sexta-feira, 22 de março de 2013

Uma questão de Ruis e um discurso que deveria orgulhar o PSD

Na apresentação do livro "Rumo ao Abismo", em plena campanha para as legislativas de 2011, no Palácio da Bolsa, Rui Moreira tinha consigo, além de todo o saber que lhe molda o cérebro, o Porto, da direita à esquerda moderada, associações, clubes desportivos, elites sociais, económicas e culturais.
Nessa altura apercebi-me que Rui Moreira reunia todas as qualidades,  como pessoa e como político, para ser o sucessor nato de Rui Rio.
Na passada quarta-feira, na apresentação da candidatura de Rui Moreira, voltei a ver o PSD, CDS e PS na sala e, sobretudo, muitos populares fazendo jus ao lema do candidato: pelo Porto.
Moreira estava tenso, neste seu primeiro discurso, mas a mensagem que passou foi clara. Fez um discurso que deveria encher de orgulho o PSD: não vai deitar fora a boa política que Rui Rio exerceu no Porto e não vai entrar na onda das obras megalómanas e despesistas.
Depois da decisão do Tribunal Cível de Lisboa sobre a candidatura de Fernando Seara, aqui está a hipótese  do PSD conseguir dar a volta por cima e ter um candidato vencedor: apoiando Rui Moreira; ao longe, como o CDS, porque esta candidatura é genuína.

quinta-feira, 21 de março de 2013

A evolução da espécie


  1. António Costa "vai não vai" disputar a liderança com António José Seguro
  2. André Figueiredo, José Lello e Isabel Moreira clamam por uma Moção de Censura ao Governo
  3. Mário Soares exige que António José Seguro se defina
  4. Sócrates aparece como comentador na RTP
" Qual é a pressa?"
Sem saber muito bem como, sem ter jogado, saiu o Totobola ao Governo.  

Hardcore 1º escalão

É imoral, pornográfico, não demonstra o mínimo de arrependimento por tudo o que fez ao povo português.
Abre um precedente nos demais ex-Primeiro Ministro que, após terem abandonado o cargo, sempre demonstraram recato institucional.
Para as viúvas: a desculpa de não haver lugar a remuneração  não tem cabimento; qualquer pessoa sabe que, para uma figura pública, 25 minutos semanais em canal aberto de TV, vale muito mais que todos os ordenados que se possam usufruir.

A mercearia - 11


Mário Soares criticou a posição do "PS de Seguro", "que não pediu ainda a demissão do Governo," lembrando que "na política partidária, ou se está de um lado ou do outro" e sublinhando que "estar a meio caminho só serve para os partidos enfraquecerem".
O antigo Presidente, ao contrário daquilo que o seu CV e idade deveriam transmitir, parece um jotinha, tomando a partidarite como uma claque de futebol, em que tudo é branco ou preto, desconhecendo o mundo, a economia, a história e o humanismo, necessários, para se perceber que existem muito mais cores que moldam a visão e o rumo.
Não acredito que Soares seja assim. Acredito que outra coisa o move.
Antes de Soares, André Figueiredo e depois José Lello e Isabel Moreira, vieram clamar que o país esperava que o PS fizesse a apresentação de uma Moção de Censura ao Governo.
Para que querem os socialistas viúvos de Sócrates, e outros que não vão com a cara de Seguro, que o PS apresente uma Moção de Censura?
No actual quadro de representatividade na Assembleia, uma Moção de Censura ao Governo não passa porque não colhe a maioria dos votos dos deputados (a menos que Paulo Portas e o CDS estejam cansados de estar no Governo e decidam, desse modo, acabar com ele).
No entanto, na Moção de Censura e nos dias que a antecederem vamos ter o PSD a acusar o Governo de Sócrates pelo estado em que deixou o país, a assinatura do Memorando de Entendimento com a Troika e a actual crise.
A Seguro e ao PS restam apenas e só duas coisas: ou vão defender com unhas e dentes o anterior Governo, em plena Assembleia da Republica, legitimando todas as asneiras que foram feitas ou, não fazem nada.
Qualquer uma das soluções é má mas caso o PS não faça nada, os opositores de Seguro têm mais um argumento para pedirem eleições internas: o actual líder não é capaz de defender os seus camaradas de partido.
A pergunta que faço a todos é simples: o que ganha o país com isto?! Nada. Mas assim se faz oposição cá pelo burgo, assim se divertem os digníssimos senhores do Partido Socialista. 
Com a crise que vivemos, pessoas com a experiência de Mário Soares, José Lello, quiçá Pedro Silva Pereira, ao invés de contribuírem para a resolução do problema, olham para o umbigo.



