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segunda-feira, 30 de setembro de 2013
E agora?!

segunda-feira, 5 de agosto de 2013
Os amanhãs que cantam
"Há uma obscena falta de vergonha incrustada no texto da moção de confiança que o Governo vai apresentar e que, por si só, é um retrato de uma política que, após as ingenuidades e ignorâncias iniciais, tem sido feita pelo dolo, para a manipulação e para o engano. Que haja intelectuais por detrás desta mistificação, faz-me confirmar uma velha desconfiança quanto à corrupção que a ambição traz ao pensamento. E mais: com esta moção, todos os membros do Governo passam a ser versões de Paulo Portas e a reverem-se no modelo de duplicidade sobrevivente do "irrevogável".
O que esta moção nos diz é uma completa mistificação desde a primeira letra. Diz-nos que havia um ciclo político pensado em duas fases: uma, o cumprimento do "programa", outra, o desenvolvimento e o crescimento. A crise governativa das últimas semanas foi o rito de passagem, a perda da pele da serpente, que permitiu abandonar a velha pele, para fazer reluzir a segunda. Ou seja, ainda bem que houve esta crise, catártica na sua bondade, para podermos, limpos e lustrais, apresentar um "novo ciclo" aos portugueses. Nada disto é verdade, nem o "programa" foi cumprido, bem longe disso, nem este "novo ciclo" estava previsto nestes termos na programação governativa, nem as vítimas da "austeridade" podem esperar qualquer alívio, nem as vítimas que se seguem, as da "reforma do Estado", podem escapar à desvalorização do seu trabalho e ao desemprego. O programa real continua, o virtual vem aí. Só que não é para os mesmos.
O que esta moção nos diz é uma completa mistificação desde a primeira letra. Diz-nos que havia um ciclo político pensado em duas fases: uma, o cumprimento do "programa", outra, o desenvolvimento e o crescimento. A crise governativa das últimas semanas foi o rito de passagem, a perda da pele da serpente, que permitiu abandonar a velha pele, para fazer reluzir a segunda. Ou seja, ainda bem que houve esta crise, catártica na sua bondade, para podermos, limpos e lustrais, apresentar um "novo ciclo" aos portugueses. Nada disto é verdade, nem o "programa" foi cumprido, bem longe disso, nem este "novo ciclo" estava previsto nestes termos na programação governativa, nem as vítimas da "austeridade" podem esperar qualquer alívio, nem as vítimas que se seguem, as da "reforma do Estado", podem escapar à desvalorização do seu trabalho e ao desemprego. O programa real continua, o virtual vem aí. Só que não é para os mesmos.
Cumpriu-se o "programa", apesar de nenhum dos números do défice e da dívida ter sido atingido? Podemos "regressar aos mercados"? Obtiveram-se os resultados miraculosos do "ajustamento"? Bem pelo contrário, o que Passos, Gaspar, Moedas e outros pensavam, em completa consonância com a troika, é que após uma varredela para o lixo da economia "ultrapassada", após o desmantelamento do Estado social, após a inversão das relações de poder na legislação laboral, após o fim dos "direitos adquiridos", depois da "libertação" da sociedade do Estado, após o "ajustamento" dos portugueses a viverem "de acordo com as suas posses", muito poucas, aliás, a economia exportadora, a economia desenvolvida tecnologicamente, a sociedade dinâmica dos "empreendedores" esmagasse os "piegas", sem que o Estado tivesse qualquer outro papel do que garantir a ordem pública e a hierarquia social estabelecida. O "arranque" viria da sociedade "libertada", e nunca jamais, em tempo algum, o Estado voltaria a ser "desenvolvimentista".
Ora isto não aconteceu, nem podia acontecer, houve demasiadas "surpresas" e estes homens ficaram presos nas ruínas do seu discurso, arrastando-o, já não para construir o seu modelo utópico, mas para encobrir e remediar os estragos do que tinham feito. Já há algum tempo que as medidas sucessivas de austeridade se destinam não a qualquer "ajustamento", mas a tapar a ineficácia das anteriores. Gaspar percebeu isto e percebeu que o primeiro-ministro já estava a hesitar com o partido e eleições, e como precisava de uma determinação absoluta, foi-se embora.
Passos ficou no ar, entre um discurso cuja simplicidade e "economês", feito de algumas leituras sobre Singapura, lhe era atractivo e as pressões partidárias e atribulações governativas. Continua no ar, lançando mais confusão do que clareza -, o discurso partidário de ruptura das conversações é o oposto do texto da moção de confiança e só passou uma semana - mas, como sempre disse, nunca me convenceram pessoas que se tornam ideólogos de uma coisa, quando essa coisa está na moda. E por isso, o Passos desenvolvimentista e socrático contra Manuela Ferreira Leite pode regressar a qualquer momento, até porque não foi assim há muito tempo.
Não é hoje tão fácil fazer estas inflexões quando se tem o lastro dos desastres cometidos, mas não é impossível. No fundo, todos eles são Paulo Portas. A verdade é que Passos aprovou uma moção de confiança que, se tomada a sério, é uma crítica dura aos seus desvarios de engenharia utópica. Substituir Gaspar por Maduro, ambos tendo influência por via da insegurança académica de Passos, a mesma que o faz entrar mudo e sair calado dos Conselhos Europeus, pode ser reconfortante como mentor, mas não chega. E, por isso, o discurso governamental vai-nos dizer à saciedade que saímos de uma encruzilhada "má" para uma estrada "boa". Com a capacidade que tem a comunicação social para reproduzir a linguagem do poder, esta propaganda vai ser repetida sem prudência. Até ao dia em que tombará e o contrário será a norma. Tem sido sempre assim, com Sócrates e Passos, não vai ser diferente.
Claro que haverá algumas "medidas", nos impostos para as empresas, no IVA da restauração, na concertação social, com uma UGT desejosa de voltar ao "consenso", com um PS cujo compromisso real com este "novo ciclo" desconhecemos. E vamos admitir que há mesmo "sinais" de alguma recuperação da economia, como nos diz a propaganda governamental, seleccionando para o efeito os indicadores positivos e não falando dos negativos. Vamos admitir que estamos na véspera de uma "mudança", de "uma segunda oportunidade", de "uma nova fase". Vamos admitir isso tudo, mas não vamos admitir que nos digam que isso significa o que nos querem dizer que significa.
Vamos admitir que o "pior já passou", mesmo que se trate apenas de bater no fundo. Claro que há-de haver uma altura - não sei se ainda esta -, em que, estando tudo mal, já não se pode piorar. Na verdade, não é bem assim, pode-se sempre piorar, basta a passagem do tempo para o fazer. Um ano de empobrecimento não é a mesma coisa que três e quatro, e estar desempregado a única dinâmica que conhece é o passar do tempo, para pior.
