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sexta-feira, 29 de março de 2013

A lata

" O contrato com Sócrates para ser comentador semanal no canal público de televisão teve de partir, ou de passar, por Relvas. Isso é óbvio. E só a imagem do que terá sido essa negociação a dois dá uma ideia arrepiante, mas bem clara, do estado de degradação extrema a que chegou o regime.
É uma contratação que infelizmente não surpreende porque, na verdade, José Sócrates e Miguel Relvas são políticos siameses. Se olharmos bem para o perfil e para o percurso de um e de outro, a conclusão impõe-se como evidente. E muitas coisas estranhas se tornam, de repente, claras e compreensíveis.
A história da licenciatura de Relvas foi o primeiro sinal de uma semelhança que se revela bem mais funda: o mesmo fascínio pelo mundo dos negócios, o mesmo desprezo pela cultura e pelo mérito, o mesmo tipo de relação com a comunicação social, o mesmo apego sem princípios ao poder e, acima de tudo, a mesma lata, uma gigantesca lata! Só falta mesmo ver também Sócrates a trautear a "Grândola, Vila Morena", mas por este andar lá chegaremos...
O contrato com a RTP vem, de resto, acentuar mais uma convergência entre Sócrates e Relvas, e num ponto político extremamente sensível, que é o da conceção de serviço público de televisão. Porque, com este contrato, Sócrates aparece a cobrir inteiramente a devastação feita por Relvas no sector, e a bloquear tudo o que o PS pretenda dizer ou propor sobre o assunto. E quem cauciona o que Relvas fez aqui, cauciona tudo.
O que Sócrates deve fazer é assumir as suas responsabilidades na crise, e pedir desculpa aos portugueses - e para isso basta uma entrevista pontual, sóbria, esclarecedora e responsável. É isso que os Portugueses merecem, é disso que a nossa democracia precisa, e é a isso que o Partido Socialista tem direito. Ficar a pastar nos comentários, pelo contrário, é puro circo político, e do pior: é usar o horário nobre do serviço público de televisão para jogadas de baixa política e de pura revanche política pessoal.
Como já há tempos afirmei, Sócrates e Relvas são sem dúvida os dois políticos que mais contribuíram para a crise moral, e de confiança, que o País atravessa. Uma crise que veio agudizar todas as suspeitas com que os cidadãos olham para as suas elites dirigentes e para o continuado fracasso da sua ação.
São casos que a radical mediatização dos nossos dias facilita. Nomeadamente, porque ela abriu as portas à irrupção de um novo tipo de político, que trocou o retrato de cidadão esforçado, reservado e responsável de outros tempos, por um perfil em que o traço dominante é, simplesmente, o da lata.
E essa lata, é o quê? É sobretudo a expressão de uma afirmação pessoal sem limites de qualquer ordem, que tudo arrasa no seu caminho, num júbilo mais ou menos histérico que dispensa qualificações ou convicções que não sejam de ordem psicológica ou comunicacional. Daí, naturalmente, a excitação voluntarista e a encenação estridente que sempre a acompanham.
A lata não é certamente um exclusivo dos políticos, mas tem neles um terreno de exceção. Ela aparece hoje como um traço específico do que alguns autores têm diagnosticado como a "nova economia psíquica" do nosso tempo. É isso que leva muita gente a ver neles verdadeiros mutantes, e a lamentar nostalgicamente que, na política, tenham desaparecido os verdadeiros líderes...
Mas seja ou não de mutantes que se trata, é preciso reconhecer que os "políticos de lata" estão em sintonia com muitas transformações do mundo contemporâneo, e que é por isso que eles suscitam inegáveis apoios e vivas controvérsias. Figuras maiores, bem ilustrativas deste fenómeno, são Sílvio Berlusconi ou Nicolas Sarkozy.
São sempre criaturas mitómanas, destituídas de superego e, portanto, de sentido de culpa ou de responsabilidade. Revelam uma contumaz incapacidade de lidar com a frustração, que é, como Freud bem ensinou, onde começam todas as patologias verdadeiramente graves.
Com eles, tudo se dissolve num narcisismo amoral, quase delinquente, que vive entre a alucinação de todos os possíveis e a rejeição de quaisquer limites. Eles estão pois muito em linha com o paradigma do ilimitado que tem anestesiado e minado o mundo nas últimas décadas.
A lata tornou-se, deste modo, num traço político muito frequente, que anima os mais variados, e lamentáveis, tipos de voluntarismo. Não admira pois que os políticos de lata se singularizem, não pela sua dedicação a causas ou a convicções, mas pelos intermináveis casos em que se envolvem e são envolvidos.
É também por isso que eles têm sempre que tentar voltar - foi assim com Berlusconi, é o que se tem visto com Sarkozy, chegou a vez de José Sócrates. Não resistem... e todos encenam, para disfarçar a sua doentia obsessão com o poder, umas travessias do deserto mais ou menos culturais... Berlusconi com a música, Sarkozy com a literatura e o teatro, Sócrates com a filosofia.
Mas o seu compulsivo "comeback" acaba sempre por se impor, porque ele é o tributo que eles têm que pagar à sua tão vazia como ilimitada mitomania. Com consequências, atenção, que já conduziram várias sociedades e diversos países às piores tragédias. Esperemos que não seja esse, desta vez, o caso - mas o aviso aqui fica!..."