João Rebelo Martins in Politica Queira Mais

quarta-feira, 20 de março de 2013

A salvação autárquica do PSD

A notícia que saiu no Público, dizendo que o Tribunal Cível de Lisboa impede a candidatura de Fernando Seara à Câmara Municipal de Lisboa, poderá ser, a meu ver, a salvação política do PSD nas próximas eleições autárquicas.
Como aqui escrevi no ano passadoacredito que para existir evolução tem que existir renovação. Não devemos esquecer o passado mas temos que olhar o futuro; os tempos, as acções e as pessoas convergem em determinada altura mas tendem, gradualmente, a divergir.
Posto isto, acredito que pessoas que estão há 12 ou mais anos à frente de instituições, deverão abandonar os seus cargos.
Eu penso assim e muita gente em Portugal, também.
Falamos de cargos autárquicos/ poder local. Se as pessoas não são do local, se saltam de cidade em cidade, como podem exercer a política local?! 
Com isto prevejo uma derrota do PSD em  toda a linha porque as pessoas - aquelas para quem deve ser exercida a política -, de um dia para o outro, não vão acreditar que uma pessoa que foi Presidente de Câmara durante anos a fio num dado concelho, tenha conhecimento de causa suficiente para exercer o mesmo cargo noutro lado.
Não nos podemos esquecer que isto que se está a passar não é igual a um determinado candidato concorrer pela primeira vez a uma autarquia porque, normalmente, esse putativo candidato habita essa terra, interessa-se por essa terra e já esta envolvido na sua política local. 
Neste caso temos para-quedistas, tão e só.
Assim sendo, esta notícia só pode ser boa: em vez do partido perder tempo a recorrer das decisões, escolha novos candidatos, da terra, que sejam admirados pela população, que tenham obra feita e passem a mensagem que isto tudo foi um mal-entendido. 

terça-feira, 19 de março de 2013

Mário Soares e o que há de mau na politica de hoje

Mário Soares criticou a posição do "PS de Seguro", "que não pediu ainda a demissão do Governo," lembrando que "na política partidária, ou se está de um lado ou do outro" e sublinhando que "estar a meio caminho só serve para os partidos enfraquecerem".
O antigo Presidente, ao contrário daquilo que o seu CV e idade deveriam transmitir, parece um miúdo da JS ou da JSD, tomando a partidarite como uma claque de futebol, em que tudo é branco ou preto, desconhecendo o mundo, a economia, a história e o humanismo, necessários, para se perceber que existem muito mais cores que moldam a visão e o rumo.
Não acredito que Soares seja assim. Acredito que outra coisa o move : colocar o actual PS a defender com unhas e dentes o PS de Sócrates; aquele que no debate de discussão da moção de censura vai ser atacado como sendo o grande responsável pela actual crise. 

terça-feira, 12 de março de 2013

No PS de hoje...

... António José Seguro ainda não aprendeu a utilizar o e-mail...
E Carlos Zorrinho ainda se mantém jovem inculto, necessitando dar exemplos futeboleiros para se fazer ouvir.
Com esta oposição, que esperança podem ter os portugueses, que caminho resta a Cavaco Silva?!