Olhando estes "sinais", as perguntas que temos que fazer são duas. Uma, o que é que ficou para trás destruído sem recuperação, cujos restos estão por todo o lado, e como é que eles vão envenenar o presente e o futuro? Outra, bem mais importante e "subversiva", é que, se houver "recuperação", quem é que dela beneficia? A resposta politicamente correcta é que beneficia a todos. A resposta verdadeira é que a poucos, muito poucos, e aos mesmos de sempre. Talvez umas migalhas cheguem aos de baixo, ou nem isso, porque eles podiam lembrar-se de comprar electrodomésticos e lá se vão os números das importações.
Numa sociedade em que se agravaram os factores de exclusão e em que uma parte importante - classe média, desempregados, "novos pobres", mundo do trabalho desprotegido - perdeu todo o poder, os frutos de qualquer tímida "recuperação" seguirão as linhas de água profunda cavadas pela ruptura social na sociedade portuguesa e correrão para onde sempre correram.
Este óbvio facto, de que ninguém que levou com a "crise" em cima vai beneficiar dos "sinais" em tempo da sua vida, é ocultado por um discurso político que foi reduzido nestes últimos anos ao "economês". Esse discurso não se vai embora apenas porque passamos a ter uma retórica política que fala do "crescimento" em vez do "rigor orçamental". Bem pelo contrário, pode até reforçar-se, moldando o modo como se vai ver a "recuperação" e os seus frutos, legitimando a continuação da austeridade para os mesmos e "libertando" alguns de impostos, regulações, limitações, leis. Leis, no limite da Constituição, um dos programas escondidos das "negociações" com o PS.
O "novo ciclo" do Governo, naquilo que não é pura sobrevivência eleitoral, mas discurso de feiticeiro, serve para reciclar a linguagem do poder aos mesmos interesses de sempre. Mas a sua fragilidade é a mesma do discurso do "rigor orçamental". É mais agradável de ouvir, mais enleante, leva o PS à ilharga, foge da agressividade militante da engenharia utópica Passos-Gaspar, mas destina-se a manter o mesmo círculo de ferro que captura a democracia portuguesa por um establishment financeiro e de grandes empresas nacionais (cada vez menos) e estrangeiras, e de uma elite que aceita servi-las e aceita os seus limites de fogo daquilo que se pode ou não fazer.
Visto de longe, sanitariamente de longe, este Governo, para se manter, fez todos os tratos com Cassandra e abriu todas as caixas de Pandora. É só esperar pelos resultados do "novo ciclo"."
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A mercearia - 20
No passado dia
15,o Caracas estava a abarrotar.
Muita gente que
normalmente vota no CDS, PS e PCP; de bandeira em riste e afirmando ir votar
PSD e Hermínio Loureiro nas próximas autárquicas.
O slogan de campanha, que aponta o passado e perspectiva o futuro, é perfeitamente adequado ao momento que vivemos e que vamos viver; Hermínio Loureiro com um discurso muito bem estruturado e assertivo deu aso a toda a dimensão linguística de “Um bom Presidente”.
Ainda sobre o slogan, quem diz " Um bom Presidente" não é Hermínio Loureiro: são as pessoas anónimas que todos os dias vivem com o resultado da sua gestão. O meu caro amigo Hermínio não tem que se colocar em bicos de pés e afirmar coisas que mais ninguém sonha, só para dizer que é bom; os oliveirenses fazem-no com orgulho.
O slogan de campanha, que aponta o passado e perspectiva o futuro, é perfeitamente adequado ao momento que vivemos e que vamos viver; Hermínio Loureiro com um discurso muito bem estruturado e assertivo deu aso a toda a dimensão linguística de “Um bom Presidente”.
Ainda sobre o slogan, quem diz " Um bom Presidente" não é Hermínio Loureiro: são as pessoas anónimas que todos os dias vivem com o resultado da sua gestão. O meu caro amigo Hermínio não tem que se colocar em bicos de pés e afirmar coisas que mais ninguém sonha, só para dizer que é bom; os oliveirenses fazem-no com orgulho.
É o meu
candidato. Digo-o.
Sobre as
eleições autárquicas, relembro aqui um texto que escrevi em Novembro de 2012,
aquando a visita de Jerónimo de Sousa a Oliveira de Azeméis – fui ao comício do
PCP porque apesar das diferenças ideológicas, considero Jerónimo de Sousa
uma pessoa séria e integra para com os ideais que defende, tendo eu, aí, a
oportunidade de o ouvir in loco, sem o spin e/ou cortes jornalísticos -,
em que referia que, nas próximas
eleições autárquicas, os oliveirenses deverão escolher entre um partido
social-democrata e um partido comunista ortodoxo, já que todos os outros
partidos – as cúpulas nacionais - não conhecem Oliveira de Azeméis e as
necessidades e desejos das suas gentes.
Disse isto em
Novembro e reafirmo agora porque, num período em que ninguém andava atrás de
votos, o PSD oliveirense tinha trazido a Oliveira de Azeméis Marco António
Costa, Miguel Relvas e Marques Mendes, para citar alguns exemplos – o líder partidário
é Primeiro Ministro e não se deve deslocar de forma abusiva a acções
partidárias – e o PCP trouxe Jerónimo de Sousa.
Este tipo de
acções servem para mostrar Oliveira de Azeméis “aos senhores de Lisboa” ao
mesmo tempo que as concelhias demonstram, bem, o seu poder dentro das
estruturas nacionais e, com isso, mostrarem a “quem manda” os problemas reais
dos seus concidadãos. É o levar para as sedes nacionais os problemas da chamada
província.
Enquanto isto
se passou, o PS trouxe a Oliveira de Azeméis Francisco Assis – (in)felizmente
muito longe da actual direcção socialista e da concelhia oliveirense e do Bloco
não veio nem Louçã, nem João Semedo nem Catarina Martins.
Posteriormente
ao texto, em Fevereiro, o euro-deputado Nuno Melo esteve em Oliveira de Azeméis
aquando a posse da concelhia popular.
Assim sendo,
por parte dos principais partidos políticos portugueses, os únicos que merecem
respeito por parte dos oliveirenses, os únicos que tiveram pessoas da liderança
partidária a usarem o seu tempo para visitarem Oliveira de Azeméis e
inteirarem-se dos problemas das pessoas de cá, são o PSD, PCP e CDS.
Hermínio
Loureiro é o meu candidato e aproveito este espaço para felicitar a candidatura
do João – conhece-o desde a altura do colégio – à Câmara Municipal, desejando
que as suas intervenções venham alargar o espaço de debate e a troca de ideias,
a bem dos oliveirenses.
sábado, 6 de julho de 2013
A mercearia - 19
Estamos a poucos dias das eleições autárquicas -90, mais
dia, menos dia – e é natural e salutar que os partidos, os candidatos e as suas
listas aos diversos órgãos comecem a aparecer e a comunicar com o público: o
seu e o dos outros, tendo em vista a vitória nas próximas eleições.