Manuel Maria Carrilho in Diário de Notícias

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Descubra as diferenças

O pequeno Napoleão sabia ver as horas.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Entre Hollande e Sarkozy


Entre Hollande e Sarkozy, entre um socialista centrado no estado e um pequeno Napoleão, o diabo escolheu.

Agora é ver a velha guarda socialista portuguesa como Soares e Alegre, que por falta de conhecimento histórico ou envolvidos num espírito pós-moderno e pós-realista em que era “chic a valer!” saber falar francês e conhecer na ponta da língua as ruas da capital francesa, colocarem novamente Paris como centro do mundo e vangloriarem-se pela vitória de um compagnie de route.

A dúvida é se Hollande tem força suficiente para abraçar Merkel e ser ele a conduzir a dança. Penso que não, a mulher é de leste e está habituada a cerveja e salsichas, algo forte de mais para a nouvelle cuisine!

A mim só me recorda este excerto de filme, genial do meu ponto de vista, em que os franceses são colocados no seu devido lugar ( histórico).

segunda-feira, 7 de maio de 2012

O diabo


" Venho o diabo e escolha" entre Hollande e Sarkozy.

Então não é que o mafarrico escolheu Hollande?!

E agora Europa, o que vai ser de nós?

sábado, 10 de dezembro de 2011

Os ingleses e os outros

Felizmente que David Cameron não é um sábio. E os outros 17?!

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Referendo à nova Europa

" O conceito de raça ariana teve seu auge do século XIX até a primeira metade do século XX, uma noção inspirada pela descoberta da família de línguas indo-europeias.
Alguns etnólogos do século XIX propuseram que todos os povos europeus de etnia branca-caucasiana eram descendentes do antigo povo ariano.
Correntes europeias, de carácter nacionalista da época, abraçaram essa tese. Esta, foi, talvez, tratada com maior ênfase pelo Partido Nacional Socialista da Alemanha. Estes, associaram o conceito de identidade nacional à raça ariana do povo germânico, através do princípio da unidade étnica, com a finalidade de elevar o moral e orgulho nacionais do povo alemão, destroçados pela derrota na Primeira Guerra Mundial e das condições consideradas humilhantes da rendição, impostas pelo Tratado de Versalhes."
Foi neste ambiente hostil que se desenvolveu a Social Democracia, a fim de reconhecer cada indivíduo como único perante o estado, independentemente da sua raça ou credo, das suas opções políticas, económicas e sociais. Se não fosse um criminoso, o Estado deveria olhar para todos de igual de forma.
Nestes idos anos do século XX, as pessoas afectas ao Partido Nacional Socialista costumavam pintar nas paredes uma cruz gamada, como força da sua raça.
Ao invés disso, os sociais-democratas pintavam três setas que "exprimiam muito bem a aliança entre as organizações dos trabalhadores reunidas na Frente de Bronze, a grande organização de luta anti-nazi criada pelo Partido Social-Democrata Alemão: o próprio Partido (SPD); os sindicatos; e a organização "Bandeira do Reich” com as organizações desportivas de trabalhadores.".
São essas setas que estão presentes na nossa bandeira:



Hoje em dia há novamente um conjunto de povos que quer mandar nos outros. Não pela força, não pelo belicismo mas pela economia e o controlo das finanças públicas.
O que Merkel e Sarkozy nos vão propor é mau.
O plano da Troika é austero mas, contudo, necessário.
O que nos propõe o novo eixo Berlin-Vichy é uma institucionalização dos governos dos países pobres por parte de uma qualquer comissão que irá ser criada. É o adeus definitivo à nossa soberania.
Em 2000, quando se dá fim ao processo de aquisição da Rolls Royce pela BMW e da Bentley pela VW, os ingleses, entristecidos, diziam que os motores Rolls Royce que equipavam os aviões da RAF e que os salvaram na Segunda Grande Guerra, tinham caído nas mãos do inimigo. Não pela força, não pela perícia dos pilotos alemães mas pela engenharia financeira.
O que se passa aqui é algo idêntico mas com a grande diferença de não se trataram de marcas de luxo e de saudade mas de milhões de pessoas e de séculos de história.
Por isso, como social-democrata, como crente naquela bandeira que simboliza a luta contra o Nacional Socialismo, como amante da liberdade, com o amor que tenho ao meu país, apelo a todos os meus colegas sociais-democratas que exijam um referendo a este novo Tratado que irá surgir.
Se quiser-mos continuar a ser Portugal e não um aglomerado de estados do sul, não podemos concordar com aquilo que nos vão propor.

Se não é, parece

Merkel e Sarkozy como Berlin e Vichy?