A mercearia - 10


No meu ponto de vista, Rui Rio é o autarca modelo dos últimos tempos: numa altura onde já não existia dinheiro a rodos enviado pela Comunidade Europeia, Rio conseguiu gerir bem uma cidade, conseguiu revitaliza-la e dar melhores condições de vida aos seus cidadãos. Fez política pela política, ou seja, preocupado exclusivamente com a melhoria e o bem-estar geral em prol dos seus interesses. Sá Carneiro teria orgulho dele.
Esta forma de actuar custou-lhe alguns dissabores, provavelmente também perdeu irremediavelmente o lugar de Primeiro Ministro mas ganhou para todo o sempre o respeito do povo da segunda maior cidade de Portugal.
Eu fui morar para o Porto em 1999 e consegui ver bem de perto a diferença entre a governação socialista de Fernando Gomes/ Nuno Cardoso e a forma de fazer política que se seguiu. O Porto era um estaleiro, uma cidade sem nenhum ponto de interesse, um sítio perigoso para se habitar e passear, onde o main stream dos seus habitantes, em horas de lazer, se resumia aos shopping e às discotecas na zona industrial. O Porto, como se viu em casos de justiça que surgiram a posteriori, vivia da pressão e do lobby que circulava entre construtoras, associações, empresas de segurança, claques de futebol. Daí resultou um abaixamento drástico do pequeno comércio tradicional, o empobrecimento e destruição das ruas, o afastamento das pessoas para cidades periféricas.
Rui Rio passou o primeiro mandato a resolver estes problemas, problemas de gestão corrente, a, como se diz na gíria, “limpar a casa”.
Depois disso traçou um objectivo: voltar a trazer pessoas para a baixa portuense. Seguindo-se a estratégia: trazer para a baixa o pequeno comércio tradicional, restaurantes e bares; fazer com que as pessoas vivam na baixa porque lá se poderia encontrar de tudo.
Para se analisar a forma/ força com Rio tratou da estratégia dado um objectivo, vale a pena recordar a implementação do El Corte Inglês em Gaia. A primeira localização era o Porto; mais propriamente a zona da Rotunda da Boavista. A Câmara do Porto acolhia a empresa espanhola se ela se instalasse na zona dos Aliados. Caso contrário não queria porque, com isso, iria criar uma concorrência ao comércio da Baixa e os investidores iriam-se sentir defraudados.  O El Corte Inglês abriu em Gaia; Rio manteve a aposta e o respeito.
Podemos e devemos olhar para o que foi feito no Porto e, à nossa escala, pensar numa solução idêntica para o centro de Oliveira de Azeméis.
Actualmente o comércio tradicional e a restauração oliveirense estão dispersos por vários pontos da cidade, sendo difícil aos comerciantes unirem-se para criar melhores condições a todos, não é promovido o cross-selling natural que as pessoas exercem quando vão comprar na rua: saltam de loja em loja, não é possível a comparação de ementas dos restaurantes e, de grande importância social, não é promovido o convívio típico de uma pequena multidão.
Com tanta dispersão como aquela que temos nos dias de hoje, é normal as pessoas não reconhecerem vida, movimento e convívio a Oliveira de Azeméis.
A Zona Pedonal, o Jardim Público e o Largo do Gémini são três zonas de indiscutível valor para se promover o comércio tradicional, a restauração e a animação nocturna, bem como a dinamização cultural da cidade.
A exemplo do Porto, juntar estas quatro premissas na mesma solução é como acrescentar dentes a uma roda dentada, fazendo o movimento de um tocar o movimento do outro.
Por forma a se cativarem os empresários para o centro da cidade, além da campanha de promoção mediática que deverá ser feita, é necessário contabilizar a ajuda financeira. Como incentivo, como ajuda, a Câmara Municipal poderia, para novos negócios – pequenas lojas, restaurantes e bares -, aplicar taxas reduzidas no licenciamento, na utilização de esplanadas, promover horários de encerramento diferentes, etc..
São apenas alguns exemplos - certamente existirão muitos mais – de como se poderia dinamizar o comércio tradicional e a restauração, devolvendo  Oliveira de Azeméis aos oliveirenses, fazer com que se repitam imagens como as que vemos nas fotografias dos anos sessenta e setenta do século passado.
A prova que este poderá ser o caminho é a forma como as pessoas se deslocam ao Mercado à Moda Antiga e à Noite Branca, ávidos de conviverem.
A exemplo da Baixa do Porto, onde vemos uma cidade que vibra dentro da própria cidade, a Zona Pedonal de Oliveira de Azeméis poderá vibrar o ano todo, com pequenas lojas, artistas plásticos, esplanadas de verão e de inverno, conversas, musica, alegria e sorrisos.      

