade, noutra actividade: poderão subir um patamar - passar da Junta de Freguesia para a Câmara Municipal -, poderão escrever as suas memórias, organizar workshops sobre gestão autárquica, fazerem consultoria, etc.; com uma ressalva: acredito que em freguesias com pouca população e com fronteiras físicas e culturais ténues, possam existir "repetição de mandatos".
O que eu não posso, de todo, concordar, é que numa atitude revanchista, carregada de populismo marialva, hajam candidaturas a câmaras municipais vizinhas.

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