Meus Caros amigos, começo esta crónica com um desafio: vão à
La-Salette, à zona do miradouro e olhem um pouco para a Vossa esquerda.
O que vão ver, ao fundo, entre duas fragas, é a ribeira de
Cidacos: um local calmo, com água fresca, que, em tempos, foi intervencionado
pela Câmara Municipal, criando-se ali uma zona de convívio; umas mesas de
piquenique, junto à cascata da ribeira e outras, de madeira, um pouco mais a
baixo.
Se olharem bem, conseguem traçar uma linha recta, por uma
zona de floresta e campos, praticamente desabitada, entre o parque e a ribeira.
Se olharem e se sonharem, como eu faço de cada vez que lá vou, poderão imaginar
o parque de La-Salette, prolongado até à ribeira de Cidacos.
O parque, devido a muitas obras que se deixaram fazer em torno
dele, deixou de ser um ex-libris verde para ser um local de culto e um “centro
lúdico” para todos quanto o visitam. Continua a ter árvores, é certo, mas,
porventura, não estão tão cuidadas como se poderiam estar.
O prolongamento do parque até à ribeira de Cidacos seria uma
oportunidade para devolver o verde ao parque, para se criar um parque único,
botânico, vocacionado para o estudo e para o turismo. Nas cidades vizinhas – S.
João da Madeira e Vale de Cambra – existem os apelidados “ Parque da Cidade”,
vocacionados para a actividade física. Será que são diferenciadores? Eu penso
que não. Penso que serão importantes para as comunidades locais mas
infra-estruturas idênticas em tão curto espaço territorial, além de redundante,
não me parece que acrescentem valor ao EDV. Para Oliveira de Azeméis temos que
pensar algo diferente, que se adapte à nossa história e à nossa cultura.

Foram emigrantes oliveirenses no Brasil que enviaram as
árvores que ainda hoje crescem na La-Salette; é devido a isso que em Oliveira
de Azeméis existem árvores únicas na Europa. A história poder-se-á repetir:
trazer árvores exóticas, catalogadas, plantando-se em alamedas identificadoras
do local de origem.
A criação de jardins típicos de outros locais do mundo. Para
um japonês o paisagismo é uma elevada forma de arte, conseguindo, num curto
espaço, expressar a essência da natureza de forma harmoniosa com a paisagem
local. Um jardim japonês, por exemplo, com um lago de carpas, bambus,
cerejeiras ou acer vermelho.
A edificação de estufas, em vidro “oliveirense”, onde
poderão florescer orquídeas. A edificação de uma estrutura de apoio com
laboratórios que permitam o estudo e a monitorização do parque porque é
necessário controlar a criação destes ecossistemas para que eles não interajam
com o ecossistema local.
A criação deste “novo” parque tem que respeitar o actual
parque. Assim, o parque começaria a seguir à “Casa do Mateiro” e o acesso à
capela, estalagem e piscina seria livre, como hoje, mas com a particularidade
de se ter que fazer sem carros.
A partir deste ponto seria necessário pagar a entrada. Já
estive em alguns parques naturais e botânicos em três continentes e o acesso
era sempre limitado e/ou pago. É uma forma de preservar os parques e, também,
fazer com que as pessoas dêem real valor ao que estão a visitar.
Dentro do “novo” parque as pessoas circulariam a pé, por
entre a floresta, e seriam criados transportes especiais no seu interior,
complementando os percursos pedestres, como sendo um funicular ou um
teleférico. A passagem pela variante seria superior, sendo mais barata que uma
passagem inferior, ajudando a divulgar ainda mais o parque, junto de todos os
que seguiriam para a auto-estrada e Vale de Cambra.
A criação do parque botânico de La-Salette não é barata mas
poderá ser levada em conta no médio prazo: Portugal não vai viver eternamente
em crise, poderão ser disponibilizados fundos europeus e grande parte do
trabalho é feito com técnicos que já se encontram nos quadros da Câmara
Municipal – arquitectos paisagistas, jardineiros, pessoal administrativo e
pessoal não diferenciado.
A criação do parque botânico de La-Salette deverá ser uma
ideia a ter em conta quer pela importância que poderá ter para o turismo
regional e a economia local que depende directa e indirectamente dele mas,
sobretudo, para a própria manutenção da actual La-Salette.
in Politíca Queira Mais