sexta-feira, 8 de março de 2013

A mercearia - 9



Meus Caros amigos, começo esta crónica com um desafio: vão à La-Salette, à zona do miradouro e olhem um pouco para a Vossa esquerda.
O que vão ver, ao fundo, entre duas fragas, é a ribeira de Cidacos: um local calmo, com água fresca, que, em tempos, foi intervencionado pela Câmara Municipal, criando-se ali uma zona de convívio; umas mesas de piquenique, junto à cascata da ribeira e outras, de madeira, um pouco mais a baixo.
Se olharem bem, conseguem traçar uma linha recta, por uma zona de floresta e campos, praticamente desabitada, entre o parque e a ribeira. Se olharem e se sonharem, como eu faço de cada vez que lá vou, poderão imaginar o parque de La-Salette, prolongado até à ribeira de Cidacos.
O parque, devido a muitas obras que se deixaram fazer em torno dele, deixou de ser um ex-libris verde para ser um local de culto e um “centro lúdico” para todos quanto o visitam. Continua a ter árvores, é certo, mas, porventura, não estão tão cuidadas como se poderiam estar.
O prolongamento do parque até à ribeira de Cidacos seria uma oportunidade para devolver o verde ao parque, para se criar um parque único, botânico, vocacionado para o estudo e para o turismo. Nas cidades vizinhas – S. João da Madeira e Vale de Cambra – existem os apelidados “ Parque da Cidade”, vocacionados para a actividade física. Será que são diferenciadores? Eu penso que não. Penso que serão importantes para as comunidades locais mas infra-estruturas idênticas em tão curto espaço territorial, além de redundante, não me parece que acrescentem valor ao EDV. Para Oliveira de Azeméis temos que pensar algo diferente, que se adapte à nossa história e à nossa cultura. 
Com o prolongamento do parque tem que se pensar, desde logo, em aspectos estratégicos e práticos, para que tudo tenha sentido e aplicabilidade: o parque seria botânico, um polo capaz de captar turistas de Portugal e da Europa, que seja possível aprofundar o conhecimento e a ligação às universidades como, por exemplo, potenciar o estudo de interacções que provoquem a doença alérgica.    
Foram emigrantes oliveirenses no Brasil que enviaram as árvores que ainda hoje crescem na La-Salette; é devido a isso que em Oliveira de Azeméis existem árvores únicas na Europa. A história poder-se-á repetir: trazer árvores exóticas, catalogadas, plantando-se em alamedas identificadoras do local de origem.
A criação de jardins típicos de outros locais do mundo. Para um japonês o paisagismo é uma elevada forma de arte, conseguindo, num curto espaço, expressar a essência da natureza de forma harmoniosa com a paisagem local. Um jardim japonês, por exemplo, com um lago de carpas, bambus, cerejeiras ou acer vermelho.
A edificação de estufas, em vidro “oliveirense”, onde poderão florescer orquídeas. A edificação de uma estrutura de apoio com laboratórios que permitam o estudo e a monitorização do parque porque é necessário controlar a criação destes ecossistemas para que eles não interajam com o ecossistema local.
A criação deste “novo” parque tem que respeitar o actual parque. Assim, o parque começaria a seguir à “Casa do Mateiro” e o acesso à capela, estalagem e piscina seria livre, como hoje, mas com a particularidade de se ter que fazer sem carros.
A partir deste ponto seria necessário pagar a entrada. Já estive em alguns parques naturais e botânicos em três continentes e o acesso era sempre limitado e/ou pago. É uma forma de preservar os parques e, também, fazer com que as pessoas dêem real valor ao que estão a visitar.
Dentro do “novo” parque as pessoas circulariam a pé, por entre a floresta, e seriam criados transportes especiais no seu interior, complementando os percursos pedestres, como sendo um funicular ou um teleférico. A passagem pela variante seria superior, sendo mais barata que uma passagem inferior, ajudando a divulgar ainda mais o parque, junto de todos os que seguiriam para a auto-estrada e Vale de Cambra.
A criação do parque botânico de La-Salette não é barata mas poderá ser levada em conta no médio prazo: Portugal não vai viver eternamente em crise, poderão ser disponibilizados fundos europeus e grande parte do trabalho é feito com técnicos que já se encontram nos quadros da Câmara Municipal – arquitectos paisagistas, jardineiros, pessoal administrativo e pessoal não diferenciado.
A criação do parque botânico de La-Salette deverá ser uma ideia a ter em conta quer pela importância que poderá ter para o turismo regional e a economia local que depende directa e indirectamente dele mas, sobretudo, para a própria manutenção da actual La-Salette. 


in Politíca Queira Mais

sexta-feira, 1 de março de 2013

Os palhaços e a democracia europeia


"Para irmos diretos ao assunto, não há qualquer dúvida de que os palhaços lucram bastante com a balbúrdia que vai na Europa. Viu-se na Itália e ver-se-á em todos os países onde descomprometidos com o sistema político façam promessas irrealizáveis, demagógicas e absurdas. Podem ser palhaços propriamente ditos, como Beppe Grillo, ou partidos extra-sistema, à esquerda e à direita.
A crise de valores que está na origem da crise financeira, que por sua vez originou a crise económica, que ditou a crise social que agora impõe a crise política - ah! como é bom saber História para reconhecer esta cíclica sucessão de fenómenos que, cada vez que é superada, se jura ser a última - dita este tipo de comportamentos. Como aqui já escrevi, as emoções tomam o palco da razão e o caldo fica entornado.
Mas há uns senhores que nunca mudam. Estão em Bruxelas. Paul De Grauwe, um reputado economista belga que ensinou em Lovaina e está agora na London School of Economics, salienta que esta situação é insustentável. "As consequências políticas da austeridade, que foram aplicadas pelo governo Monti, permitem que as instituições europeias que as impuseram se mantenham" diz de Grauwe ao Wall Street Journal. Na verdade, como se tem visto um pouco por todo o lado, os governos mudam na periferia mas o centro (Bruxelas) não lhes permite alterar a política. Esta situação, acrescenta De Grauwe, "é insustentável, tem de ser abandonada ou alterada nos seus fundamentos".
Como se diz em Espanha, é possível dizê-lo mais alto, mas não mais claro. O assunto tornou-se demasiado sério para ser comandado apenas por economistas. É na política e - sublinhe-se - na política democrática ao nível europeu que as coisas têm de ser jogadas. Se na própria União Europeia não se derem passos firmes e rápidos no sentido de uma maior democratização, temos a Europa entregue a palhaços, a fascistas e a radicais. No fundo, às versões pós-modernas do que já conhecemos tão bem na História do Velho Continente."