É um jogo de estratégia, de cor e de palavras que, quando é
sério, é bastante digno. Pela minha curiosidade e paixão pela política,
colecciono de há anos a esta parte merchandising político das mais variadas
campanhas: desde autárquicas portuguesas a presidenciais angolanas, passando
pelos processos eleitorais intermédios no Brasil, as primárias Norte Americanas
ou a propaganda do Estado Novo, do MFA e do Partido Comunista Chinês.
São pequenos objectos e textos usados pelos partidos tendo
em vista a exposição pública; é bom que as pessoas saibam em quem votam e por
que é que votam. Mas, para mim, é também um acervo capaz de servir de objecto
de estudo a todos quantos queiram estudar a comunicação/ propaganda dos
partidos políticos.
Em Oliveira de Azeméis, o concelho que mais me interessa,
quem, até ao momento, mais fez pela sua imagem em pré-campanha, foi Joaquim
Jorge Ferreira – engenheiro -, candidato do Partido Socialista, tendo afirmado
ao Correio de Azeméis “ esta campanha não visa eleger quem mostra ter mais
meios ,(…) Ninguém entende que, perante a actual crise, um partido desbaratar
milhares de euros em campanha…”.
Já há sede de campanha, site, página no Facebook e muitos
outdoors espalhados pela cidade.
Por cima de um fundo azul – deve ser moda, da esquerda à
direita, nestas eleições, porque quase todos utilizam um fundo azul!!! - aparece
a fotografia do candidato, em mangas de camisa, em sinal que tira o casaco para
trabalhar, e o slogam de campanha “ Gestor competente a presidente”.
“Gestor competente a presidente” abre duas hipóteses de
interpretação, sendo que uma delas me deixa baralhado em relação a eleição que
vamos ter.
O slogan diz-nos que o Sr. Eng. Joaquim Jorge Ferreira é um
gestor competente. O leitor sabe isso? Conhece a(s) empresa(s) do Sr. Eng.
Joaquim Jorge Ferreira? São do PSI 20 ou do PSI Geral? Tem uma(s) empresa(s)
que factura milhões de euros por ano e emprega centenas de pessoas? Está na
lista da Forbes? É convidado para escrever livros e dar conferências expondo as
suas dificuldades e explicando as suas vitórias?
Eu não sei e também não sei se o leitor sabe. Será que é
importante?! Eu não queria o Sr. Américo Amorim nem para Presidente de Junta,
quanto mais para liderar a Câmara Municipal. No entanto, se me dizem que é um
gestor competente, até prova em contrário, eu acredito que seja.
O que me causa admiração é um candidato apresentar-se como
cabeça-de-lista a umas eleições autárquicas como sendo um gestor competente. A
política, a nobre arte da política, é para todos, tendo a profissão que
tiverem: médicos, músicos, camponeses, pedreiros, cientistas, cineastas, etc.,
etc..
Alguém que se diz ser especialista em gestão, coloca-me logo
várias questões: será que sabe de sociologia? Finanças públicas? Protecção
civil? Desporto? Bem sei que tudo se aprende, que ninguém chegou a um cargo
100% preparado.
Contudo há algo que me intriga ainda mais: eu, como
consultor de empresas, conheço centenas de empresas, empresários e membros da
administração; contudo, não conheço nenhuma empresa que seja uma democracia.
Ou seja, pela minha experiência, custa-me a crer que um
gestor formatado no ambiente empresarial consiga ser um líder democrata,
consiga ouvir e atender a pessoas que são sistematicamente contra a sua
posição, sem poderem usar termos que, infelizmente e cada vez mais, estão
presentes na administração das empresas: “quero, posso e mando” e “rua”.
A mim causa-me confusão quando ouço alguém dizer que o país,
a Câmara Municipal ou a Junta de Freguesia deveriam ser geridos como um
empresa. Onde estaria, aqui, a voz dos cidadãos?! Onde estaria o contra-poder?!
Onde estaria o direito ao contraditório?! Isso não existe no mundo empresarial.
Tudo isto se passa em ditadura, não em democracia, por mais
ténue que ela seja.
Pelo mesmo prisma, penso ser um erro colossal alguém se
apresentar a uma eleição enaltecendo-se como sendo um “gestor competente”, em
vez de, por exemplo, se apresentar como sendo um humanista.
Numa altura de crise
financeira, económica, política e social, num país entregue à austeridade e aos
gestores tecnocratas, como, por exemplo, o ex-ministro das finanças, o Dr.
Vitor Gaspar, o Sr. Eng. Joaquim Jorge Ferreira apresenta-se como sendo mais
um, igual a todos os outros, não trazendo, para já, nada de diferente ou
positivo à campanha e aos oliveirenses.
sexta-feira, 5 de julho de 2013
Num mundo perfeito
Ontem disseram-me que o Lobo Xavier é que deveria estar à frente do CDS.
Eu, simplesmente, respondi: " O Rui Rio no PSD e o Francisco Assis no PS".
Eu, simplesmente, respondi: " O Rui Rio no PSD e o Francisco Assis no PS".
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quarta-feira, 12 de junho de 2013
A mercearia -18
Como todos sabem, gosto de desporto: por ser (ter sido)
praticante de alguns desportos, por tradição, pela estratégia, pelo “dever
cumprido” mesmo quando se perde, pela superação da condição física e mental,
pelo bem-estar e pela saúde.
Apesar de ter as minhas preferências clubísticas, não entro
em grandes euforias nem em grandes lamúrias quando a minha equipa favorita
ganha ou perde: tudo é desporto, tudo é treino.
No entanto, tenho um orgulho muito grande quando equipas e
desportistas da minha terra ganham as suas competições ou alcançam resultados
dentro dos objectivos inicialmente traçados. Aqui, nos últimos tempos, temos
tido vários motivos de alegria que vão do ténis ao basquetebol, do hóquei ao
ciclismo, não esquecendo um “grande desporto” de integração social, como é o
caso do boccia.
Além dos feitos alcançados por atletas e clubes, Oliveira de
Azeméis, de há muitos anos a esta parte, é uma meca no desporto nacional,
pautando-se pela organização de vários campeonatos das mais diversas
modalidades, de congressos e colóquios de dirigentes, médicos e atletas, pela
aproximação da actividade desportiva à população.
Ao falar de desporto em Oliveira de Azeméis não se pode
dissociar de falar da União Desportiva Oliveirense (UDO). A UDO é o maior clube
do concelho, é um dos maiores do distrito de Aveiro, com equipas de topo nas
mais diversas modalidades e escalões.
