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sexta-feira, 8 de março de 2013

A mercearia - 9



Meus Caros amigos, começo esta crónica com um desafio: vão à La-Salette, à zona do miradouro e olhem um pouco para a Vossa esquerda.
O que vão ver, ao fundo, entre duas fragas, é a ribeira de Cidacos: um local calmo, com água fresca, que, em tempos, foi intervencionado pela Câmara Municipal, criando-se ali uma zona de convívio; umas mesas de piquenique, junto à cascata da ribeira e outras, de madeira, um pouco mais a baixo.
Se olharem bem, conseguem traçar uma linha recta, por uma zona de floresta e campos, praticamente desabitada, entre o parque e a ribeira. Se olharem e se sonharem, como eu faço de cada vez que lá vou, poderão imaginar o parque de La-Salette, prolongado até à ribeira de Cidacos.
O parque, devido a muitas obras que se deixaram fazer em torno dele, deixou de ser um ex-libris verde para ser um local de culto e um “centro lúdico” para todos quanto o visitam. Continua a ter árvores, é certo, mas, porventura, não estão tão cuidadas como se poderiam estar.
O prolongamento do parque até à ribeira de Cidacos seria uma oportunidade para devolver o verde ao parque, para se criar um parque único, botânico, vocacionado para o estudo e para o turismo. Nas cidades vizinhas – S. João da Madeira e Vale de Cambra – existem os apelidados “ Parque da Cidade”, vocacionados para a actividade física. Será que são diferenciadores? Eu penso que não. Penso que serão importantes para as comunidades locais mas infra-estruturas idênticas em tão curto espaço territorial, além de redundante, não me parece que acrescentem valor ao EDV. Para Oliveira de Azeméis temos que pensar algo diferente, que se adapte à nossa história e à nossa cultura. 
Com o prolongamento do parque tem que se pensar, desde logo, em aspectos estratégicos e práticos, para que tudo tenha sentido e aplicabilidade: o parque seria botânico, um polo capaz de captar turistas de Portugal e da Europa, que seja possível aprofundar o conhecimento e a ligação às universidades como, por exemplo, potenciar o estudo de interacções que provoquem a doença alérgica.    
Foram emigrantes oliveirenses no Brasil que enviaram as árvores que ainda hoje crescem na La-Salette; é devido a isso que em Oliveira de Azeméis existem árvores únicas na Europa. A história poder-se-á repetir: trazer árvores exóticas, catalogadas, plantando-se em alamedas identificadoras do local de origem.
A criação de jardins típicos de outros locais do mundo. Para um japonês o paisagismo é uma elevada forma de arte, conseguindo, num curto espaço, expressar a essência da natureza de forma harmoniosa com a paisagem local. Um jardim japonês, por exemplo, com um lago de carpas, bambus, cerejeiras ou acer vermelho.
A edificação de estufas, em vidro “oliveirense”, onde poderão florescer orquídeas. A edificação de uma estrutura de apoio com laboratórios que permitam o estudo e a monitorização do parque porque é necessário controlar a criação destes ecossistemas para que eles não interajam com o ecossistema local.
A criação deste “novo” parque tem que respeitar o actual parque. Assim, o parque começaria a seguir à “Casa do Mateiro” e o acesso à capela, estalagem e piscina seria livre, como hoje, mas com a particularidade de se ter que fazer sem carros.
A partir deste ponto seria necessário pagar a entrada. Já estive em alguns parques naturais e botânicos em três continentes e o acesso era sempre limitado e/ou pago. É uma forma de preservar os parques e, também, fazer com que as pessoas dêem real valor ao que estão a visitar.
Dentro do “novo” parque as pessoas circulariam a pé, por entre a floresta, e seriam criados transportes especiais no seu interior, complementando os percursos pedestres, como sendo um funicular ou um teleférico. A passagem pela variante seria superior, sendo mais barata que uma passagem inferior, ajudando a divulgar ainda mais o parque, junto de todos os que seguiriam para a auto-estrada e Vale de Cambra.
A criação do parque botânico de La-Salette não é barata mas poderá ser levada em conta no médio prazo: Portugal não vai viver eternamente em crise, poderão ser disponibilizados fundos europeus e grande parte do trabalho é feito com técnicos que já se encontram nos quadros da Câmara Municipal – arquitectos paisagistas, jardineiros, pessoal administrativo e pessoal não diferenciado.
A criação do parque botânico de La-Salette deverá ser uma ideia a ter em conta quer pela importância que poderá ter para o turismo regional e a economia local que depende directa e indirectamente dele mas, sobretudo, para a própria manutenção da actual La-Salette. 


in Politíca Queira Mais

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Azeméis com crescimento sustentado - IV