Henrique Monteiro in Expresso

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Infelizmente, para rir. Só pode!

Bem sei que vivemos tempos conturbados, com crise social, económica, política, de valores; bem sei disso tudo.
Mas, apesar disso, penso que é necessário ter tino, especialmente a comunicação dita social: das quatro notícias assinaladas em baixo, não são verdade, pois não?! Aquilo não são noticias ou o mundo anda virado do avesso...




quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Quem é João Ferreira?!

De tempos a tempos, o PCP ( ou CDU, conforme o timming) parece-se com os programas da TVI em que enfiam pessoas numa casa e depois falam deles como se fosse alguém ilustre.
Quando assim é só me ocorre perguntar: quem é esta pessoa?

Recolhas de hoje ainda relativas ao dia de ontem


"Eu gostava muito que os cidadãos (todos e cada um) compreendessem a frase provocatória do título. Não há democracia sem Relvas, como não há democracia sem o Bloco de Esquerda, sem o PS e sem o PSD, sem o CDS e sem o PCP; sem extremistas de um lado e de outro, sem patetas e indigentes, sem mentirosos e sem alarves. Não há democracia sem pluralismo, sem todos poderem falar, sem todos se respeitarem nos seus direitos. Não há democracia sem regras, não há democracia sem o império da Lei.
Um dos grandes homens do 25 de Abril, Melo Antunes, logo na noite após o 25 de Novembro de 1975, quando o PCP e a extrema-esquerda estavam destroçados, disse na televisão: Não há democracia sem o PCP. E com essa frase, apoiada, aliás, pelo PS e por todos os outros partidos, salvou a liberdade.
Eu vi nas manifestações que agora se chamam "grandoladas" cartazes a dizer "Basta de Governos de direita". Mas, por muito mau que este Governo seja (e tem sido bastante), não há democracia sem governos de direita e governos de esquerda. E não há democracia se os governos, de qualquer cor, não forem apenas derrubados nos estritos termos constitucionais.
Também não há democracia sem manifestações populares, por muito que elas custem aos governantes. Pelo que os ministros têm de saber conviver com elas e querer conviver com elas, no caso de sentirem ministros de uma democracia. Mas não há democracia se essas manifestações se destinarem a retirar o primordial direito da liberdade a outros, ainda que ministros.
Não há democracia se os jornalistas não defenderem o primado da liberdade de expressão acima de quaisquer considerações políticas.
Como diz hoje Francisco Assis no "Público" (e cito um dirigente do PS insuspeito de gostar de Relvas), o ministro "foi vítima de atos civicamente inaceitáveis e, por isso mesmo, absolutamente condenáveis. O resto não é para aqui chamado". Posso dizê-lo mais alto, mais vezes, mas não o posso dizer melhor!
Podem dizer "Que se lixe a troika" e podem até mandar a troika lixar-se. Mas vão ter de o fazer nas cabines de voto! Porque em democracia esse é o modo - o único - de mandar alguém embora!
E se me vierem dizer que a democracia não dá de comer a ninguém, eu repondo sem hesitar: todas as ditaduras - todas elas, da esquerda à direita - causaram mais miséria do que a mais miserável das democracias. O resto é conversa de quem quer enganar, porque não são apenas os governos que mentem."