Pela sua dimensão, pelo número de atletas e modalidades que
congrega, é o clube mais representativo, a todos os níveis: tem dimensão física
e cultural.
Devido ao número de atletas na formação e aos espaços
utilizados pela UDO, a Oliveirense é o clube que mais fundos recebe anualmente
por parte da edilidade e aos quais o Partido Socialista se opõe.
O Partido Socialista de Oliveira de Azeméis usa o argumento
que a UDO recebe muito mais dinheiro e apoios que os outros clubes, não
existindo equidade.
Há dias, aqui neste espaço, uma pessoa ligada ao PS local,
sobre a subida da UDO à Liga Profissional de Basquetebol, disse: “(…)como é que tem
uma equipa do mais alto nível de competição nacional da modalidade que não tem
sequer infra-estruturas para os treinos?” para, de seguida “os oliveirenses
viram a sua equipa do coração regressar à Liga Profissional de Basquetebol mas,
além das palavras e do carinho do público, com que mais pôde esta equipa
contar?” e finalizar com “ (…)quem sabe estará para chegar uma Câmara e um
presidente que vos possa convenientemente dar apoio…”.
Perante isto, várias dúvidas surgiram, às quais gostava de
obter resposta. Assim:
1.
O PS local, que criticou veemente o apoio dado
pela Câmara Municipal à UDO vem, agora, depois da equipa sénior da UDO subir ao
escalão mais alto do basquetebol nacional, sugerir mais apoios para a
oliveirense?
2.
Não sabe o PS local que na cedência de espaços
por parte da GEDAZ à UDO, nomeadamente o pavilhão municipal para o treino das
equipas de basquetebol, não há direito a nenhum pagamento?
3.
Pretende o Eng. Joaquim Jorge Ferreira, caso
ganhe as eleições autárquicas, edificar um centro de treino específico para a
oliveirense?
4.
Se sim, a autarquia constrói e cede o espaço por
tempo indeterminado, aluga o espaço (a valor de mercado ou a preço simbólico?),
ou tem em mente outra forma de transferir algo público para uma entidade
privada?
Como cidadão oliveirense, como interessado na causa pública,
como desportista, como adepto da UDO, gostava de ouvir o Eng. Joaquim Jorge
Ferreira falar sobre estes assuntos ou, então, o putativo Vereador do Desporto
de uma possível equipa de gestão autárquica do PS a responder a tais perguntas
(se for alguém diferente de Ana Catarina Santos porque, das suas opiniões/
ideias, já todos sabemos quais são).
Aproveito também a ocasião para voltar a questionar o Eng.
Joaquim Jorge Ferreira sobre a sua linha estratégica: se pretendem dar um
centro de treino à UDO, suponho que, em linha do que defenderam até aqui,
também pretendam dar o mesmo tratamento aos outros clubes. Ou seja, qualquer
clube terá direito a um espaço próprio, digno da(s) modalidade(s) que pratica,
capaz de ombrear com o que de melhor se faz no centro da Europa, Estados Unidos
e China.
Assim sendo, o PS irá apostar numa política de
obras-públicas, com construções idênticas às até aqui edificadas e que, além de
lapidarem mais um pouco o erário público, se prevê uma taxa de ocupação
reduzida?
Ou será que, agora, a duplicação de relvados sintéticos,
courts de ténis, piscinas, ringues de patinagem, pistas de atletismo, é, para o
PS local assim como foi em tempos para o PS nacional, o custo da
interioridade?!
in Politica Queira Mais
in Politica Queira Mais
quinta-feira, 16 de maio de 2013
A mercearia - 16
Decorreu hoje, no cine-teatro Caracas, a sessão “Políticos
de Palmo e Meio”. Uma iniciativa da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis,
que decorre desde 2006, que visa fomentar, em crianças de tenra idade,
princípios básicos de democracia e cidadania, o conhecimento do concelho e dos
órgãos executivos.
Numa altura em que é enraizado na nossa sociedade – ainda
não percebi se propositadamente por grupos políticos radicais (de esquerda, de
direita e anarquistas como, por exemplo, o movimento “ Que se lixe a Troika”, o
“Movimentos 12 de Março” ou os “Indignados” ) ou se por descuido e ignorância –
que todos os políticos são corruptos, que não são necessários, caindo-se numa
falácia ao invés de se exigir justiça, convém envolver todos nas questões da
democracia, começando pela representação, apresentação de ideias e discussão. A
sessão “Políticos de Palmo e Meio” consegue tudo isso e desejo, com toda a
sinceridade e esperança, que no futuro tenha frutos, conseguindo uma sociedade
com pessoas cada vez mais informadas e interessadas pela causa pública.
O tema da sessão deste ano foi “Património” – um tema que
não era fácil - e eu esperava ouvir discussões sobre o património no mundo de
uma criança: a casa e a escola.
Por exemplo, ouvir os miúdos pedirem um parque de jogos
novo, um baloiço, umas balizas para jogarem à bola, um jardim; quanto muito,
uma cantina para a escola. Estava à espera de ouvir alguém dizer que conhece um
colega que não se alimenta tão bem como ele e os colegas e perguntar porquê e o
que poderá ser feito.
Contudo, ao ouvir crianças de nove e dez anos a falarem de “
Qren”, “ Adritem”, “sustentabilidade”, “percentagem de financiamento da Câmara
Municipal” e afins, causa-me alguma estranheza. Ao ouvir tudo isto sem o
sorriso e a espontaneidade típica de quem ainda não tem preocupações na vida,
fez-me levar a pensar a tristeza dos nossos dias.
Crianças, a lerem papeis, claramente escritos por adultos,
usados como arma de arremesso em jogos políticos cobertos pela comunicação
social, repetindo questões levantadas na Assembleia Municipal, interpelando o
Presidente da Câmara com o vigor de um oposicionista, em ano de eleições
autárquicas, é, no mínimo, um abuso.
Espero que em 2014, quando se realizar a próxima sessão dos
“Políticos de Palmo e Meio”, depois de passado o período eleitoral, devolvam a
inocência aos miúdos de Oliveira de Azeméis.
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terça-feira, 14 de maio de 2013
" O "memorando era o programa do PSD", como disse Passos Coelho, impante da sua importância e papel como sendo aquele que iria mudar a face do país, da economia, o grande modernizador, que iria combater os "vícios do passado" e os maus hábitos dos portugueses, cheios de direitos e "pieguice". O conteúdo das suas declarações iniciais, utópicas e proféticas, encontrou em Gaspar o típico executor burocrático que era suposto trazer a eficácia da tecnocracia para a prossecução da "revolução". Gaspar acabou por ser o Mestre e não o Executor, mas isso também era previsível.