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Travelling - de viajante de luxo a refugiados

Falar da Europa é, sobretudo, falar de Monet e Schumann numa primeira fase e Kohl e Delors na segunda. Não se pode dissociar o trabalho dos "segundos" com os dos "primeiros" e vice-versa.
A Europa foi sendo construída para ser uma comunidade económica, forte e coesa, capaz de combater o poderio económico dos Estados Unidos do pós-guerra.
Nunca foi uma força política por si só já que estava num enclave entre o ocidente livre e liberal e um oriente nebuloso e repressivo; nunca foi uma força política por si só porque vivia o trauma do imperialismo alemão e a sombra da esquerda radical, que assombrava a paz e poderia levar a um terceiro conflito indesejado.
Sempre foi um espaço de paz social, sendo um dos desígnios básicos da comunidade europeia a melhoria das condições económicas dos países que a compunham para que as suas populações pudessem viver num mundo melhor. Pelo menos a curto prazo, no imediato.
Assim foi a Europa, a CEE, constituída por 15 países, do Mediterrâneo ao Árctico.
Outra fase veio, com muita indefinição, que foi a Europa de Romano Prodi.
Foi uma Europa de preparação para o Euro, de preparação para uma abertura a leste.
Foi uma Europa onde a indefinição política se acentuou com a divisão dos países sobre o apoio ou não aos Estados Unidos pós 11 de Setembro, depois de uma década de confronto económico com o país de Clinton. Os interesses da Elf-Total e a quase sempre tentativa alemã de não tomar parte de conflitos armados, em contra-ponto com os interesses britânicos e uma Espanha a querer mostrar-se ao mundo, tiveram o condão de encostar Prodi junto de um buraco negro para onde ele saltou.
Saiu um líder e entraram três: Merkel, Sarkosy e Durão Barroso.
Durão Barroso, delfim de Delors, era o homem em quem se depositava a confiança de devolver dignidade à Europa e que fizesse jus ao trabalho iniciado pelos seus fundadores.
Vindo de um país pequeno, um país que à data já apresentava graves problemas económicos, estando do lado dos " derrotados" do Iraque face aos acontecimentos posteriormente conhecidos, Durão Barroso, o líder de que muito se esperava, sucumbiu aos pés dos poderosos do costume. Tristemente sucumbiu torcendo, não sucumbiu quebrando.
Actualmente vivemos numa Europa dividida entre muito ricos e muito pobres, uma Europa extensa, onde qualquer país europeu - excepto a Albânia - poderá almejar entrar, uma Europa onde a língua franca é o alemão.
Vivemos uma Europa onde o crescimento económico e a qualidade de vida dos povos europeus já não interessa, face aos interesses da Alemanha, da França e dos países do Norte.
Vivemos uma Europa em que porventura o imperialismo bélico foi substituído pelo imperialismo económico e onde "os bons" perderam a guerra.
Será que a Alemanha está a agir de forma incorrecta? Perante o seu povo e as dificuldades que este atravessa, não. Perante os seus parceiros europeus, sim.
O crescimento alemão ( e francês) dos últimos anos foi feito à custa das economias periféricas com uma estratégia e três processos. A estratégia foi tornar a Alemanha e a França como quase os únicos países europeus capazes de produzir no sector primário, secundário e terciário, deixando para os outros apenas o turismo e os serviços. A longo prazo, é a melhor forma de subsistência, e aquela gente pensa a longo prazo, a um prazo suficiente extenso, capaz de ficar marcado na história!
Os processos foram: pagar aos países mediterrânicos para não cultivarem e não pescarem.
Aprovar leis ambientais quase impossíveis de cumprir, fechando muitas pequenas e médias empresas. As grandes, muitas delas alemãs e francesas mas também as inglesas deslocaram a produção para a Ásia onde ambiente é apenas uma palavra no dicionário.
Ter uma moeda única forte, tão forte como o marco e o dólar, capaz de fazer com que os pequenos países europeus passassem a ser o parque de diversões alemão e onde não é necessário pagar bilhete porque a porta está escancarada.
Será que a Alemanha age correctamente? Será que o povo alemão não deveria ser condescendente com quem lhe permitiu ter este crescimento? Deveria.
Cavaco Silva defendeu a desvalorização do Euro; Júdice defendeu a saída da Alemanha do Euro, por forma a esta ter o marco forte e valorizado e para que os outros países tenham uma moeda suficiente estável mas que permita aumentar as exportações para todo o mundo.
Assim se poderá salvar a Comunidade Europeia.
Assim se poderá salvar um potencial ataque da bacia sul do Mediterrâneo, de milhões de jovens que vão da Turquia a Marrocos que não têm nenhuma perspectiva de terem uma vida decente nos seus países e que a curto prazo poderão desembarcar nas costas de Itália, Espanha e Portugal.
Assim se poderão estabilizar os mercados, quer os de empréstimo quer os bolsistas.
Assim se poderá caminhar para uma CE mais justa e digna, para um " palácio que já foi e poderá voltar a ser".