Henrique Monteiro in Expresso

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Recolhas do dia de hoje - 3

" Os símbolos são aspetos importantes da vida em sociedade, todos o sabem. Ora Relvas tornou-se neste Governo um símbolo. Porque é trapalhão, porque é e sempre foi um boy, porque tem um curso à trouxe-mouxe e porque é suspeito de imiscuir-se nos conteúdos da informação pública, como a RTP ou a LUSA.
Relvas há muito devia ter saído do Governo pelo próprio pé - ou a mando do primeiro-ministro. Mas ficou. E, no auge da impopularidade do Executivo, no cume da sua própria desgraça, renasce pela mão de uns contestatários que lhe cantam o Grândola, chamam-lhe fascista e ladrão (o primeiro adjetivo não cola pela certa) e o impedem de falar. E Relvas, que já tinha demonstrado, como diz quem o conhece, saber engolir elefantes, hipopótamos e tiranossauros rex, ressurge. Sem jeito, sem voz para cantar, sem nada que se veja, mas com calma, pedindo mesmo ao organizador do Clube dos Pensadores (que nome!) para não chamar a polícia. No meio do desacato, tanto no Porto como em Lisboa, se fosse necessário identificar um malfeitor, não seria ele por certo.
E isto é um favor que se lhe faz. Se eu fosse do estilo de levar a teoria da conspiração aos limites, diria que aqueles jovens estavam ao seu serviço.
Acontece, ainda, que Relvas é um seguro (hony soit..) do Governo. Basta sair à rua e dizer umas coisas para entre canções e insultos, ninguém se lembre que andam por aí a cortar quatro mil milhões. E, já agora, para que alguns, os mais velhos, recordem que quando era "o povo a mandar" (não no sentido democrático do termo, mas no sentido de poder da rua), esse "povo" não queria eleições, nem pluralismo, nem imprensa livre. E nesse momento possamos, a contragosto, tendo em conta a figura, pensar que antes o Relvas que tais selvas..."   "
Henrique Monteiro in Expresso

Recolhas do dia de hoje - 2

Os chapitôs que decidiram que os ministros não podem falar e que querem que as "políticas de Direita" acabem, mandam alegremente no quotiidiano. Até ao dia em que se meterem com a esquerda bem pensante e interromperem colóquios sobre a marginalidade dos grafittis na identiidade do género e o seu impacte na poesia chilena. Aí veremos o que dizem os repórteres que lá estiverem a cobrir os acontecimentos. "

Pedro Boucherie Mendes in Facebook

Recolhas do dia de hoje - 1

Hoje lembrei-me de Voltaire. Do que ele disse: "Posso não concordar com nenhuma das palavras que você disser, mas defenderei até a morte o direito de você dizê-las." Porque encontrei, nos jornais e aqui pelo Facebook ou pelo Twitter, demasiada gente a criticar o Relvas (indivíduo que defendo há mais de um ano que deve demitir-se e que acho implicar um ónus moral para o Governo) e a esquecer-se de que aquilo que fez aquele grupo de radicais é intolerável numa democracia. Uma coisa é um protesto, outra é impedir alguém de falar. Isso é autoritarismo populista, e só lamento ter visto demasiados jornalistas - que deviam defender antes do mais a liberdade de expressão - a reportarem o caso de forma simpática. Eu ainda me lembro de como este tipo de "mobilização de massas" em "nome do povo" acabou com o velho República e expulsou a sua redacção..."

José Manuel Fernandes in Facebook


Felizmente há políticos que fazem a diferença

É por isto que nem tudo no Partido Socialista é mau e nem tudo no PSD é bom.
Actualmente vivemos uma partidocracia que mais parece uma claque de futebol onde ou se é a favor ou se é contra: tudo o que a governação faz ou é 100% acertada ou 100% errada, dependendo do lado em que se está, sem se tentar perceber o porquê ou a aplicabilidade das medidas.
É bom dialogar,  discutir; é do confronto de ideias que brotam novidades e é essa a política que vale a pena ser vivida.