As opções radicais, milenares e proféticas, implicaram um excesso de zelo e uma pressa de rolo compressor, tentando esmagar a "velha" economia e os "velhos" hábitos o mais rápido e violentamente possível, para depois, sobre as ruínas, se erguer o Portugal disciplinado, competitivo e alemão. Por isso, nenhum acordo com o PS, nenhum sério envolvimento dos parceiros sociais, nenhum esforço de "consenso" tinham sentido. Era um programa para os fiéis sem dúvidas, obstinados e cegos a tudo o que não fosse o "ir para além da troika", "custe o que custar". E os fracos como o PS, os sindicatos e mesmo as confederações patronais, tinham de ser postos à margem porque não eram confiáveis. Ficavam apenas, dentro do círculo do poder, o sector financeiro, e a elite dos "sempre os mesmos", que circulavam de governo para governo, da banca, das consultoras financeiras e dos grandes escritórios de advogados. Mas isso era natural, porque o "programa" da troika e de Passos Coelho era o deles. "
José Pacheco Pereira
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quarta-feira, 1 de maio de 2013
A mercearia - 15
Escrevo no dia em que se comemora o Dia do Trabalhador; para
mim, o feriado que mais se deve assinalar nos estados livres e de direito
democrático porque, se se vive do trabalho e para o trabalho – é discutível a
tributação do trabalho mas isso é tema para outra discussão, não tendo lugar
nesta crónica -, se é à custa dos rendimentos do trabalho que as populações têm
melhores condições de vida, que se pode construir um estado-social, mais justo
e coeso, é, no meu ponto de vista, um dia a ser assinalado.
Um dia que deve ser comemorado pelas pessoas e as suas
famílias, com os amigos, com os colegas de profissão mas sem o corporativismo
de outrora, lembrando comemorações pouco livres como as paradas em Berlim
Oriental, Moscovo, Pequim e um pouco espalhadas por todas as ditas democracias populares.
Na semana em que se comemora o Dia do Trabalhador, sendo
para mim o feriado dos estados livres e de direito democrático, comemorou-se o
dia mais importante do século XX português: o 25 de Abril de 1974 – sendo que a
liberdade, apesar da Revolução, só é completamente instaurada com o 25 de
Novembro, devido à audácia de um grupo de militares, politicamente apoiados
pelo PSD, PS e CDS que, durante mais de um ano, lutou por instaurar um sistema
democrático, representando todos os portugueses de igual forma, com sufrágio
livre e universal, terminando com todo o tipo de polícias políticas, colocando
os militares nos quartéis e estabelecendo a ordem institucional.
O 25 de Abril foi o dia da alteração do regime, caminhando-se
para a liberdade. Para a revolução acontecer e para ter tido o sucesso que
teve, deve-se, em grande parte, ao PCP, à extrema-esquerda, aos católicos
progressistas e à maçonaria que, ao longo de muitos anos no período anterior ao
dia que se comemora, utilizando o associativismo e publicações clandestinas,
incutiram ideais de liberdade e contestação num povo amordaçado.
Este papel foi fundamental para o sucesso da revolução:
acender um fósforo numa floresta húmida, não causa nenhum dano; contudo, se for
capim, as proporções são muito diferentes. Felizmente o capim ardeu, levando
consigo o fósforo.
No período seguinte, Sá Carneiro, Mário Soares, Eanes,
Adelino Amaro da Costa, apenas para citar alguns, foram de vital importância
para o estabelecimento da ordem institucional e da entrada de Portugal no
grande projecto europeu de caminho para a paz e a prosperidade económica e
social que é a Comunidade Europeia.
Após isso, Cavaco Silva – o melhor Primeiro Ministro que
Portugal conheceu – cumpriu algo fundamental num estado livre: a devolução das
empresas aos empresários e a abertura da comunicação-social, TV, aos privados.
O estado deve ter um papel activo na defesa, justiça e ordem pública, saúde,
educação, solidariedade-social e, em algumas aspectos, um papel regulador. Em
tudo o resto deverá sair e dar “liberdade ao risco”, à visão estratégica dos
empresários e dos seus funcionários.
Ou seja, a liberdade foi conquistada por todos e todos
tiveram um papel importante na sua conquista. Assim foi e assim é sendo, por
isso, o 25 de Abril o dia de todos e não apenas o dia de algumas forças, o dia
de algumas pessoas.
Falta cumprir Abril? Falta: precisamos de um sistema de
justiça mais célere, necessitamos de uma real separação dos poderes, é
necessária uma responsabilização da população e dos seus governantes pela
preservação do bem-publico.
Contudo, o 25 de Abril foi em 1974, sendo que a Carta Magna
foi escrita em 1215: o nosso sistema é jovem sendo nós, por isso mesmo,
merecedores de confiança e respeito por tudo o que fizemos e alcançamos em tão
pouco tempo.
Todas estas razões são motivo de orgulho e, os dois
feriados, deveriam ser aproveitados para: festejar a liberdade de opção e a
liberdade de imprensa, festejar o direito ao voto, festejar o direito ao
trabalho, festejar o direito de se fazer parte de uma sociedade que se pretende
justa. Abraçar o amigo, o vizinho, o desconhecido. Apontar os defeitos do
sistema mas honrá-los.
Todos somos importantes na sociedade e é em liberdade que
mais se sente isso. Portanto, nos festejos, deverá estar o rico e o pobre, o
patrão e o empregado, a esquerda e a direita, o polícia e o ladrão, o operário
e o contabilista, o camponês e o advogado, o mecânico e o actor, etc., todos
por igual.
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segunda-feira, 29 de abril de 2013
domingo, 14 de abril de 2013
Duas coisas que não combinam na mesma frase
António José Seguro afirma que tem um apoio genuíno dos socialistas, quando obtém 96 % dos votos.
Isto é algo típico nas ditaduras, não nas instituições democráticas.
Isto é algo típico nas ditaduras, não nas instituições democráticas.
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A quadrilha dos aparelhos partidários
"O aparelho do PSD não gostou da nomeação de Miguel Poiares Maduro. Não lhe interessa as competências do novo ministro, nem nada que tenha a ver com o conhecimento dos dossiês ou a dedicação ao país. Apenas se preocupa com este ponto: o novo ministro não percebe nada de PSD e vai ter o dinheiro do QREN que vem da Europa.
O aparelho criticou ainda a nomeação de um secretário de Estado (António Leitão Amaro) que, sendo do PSD, não é da linha de Passos Coelho, uma vez que apoiou Paulo Rangel. Ou seja, nem o ministro nem o secretário de Estado conhecem suficientemente as subtilezas do apoio que necessita o presidente da Junta X, que traz 12 votos e meio para o Congresso, e também se torna decisivo para a eleição do presidente da Distrital Y, o qual tem sólidas esperanças de ser nomeado presidente de um Instituto, onde terá a oportunidade de trocar os favores de um QREN por uma coisa qualquer. (Isto também explica a quase unanimidade do nostálgico voto de louvor a esse grande Relvas, que nunca hesitou em pôr o partido à frente dos interesses do país).