Para quarto e último texto sobre o crescimento sustentado em Oliveira de Azeméis, sobre as oportunidades criadas pelo poder político e a forma como os empresários oliveirenses as aproveitaram em prol do desenvolvimento local e a melhoria das condições de vida dos oliveirenses, ficou o turismo.
Desde os idos anos 90, com Alfredo César Torres como Secretário de Estado do Turismo, lançando a campanha " Vá para fora cá dentro", que Portugal começou a olhar para o turismo como uma indústria capaz de gerar receitas visíveis. Já existia essa experiência da época do Estado Novo mas só em locais muito específicos como o Estoril e a ilha da Madeira. O Algarve veio mais tarde, pelo rasgo de Cupertino de Miranda e André Jordan.
O que fez César Torres foi catapultar as capacidades turísticas de todo o país pois previa-se um intenso desenvolvimento económico nesta área específica. César Torres tinha a grande vantagem de, como ex-piloto de automóveis e como organizador das grandes provas automobilísticas em Portugal, como sendo o Rali de Portugal Vinho do Porto, conhecer o país de lés-a-lés, por carro, por estradas inenarráveis de tão duras que eram, mas que passavam por aldeias cristalizadas no tempo, por paisagens que hoje em dia são património mundial da humanidade e dando a conhecer a gastronomia das regiões.
Comecei por referir a visão de César Torres porque a podemos transpor para Oliveira de Azeméis e podemos facilmente observar que tudo aquilo que César Torres descobriu em Portugal e que foi capaz de dinamizar uma campanha, existe em Oliveira de Azeméis e, acredito, seja capaz de dinamizar os oliveirenses em torno da sua terra, potenciando a qualidade dos serviços e trazendo mais visitas de pessoas da região.
Oliveira de Azeméis tem actualmente um Parque Molinológico em Ul, onde os visitantes podem apreciar a beleza dos moinhos, aprender como se faz o famoso pão-de-Ul e provar esta iguaria juntamente com a regueifa. Além disto, Ul vai ser considerada Aldeia de Portugal.
No centro de Oliveira de Azeméis mistura-se, por exemplo, o traço do Arquitecto Siza Vieira, a presença milenar de um marco romano, a Galeria Tomás Costa e um stick de hóquei, edificado durante o Mundo de 2003 e que está no Livro Guinness por ser o maior do mundo.
No topo de Oliveira de Azeméis, uma capela em Art Deco, rodeada por árvores exóticas trazidas pelos emigrantes no Brasil: Muitas das árvores que florescem no Parque de La-Salette são únicas na Europa.
A Sudeste do concelho, em Palmaz, é possível caminhar pelas margens do Caima e, subindo até à freguesia de Ossela, deparamo-nos com a casa onde nasceu Ferreira de Castro.
A resposta hoteleira por todo o concelho é do mais alto nível, com o hotel rural em Palmaz, o hotel Dighton em Oliveira de Azeméis, e muitos restaurantes e tasquinhas, desde Loureiro a Cucujães, passando por Cesár, Cidacos, Ul, Fajões, Santiago, S. Roque e por aí fora...
Na gastronomia, além do pão e da regueifa de Ul, do queijo e da cerveja de Ossela, dos Beijinhos de Azeméis, Zamacóis ou os Formigos Cesarenses, o ex-libris são as Papas de S. Miguel, feitas de farinha de milho, nabiça e carne em vinha-de-alhos, tendo já uma confraria que honra e mantém a tradição deste prato típico.
Esta é a capacidade instalada do concelho de Oliveira de Azeméis, no que toca ao turismo.
No entanto, como promoção do concelho, por estratégia, por forma a dar voz a todas estas singularidades, há a aposta constante em eventos que potenciam as tradições.
Eventos como a Volta a Portugal em Bicicleta, o Mercado à Moda Antiga, Noite Branca, a transmissão de programas de grande audiência a partir de Oliveira de Azeméis, como sendo a Praça da Alegria e o Portugal no Coração, a presença do concelho na Bolsa de Turismo de Lisboa e em demais eventos relacionados turismo regional, como foi, por exemplo, a presença na loja do Turismo Porto e Norte, no aeroporto Francisco Sá  Carneiro, entre muitos outros.
Mais uma vez, aos oliveirenses, foram dadas ferramentas úteis para que possam desenvolver a actividade económica do turismo, com isso, valor e mais oportunidades de emprego.
No meu entender existem apenas duas lacunas que poderiam catapultar ainda mais o turismo oliveirense: a criação de um verdadeiro museu - regional ou em honra dos artistas locais como o Paulo Neves ou o Luís Darocha - e a melhoria da ligação a Espinho/ Porto através da modernização e optimização da linha do Vouga.
Termino como o fiz há dias: apesar da crise e das dificuldades, Oliveira de Azeméis tem gente audaz e trabalhadora, tem meios de desenvolvimento, ferramentas, que nos possibilitam olhar o futuro com esperança, numa perspectiva de consolidação económica e que trará melhores condições de vida a todos.