A mercearia - 6


Há dias contaram-me uma história, a qual fui procurar na web e trago-a para aqui:
Certa vez fizeram um teste com macacos. Cinco macacos em uma pequena sala. No meio da sala havia uma escada. No topo da escada havia um belo cacho de bananas.
Os macacos ao verem as bananas subiam a escada, porém uma pessoa com um jacto de água muito forte derrubava-os da escada e molhava todos os outros.
Passava o tempo outro tentava subir: a pessoa derrubava o macaco e molhava todos os outros.
Chegou um tempo em que um dos macacos foi subir só que os outros bateram nele, impedindo assim que o tal macaco subisse a escada, pois sabiam que iam ser todos molhados.
Retiraram dois macacos e colocaram dois novos macacos.
Os dois que entraram não sabiam de nada e foram subir na escada. Resultado? Levaram porrada dos outros três macacos.
Trocaram os outros três macacos. Os outros três macacos não sabiam de nada, porém ao subirem a escada os outros dois macacos impediam, dando porrada nos outros três. 
Resumindo. Todos macacos foram trocados. Os novos macacos não sabiam o motivo por que não podiam subir a escada. Porém não permitia que nenhum outro que aparecesse subisse!”.
Não sei se este estudo sobre a psicologia de grupo é verídico ou não mas, contudo, tenho a certeza que o resultado é: há muita gente que toma determinado tipo de acções sem saberem o porquê de as tomar, apenas e só porque outros dizem para o fazer, retaliando se não obedecerem.
Na vida e na política, por uma razão ou por outra, isto é normal. Quando se está na oposição há já quase 37 anos, é prática diária ter que se dizer mal (com ou sem razão); caso contrário, o restante grupo bate-lhe. Hoje em dia temos jovens que coabitam no mesmo grupo dos mais velhos, dos que até agora só perderam eleições; muitos deles nunca foram molhados mas agem como se tivessem sido, com os mesmos tiques e as mesmas angústias, o mesmo modo e método que fez com que a banana nunca fosse alcançada. Se não existirem ideias novas, dificilmente as pessoas irão acreditar neles… e continuam a dizer mal.
Mas se pensarmos bem, a arte de mal dizer é algo enraizado na nossa cultura. Tanto que temos jovens – bastante válidos a avaliar pelas suas carreiras académicas – que quando se encontram no exterior e lhes perguntam de onde são, respondem que são do Porto ou de Aveiro. Haverá forma mais ingrata de se honrar a sua terra, não a reconhecendo?! Ou quando lhes perguntam como é a sua terra, dizem prontamente que Oliveira de Azeméis é um beco cheio de buracos. Será que não temos mais do que isso?!
Bem sei que não é o paraíso no céu e Oliveira de Azeméis na Terra. Temos muitos problemas a resolver e que seria bom com um “estalar de dedos” eles estarem sanados. Mas o país não suporta mais isso, é necessária contenção. Apesar disso é bom sonhar, é bom prever; se assim for, estamos mais despertos para as oportunidades.
Também sei que é mais fácil dizer mal de alguma coisa que reconhecer o mérito a quem o merece, especialmente se for nosso conhecido.
Só não entendo este tipo de comentários e comportamento vir de parte de quem pensa que um dia poderá ter a seu cargo a responsabilidade de gerir o Concelho; se fosse numa conversa de café, ainda vá que não vá. Assim, parece, no mínimo, pouco responsável.
Contudo, infelizmente, nada disto é importante; todo este “dizer mal” não se destina a que os eleitores oiçam, destina-se a outra coisa. Vivemos uma partidocracia que mais parece uma claque de futebol onde ou se é a favor ou se é contra: tudo o que a governação faz ou é 100% acertada ou 100% errada, dependendo do lado em que se está, sem se tentar perceber o porquê ou a aplicabilidade das medidas.
Assim sendo, quando vemos jovens a dizerem mal da governação camarária, não o fazem no sentido que a sua voz seja escutada pelos eleitores nem, tão pouco, pela ausência total de ideias, por quem toma decisões, podendo e devendo ter mais uma opinião em conta. Quando vemos jovens a protestarem uma acção, um acto de gestão ou uma ideia, dizem-no tão e só para mostrar ao seu grupo que eles são iguais aos demais e que, apesar da banana estar por cima deles e tendo uma escada que os leva até ela, não vão ser eles a tentarem fazer algo diferente, sob pena de levarem porrada.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A mercearia - 4