Outro aparelho, o do PS, reelegeu António José Seguro líder do partido, ao que parece com mais de 95% dos votos. Como se vê, é falsa a existência de quaisquer divisões dentro do PS, ou nada representam aqueles que passam a vida a dizer mal do secretário-geral socialista.
Em cada eleitorado aparelhístico há uma pequena Coreia do Norte que ama o seu grande líder.
Esta gente, estas autênticas quadrilhas têm um papel mais pernicioso na política atual que a corte tinha nas monarquias absolutas. Um desafio importante é saber como nos podemos livrar desta canga."
Henrique Monteiro in Expresso
sexta-feira, 29 de março de 2013
A lata
" O contrato com Sócrates para ser comentador semanal no canal público de televisão teve de partir, ou de passar, por Relvas. Isso é óbvio. E só a imagem do que terá sido essa negociação a dois dá uma ideia arrepiante, mas bem clara, do estado de degradação extrema a que chegou o regime.
É uma contratação que infelizmente não surpreende porque, na verdade, José Sócrates e Miguel Relvas são políticos siameses. Se olharmos bem para o perfil e para o percurso de um e de outro, a conclusão impõe-se como evidente. E muitas coisas estranhas se tornam, de repente, claras e compreensíveis.
A história da licenciatura de Relvas foi o primeiro sinal de uma semelhança que se revela bem mais funda: o mesmo fascínio pelo mundo dos negócios, o mesmo desprezo pela cultura e pelo mérito, o mesmo tipo de relação com a comunicação social, o mesmo apego sem princípios ao poder e, acima de tudo, a mesma lata, uma gigantesca lata! Só falta mesmo ver também Sócrates a trautear a "Grândola, Vila Morena", mas por este andar lá chegaremos...
O contrato com a RTP vem, de resto, acentuar mais uma convergência entre Sócrates e Relvas, e num ponto político extremamente sensível, que é o da conceção de serviço público de televisão. Porque, com este contrato, Sócrates aparece a cobrir inteiramente a devastação feita por Relvas no sector, e a bloquear tudo o que o PS pretenda dizer ou propor sobre o assunto. E quem cauciona o que Relvas fez aqui, cauciona tudo.
O que Sócrates deve fazer é assumir as suas responsabilidades na crise, e pedir desculpa aos portugueses - e para isso basta uma entrevista pontual, sóbria, esclarecedora e responsável. É isso que os Portugueses merecem, é disso que a nossa democracia precisa, e é a isso que o Partido Socialista tem direito. Ficar a pastar nos comentários, pelo contrário, é puro circo político, e do pior: é usar o horário nobre do serviço público de televisão para jogadas de baixa política e de pura revanche política pessoal.
Como já há tempos afirmei, Sócrates e Relvas são sem dúvida os dois políticos que mais contribuíram para a crise moral, e de confiança, que o País atravessa. Uma crise que veio agudizar todas as suspeitas com que os cidadãos olham para as suas elites dirigentes e para o continuado fracasso da sua ação.
São casos que a radical mediatização dos nossos dias facilita. Nomeadamente, porque ela abriu as portas à irrupção de um novo tipo de político, que trocou o retrato de cidadão esforçado, reservado e responsável de outros tempos, por um perfil em que o traço dominante é, simplesmente, o da lata.
E essa lata, é o quê? É sobretudo a expressão de uma afirmação pessoal sem limites de qualquer ordem, que tudo arrasa no seu caminho, num júbilo mais ou menos histérico que dispensa qualificações ou convicções que não sejam de ordem psicológica ou comunicacional. Daí, naturalmente, a excitação voluntarista e a encenação estridente que sempre a acompanham.
A lata não é certamente um exclusivo dos políticos, mas tem neles um terreno de exceção. Ela aparece hoje como um traço específico do que alguns autores têm diagnosticado como a "nova economia psíquica" do nosso tempo. É isso que leva muita gente a ver neles verdadeiros mutantes, e a lamentar nostalgicamente que, na política, tenham desaparecido os verdadeiros líderes...
Mas seja ou não de mutantes que se trata, é preciso reconhecer que os "políticos de lata" estão em sintonia com muitas transformações do mundo contemporâneo, e que é por isso que eles suscitam inegáveis apoios e vivas controvérsias. Figuras maiores, bem ilustrativas deste fenómeno, são Sílvio Berlusconi ou Nicolas Sarkozy.
São sempre criaturas mitómanas, destituídas de superego e, portanto, de sentido de culpa ou de responsabilidade. Revelam uma contumaz incapacidade de lidar com a frustração, que é, como Freud bem ensinou, onde começam todas as patologias verdadeiramente graves.
Com eles, tudo se dissolve num narcisismo amoral, quase delinquente, que vive entre a alucinação de todos os possíveis e a rejeição de quaisquer limites. Eles estão pois muito em linha com o paradigma do ilimitado que tem anestesiado e minado o mundo nas últimas décadas.
A lata tornou-se, deste modo, num traço político muito frequente, que anima os mais variados, e lamentáveis, tipos de voluntarismo. Não admira pois que os políticos de lata se singularizem, não pela sua dedicação a causas ou a convicções, mas pelos intermináveis casos em que se envolvem e são envolvidos.
É também por isso que eles têm sempre que tentar voltar - foi assim com Berlusconi, é o que se tem visto com Sarkozy, chegou a vez de José Sócrates. Não resistem... e todos encenam, para disfarçar a sua doentia obsessão com o poder, umas travessias do deserto mais ou menos culturais... Berlusconi com a música, Sarkozy com a literatura e o teatro, Sócrates com a filosofia.
Mas o seu compulsivo "comeback" acaba sempre por se impor, porque ele é o tributo que eles têm que pagar à sua tão vazia como ilimitada mitomania. Com consequências, atenção, que já conduziram várias sociedades e diversos países às piores tragédias. Esperemos que não seja esse, desta vez, o caso - mas o aviso aqui fica!..."
Manuel Maria Carrilho in Diário de Notícias
É uma contratação que infelizmente não surpreende porque, na verdade, José Sócrates e Miguel Relvas são políticos siameses. Se olharmos bem para o perfil e para o percurso de um e de outro, a conclusão impõe-se como evidente. E muitas coisas estranhas se tornam, de repente, claras e compreensíveis.