Escrevo sobre política, de forma regular e declarada, desde 2009: criei um blog – omeupedelaranja.blogspot.com – e fui alimentando-o, com textos meus e imagens, vídeos, músicas, tudo o que eu visse que seria interessante para mostrar um ponto de vista ou ilustrar a minha opinião. Além de ser um dever que eu considero cívico, foi uma forma de eu efectivar a minha relação com a candidatura de Hermínio Loureiro à Câmara Municipal.
Findo o período das eleições, continuei a escrever no dito blog. Cheguei a ter uma “secção”, na altura mais acentuada da péssima governação de Sócrates, com o título “ Músicas para enfrentar a crise”.
Há dias, ao lembrar-me de Álvaro Cunhal – uma pessoa com quem sempre discordei tendo, também, a recordação de um homem que viu os seus sonhos desfazerem-se ao longo do tempo, sendo que, na altura da sua morte, o próprio já não deveria acreditar num mundo marxista-leninista.
Essa imagem fez-me pensar que ele era, acima de tudo, um homem íntegro; e Portugal teve vários homens íntegros no século XX.
Assim, criei outra secção chamada “Homens íntegros do século XX português”. O primeiro a ser relembrado nessa coluna foi Cunhal; seguiu-se Sá Carneiro, Duarte Pacheco, António José de Almeida, Salgueiro Maia e Adelino Amaro da Costa. Todos, infelizmente, deixaram-nos e, muitos deles, com muita pena minha e com muito pesar por Portugal, deixaram a obra inacabada e sem ninguém com força de a continuar.
O nome que se seguia na minha lista era o de Jaime Neves, a primeira fotografia de alguém ainda vivo. Não fui a tempo…
Tenho por Jaime Neves uma profunda admiração: foi à sua custa, ao seu amor à liberdade que hoje podemos entrar num regime democrático; foi graças à sua estratégia militar que, posteriormente, pudemos abraçar a Comunidade Europeia; foi graças à sua astúcia que hoje, todos os cidadãos portugueses e estrageiros, em território nacional, poderão dizer que têm um sistema justo que os protege numa lógica de direito/ dever/ obrigação. Caso contrário, a 25 de Novembro de 1975, caíamos em mais anos de trevas mas, dessa vez, entregues à oligarquia marxista-leninista.
A Democracia não é um sistema perfeito nem é um sistema barato. Contudo, é o menos imperfeito de todos os sistemas e a liberdade é algo que não tem preço.
Hoje em dia, alguns mal informados, outros muito bem informados e outros ressentidos, dirão que foi graças a ele que temos desigualdades, temos um Parlamento esbanjador, planos de reforma absurdos, uma moeda única que nos prejudica, etc. etc.. Hoje em dia, perante a crise, há quem defenda um regresso ao antigamente – ao salazarismo ou a 1917 ou a algo escrito mas nunca colocado em prática que é o anarco-sindicalismo – com ideias de uma elite a mandar e toda a gente a trabalhar, muito e a ganhar pouco, esquecendo-se de tudo o que foi conquistado a 25 de Abril de 1974 e efectivado a 25 de Novembro de 1975.
Eu, felizmente, não vivi esses tempos; contudo não esqueço aqueles que poderão ser considerados heróis pela vida que temos. Jaime Neves é um deles.
Se hoje podemos votar livremente, devemos a Jaime Neves; se hoje podemos dizer mal, ou dizer bem da forma o mais desinteressada possível, do Governo, devemos a Jaime Neves; se podemos ver os soldados nos quartéis, devemos a Jaime Neves.
Quando penso em igualdade vem-me uma frase à cabeça: vivo num país em que o pai do Presidente da República era gasolineiro. Não era rei, conde ou barão, não era um grande industrial ou um intelectual lido e admirado: era alguém do povo e do povo saiu o chefe máximo da nação.
Jaime Neves abriu caminho a que outros instalassem um sistema que, por muito imperfeito que seja, me permite ter um blog e escrever nele o que me apetece desde que seja verdadeiro; se não for, sei que poderei ser chamado à justiça e que a mesma me julgará como deverá julgar outro cidadão qualquer.

João Rebelo Martins in Politica Queira Mais

Ok, o Franquelim demite-se, mas quem se fuzila?


"Importam-se de me explicar melhor o caso Franquelim? Eu não o conheço, nunca o vi na vida, apenas sei que ele foi administrador da SLN. Entrou em janeiro de 2008, um mês antes da saída de Oliveira Costa (que foi substituído por Abdool Vakil). Em Junho do mesmo ano, Miguel Cadilhe entrou para presidente da SLN e BPN, saindo Vakil. Nessa mesma altura, a administração comunica ao BdP o escândalo do Banco Insular. Em outubro, Franquelim abandonou a SLN; em novembro o banco foi nacionalizado.
Franquelim foi ouvido no Parlamento a 24 de março de 2009, na Comissão de Inquérito, onde foram ouvidas diversas pessoas. Disse que o maior erro da sua vida foi ter aceitado aquele lugar e que se soubesse o que lá se passava "jamais teria postos os pés naquela casa". Quando lhe perguntam porque só em junho se denunciaram as irregularidades, ele respondeu que só no final de maio teve a certeza de que aquilo que se dizia era verdade. Ok. Franquelim demorou seis meses a ter a certeza. E Constâncio? E o Banco de Portugal? E as diversas instituições, inclusive do Estado, que tinham negócios com o BPN? E Cavaco Silva?
Não faço ideia da competência de Franquelim, mas pela informação disponível que tenho, se por isto ele é suspeito, muita gente merecia ser julgada, presa e até fuzilada! É que não encontro nos relatos nada que o possa condenar. A menos, que na fúria irracional que por aí vai, desconfiemos de todos - mas todos - os que passaram pelo BPN e pela SLN; de todos os que o deviam ter regulado e não o fizeram, de todos os que contribuíram para a sua nacionalização (e aí, sim, perdemos nós contribuintes, muito dinheiro) e de todos os que tiveram a mais remota ligação com estas empresas. Mas, nesse caso, caros leitores, vai meio país preso... sem garantias de que alguém que sobeje seja mais sério do que o dito Franquelim.
Eu sei que nada disto é popular, mas o enorme escândalo que é o BPN tem culpados a sério. Não me parece que algum deles se chame Franquelim..."
Henrique Monteiro in Expresso