A história da licenciatura de Relvas foi o primeiro sinal de uma semelhança que se revela bem mais funda: o mesmo fascínio pelo mundo dos negócios, o mesmo desprezo pela cultura e pelo mérito, o mesmo tipo de relação com a comunicação social, o mesmo apego sem princípios ao poder e, acima de tudo, a mesma lata, uma gigantesca lata! Só falta mesmo ver também Sócrates a trautear a "Grândola, Vila Morena", mas por este andar lá chegaremos...
O contrato com a RTP vem, de resto, acentuar mais uma convergência entre Sócrates e Relvas, e num ponto político extremamente sensível, que é o da conceção de serviço público de televisão. Porque, com este contrato, Sócrates aparece a cobrir inteiramente a devastação feita por Relvas no sector, e a bloquear tudo o que o PS pretenda dizer ou propor sobre o assunto. E quem cauciona o que Relvas fez aqui, cauciona tudo.
O que Sócrates deve fazer é assumir as suas responsabilidades na crise, e pedir desculpa aos portugueses - e para isso basta uma entrevista pontual, sóbria, esclarecedora e responsável. É isso que os Portugueses merecem, é disso que a nossa democracia precisa, e é a isso que o Partido Socialista tem direito. Ficar a pastar nos comentários, pelo contrário, é puro circo político, e do pior: é usar o horário nobre do serviço público de televisão para jogadas de baixa política e de pura revanche política pessoal.
Como já há tempos afirmei, Sócrates e Relvas são sem dúvida os dois políticos que mais contribuíram para a crise moral, e de confiança, que o País atravessa. Uma crise que veio agudizar todas as suspeitas com que os cidadãos olham para as suas elites dirigentes e para o continuado fracasso da sua ação.
São casos que a radical mediatização dos nossos dias facilita. Nomeadamente, porque ela abriu as portas à irrupção de um novo tipo de político, que trocou o retrato de cidadão esforçado, reservado e responsável de outros tempos, por um perfil em que o traço dominante é, simplesmente, o da lata.
E essa lata, é o quê? É sobretudo a expressão de uma afirmação pessoal sem limites de qualquer ordem, que tudo arrasa no seu caminho, num júbilo mais ou menos histérico que dispensa qualificações ou convicções que não sejam de ordem psicológica ou comunicacional. Daí, naturalmente, a excitação voluntarista e a encenação estridente que sempre a acompanham.
A lata não é certamente um exclusivo dos políticos, mas tem neles um terreno de exceção. Ela aparece hoje como um traço específico do que alguns autores têm diagnosticado como a "nova economia psíquica" do nosso tempo. É isso que leva muita gente a ver neles verdadeiros mutantes, e a lamentar nostalgicamente que, na política, tenham desaparecido os verdadeiros líderes...
Mas seja ou não de mutantes que se trata, é preciso reconhecer que os "políticos de lata" estão em sintonia com muitas transformações do mundo contemporâneo, e que é por isso que eles suscitam inegáveis apoios e vivas controvérsias. Figuras maiores, bem ilustrativas deste fenómeno, são Sílvio Berlusconi ou Nicolas Sarkozy.
São sempre criaturas mitómanas, destituídas de superego e, portanto, de sentido de culpa ou de responsabilidade. Revelam uma contumaz incapacidade de lidar com a frustração, que é, como Freud bem ensinou, onde começam todas as patologias verdadeiramente graves.
Com eles, tudo se dissolve num narcisismo amoral, quase delinquente, que vive entre a alucinação de todos os possíveis e a rejeição de quaisquer limites. Eles estão pois muito em linha com o paradigma do ilimitado que tem anestesiado e minado o mundo nas últimas décadas.
A lata tornou-se, deste modo, num traço político muito frequente, que anima os mais variados, e lamentáveis, tipos de voluntarismo. Não admira pois que os políticos de lata se singularizem, não pela sua dedicação a causas ou a convicções, mas pelos intermináveis casos em que se envolvem e são envolvidos.
É também por isso que eles têm sempre que tentar voltar - foi assim com Berlusconi, é o que se tem visto com Sarkozy, chegou a vez de José Sócrates. Não resistem... e todos encenam, para disfarçar a sua doentia obsessão com o poder, umas travessias do deserto mais ou menos culturais... Berlusconi com a música, Sarkozy com a literatura e o teatro, Sócrates com a filosofia.
Mas o seu compulsivo "comeback" acaba sempre por se impor, porque ele é o tributo que eles têm que pagar à sua tão vazia como ilimitada mitomania. Com consequências, atenção, que já conduziram várias sociedades e diversos países às piores tragédias. Esperemos que não seja esse, desta vez, o caso - mas o aviso aqui fica!..."
Manuel Maria Carrilho in Diário de Notícias
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segunda-feira, 25 de março de 2013
Os socráticos estão de volta...
... ao mais alto nível e ao nível que nos foi dado a conhecer durante 7 anos ( desde final de 2003 até meio de 2011): na comunicação, nos editoriais dos jornais, bajulando as suas acções e empregnando o povo da "espectacularidade" do Grande Líder.
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sexta-feira, 22 de março de 2013
Uma questão de Ruis e um discurso que deveria orgulhar o PSD
Na apresentação do livro "Rumo ao Abismo", em plena campanha para as legislativas de 2011, no Palácio da Bolsa, Rui Moreira tinha consigo, além de todo o saber que lhe molda o cérebro, o Porto, da direita à esquerda moderada, associações, clubes desportivos, elites sociais, económicas e culturais.
Nessa altura apercebi-me que Rui Moreira reunia todas as qualidades, como pessoa e como político, para ser o sucessor nato de Rui Rio.
Na passada quarta-feira, na apresentação da candidatura de Rui Moreira, voltei a ver o PSD, CDS e PS na sala e, sobretudo, muitos populares fazendo jus ao lema do candidato: pelo Porto.
Moreira estava tenso, neste seu primeiro discurso, mas a mensagem que passou foi clara. Fez um discurso que deveria encher de orgulho o PSD: não vai deitar fora a boa política que Rui Rio exerceu no Porto e não vai entrar na onda das obras megalómanas e despesistas.
Depois da decisão do Tribunal Cível de Lisboa sobre a candidatura de Fernando Seara, aqui está a hipótese do PSD conseguir dar a volta por cima e ter um candidato vencedor: apoiando Rui Moreira; ao longe, como o CDS, porque esta candidatura é genuína.
Nessa altura apercebi-me que Rui Moreira reunia todas as qualidades, como pessoa e como político, para ser o sucessor nato de Rui Rio.
Na passada quarta-feira, na apresentação da candidatura de Rui Moreira, voltei a ver o PSD, CDS e PS na sala e, sobretudo, muitos populares fazendo jus ao lema do candidato: pelo Porto.
Moreira estava tenso, neste seu primeiro discurso, mas a mensagem que passou foi clara. Fez um discurso que deveria encher de orgulho o PSD: não vai deitar fora a boa política que Rui Rio exerceu no Porto e não vai entrar na onda das obras megalómanas e despesistas.
Depois da decisão do Tribunal Cível de Lisboa sobre a candidatura de Fernando Seara, aqui está a hipótese do PSD conseguir dar a volta por cima e ter um candidato vencedor: apoiando Rui Moreira; ao longe, como o CDS, porque esta candidatura é genuína.
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quinta-feira, 21 de março de 2013
Hardcore 1º escalão

Abre um precedente nos demais ex-Primeiro Ministro que, após terem abandonado o cargo, sempre demonstraram recato institucional.
Para as viúvas: a desculpa de não haver lugar a remuneração não tem cabimento; qualquer pessoa sabe que, para uma figura pública, 25 minutos semanais em canal aberto de TV, vale muito mais que todos os ordenados que se possam usufruir.
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A mercearia - 11
Mário Soares
criticou a posição do "PS de Seguro", "que não pediu ainda a
demissão do Governo," lembrando que "na política partidária, ou se
está de um lado ou do outro" e sublinhando que "estar a meio caminho
só serve para os partidos enfraquecerem".
O antigo Presidente, ao contrário daquilo que o seu CV e idade deveriam transmitir, parece um jotinha, tomando a partidarite como uma claque de futebol, em que tudo é branco ou preto, desconhecendo o mundo, a economia, a história e o humanismo, necessários, para se perceber que existem muito mais cores que moldam a visão e o rumo.
Não acredito que Soares seja assim. Acredito que outra coisa o move.
O antigo Presidente, ao contrário daquilo que o seu CV e idade deveriam transmitir, parece um jotinha, tomando a partidarite como uma claque de futebol, em que tudo é branco ou preto, desconhecendo o mundo, a economia, a história e o humanismo, necessários, para se perceber que existem muito mais cores que moldam a visão e o rumo.
Não acredito que Soares seja assim. Acredito que outra coisa o move.
Antes de
Soares, André Figueiredo e depois José Lello e Isabel Moreira, vieram clamar
que o país esperava que o PS fizesse a apresentação de uma Moção de Censura ao
Governo.
Para que querem
os socialistas viúvos de Sócrates, e outros que não vão com a cara de Seguro,
que o PS apresente uma Moção de Censura?
No actual
quadro de representatividade na Assembleia, uma Moção de Censura ao Governo não
passa porque não colhe a maioria dos votos dos deputados (a menos que Paulo
Portas e o CDS estejam cansados de estar no Governo e decidam, desse modo,
acabar com ele).
No entanto, na
Moção de Censura e nos dias que a antecederem vamos ter o PSD a acusar o
Governo de Sócrates pelo estado em que deixou o país, a assinatura do Memorando
de Entendimento com a Troika e a actual crise.
A Seguro e ao
PS restam apenas e só duas coisas: ou vão defender com unhas e dentes o
anterior Governo, em plena Assembleia da Republica, legitimando todas as
asneiras que foram feitas ou, não fazem nada.
Qualquer uma
das soluções é má mas caso o PS não faça nada, os opositores de Seguro têm mais
um argumento para pedirem eleições internas: o actual líder não é capaz de
defender os seus camaradas de partido.
A pergunta que
faço a todos é simples: o que ganha o país com isto?! Nada. Mas assim se faz
oposição cá pelo burgo, assim se divertem os digníssimos senhores do Partido
Socialista.
Com a crise que
vivemos, pessoas com a experiência de Mário Soares, José Lello, quiçá Pedro
Silva Pereira, ao invés de contribuírem para a resolução do problema, olham
para o umbigo.
João Rebelo Martins in Politica Queira Mais
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terça-feira, 19 de março de 2013
Mário Soares e o que há de mau na politica de hoje
Mário Soares criticou a posição do "PS de Seguro", "que não pediu ainda a demissão do Governo," lembrando que "na política partidária, ou se está de um lado ou do outro" e sublinhando que "estar a meio caminho só serve para os partidos enfraquecerem".
O antigo Presidente, ao contrário daquilo que o seu CV e idade deveriam transmitir, parece um miúdo da JS ou da JSD, tomando a partidarite como uma claque de futebol, em que tudo é branco ou preto, desconhecendo o mundo, a economia, a história e o humanismo, necessários, para se perceber que existem muito mais cores que moldam a visão e o rumo.
Não acredito que Soares seja assim. Acredito que outra coisa o move : colocar o actual PS a defender com unhas e dentes o PS de Sócrates; aquele que no debate de discussão da moção de censura vai ser atacado como sendo o grande responsável pela actual crise.
O antigo Presidente, ao contrário daquilo que o seu CV e idade deveriam transmitir, parece um miúdo da JS ou da JSD, tomando a partidarite como uma claque de futebol, em que tudo é branco ou preto, desconhecendo o mundo, a economia, a história e o humanismo, necessários, para se perceber que existem muito mais cores que moldam a visão e o rumo.
Não acredito que Soares seja assim. Acredito que outra coisa o move : colocar o actual PS a defender com unhas e dentes o PS de Sócrates; aquele que no debate de discussão da moção de censura vai ser atacado como sendo o grande responsável pela actual crise.
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terça-feira, 12 de março de 2013
No PS de hoje...
... António José Seguro ainda não aprendeu a utilizar o e-mail...
E Carlos Zorrinho ainda se mantém jovem inculto, necessitando dar exemplos futeboleiros para se fazer ouvir.
Com esta oposição, que esperança podem ter os portugueses, que caminho resta a Cavaco Silva?!
E Carlos Zorrinho ainda se mantém jovem inculto, necessitando dar exemplos futeboleiros para se fazer ouvir.
Com esta oposição, que esperança podem ter os portugueses, que caminho resta a Cavaco Silva?!
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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013
Felizmente há políticos que fazem a diferença
É por isto que nem tudo no Partido Socialista é mau e nem tudo no PSD é bom.
Actualmente vivemos uma partidocracia que mais parece uma claque de futebol onde ou se é a favor ou se é contra: tudo o que a governação faz ou é 100% acertada ou 100% errada, dependendo do lado em que se está, sem se tentar perceber o porquê ou a aplicabilidade das medidas.
É bom dialogar, discutir; é do confronto de ideias que brotam novidades e é essa a política que vale a pena ser vivida.
Actualmente vivemos uma partidocracia que mais parece uma claque de futebol onde ou se é a favor ou se é contra: tudo o que a governação faz ou é 100% acertada ou 100% errada, dependendo do lado em que se está, sem se tentar perceber o porquê ou a aplicabilidade das medidas.
É bom dialogar, discutir; é do confronto de ideias que brotam novidades e é essa a política que vale a pena ser vivida.
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