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domingo, 14 de abril de 2013

A quadrilha dos aparelhos partidários

"O aparelho do PSD não gostou da nomeação de Miguel Poiares Maduro. Não lhe interessa as competências do novo ministro, nem nada que tenha a ver com o conhecimento dos dossiês ou a dedicação ao país. Apenas se preocupa com este ponto: o novo ministro não percebe nada de PSD e vai ter o dinheiro do QREN que vem da Europa.
O aparelho criticou ainda a nomeação de um secretário de Estado (António Leitão Amaro) que, sendo do PSD, não é da linha de Passos Coelho, uma vez que apoiou Paulo Rangel. Ou seja, nem o ministro nem o secretário de Estado conhecem suficientemente as subtilezas do apoio que necessita o presidente da Junta X, que traz 12 votos e meio para o Congresso, e também se torna decisivo para a eleição do presidente da Distrital Y, o qual tem sólidas esperanças de ser nomeado presidente de um Instituto, onde terá a oportunidade de trocar os favores de um QREN por uma coisa qualquer. (Isto também explica a quase unanimidade do nostálgico voto de louvor a esse grande Relvas, que nunca hesitou em pôr o partido à frente dos interesses do país).
Outro aparelho, o do PS, reelegeu António José Seguro líder do partido, ao que parece com mais de 95% dos votos. Como se vê, é falsa a existência de quaisquer divisões dentro do PS, ou nada representam aqueles que passam a vida a dizer mal do secretário-geral socialista.
Em cada eleitorado aparelhístico há uma pequena Coreia do Norte que ama o seu grande líder.
Esta gente, estas autênticas quadrilhas têm um papel mais pernicioso na política atual que a corte tinha nas monarquias absolutas. Um desafio importante é saber como nos podemos livrar desta canga."


Henrique Monteiro in Expresso

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Gaia e as eleições antecipadas

Desde há muito que escrevo que o governo não aguenta a legislatura até ao fim, devendo o Presidente da Republica chamar a si a responsabilidade de formar um Governo ( sim, um Governo).
Escrevi isso porque parece-me que levar o país a eleições, nesta altura, é dispensável porque, mesmo que ganhe o PS, vai-se ter que cumprir o memorando de entendimento com a Troika.
No entanto, esta semana surgiu uma notícia que poderá mudar vontades dentro do PSD: Marco António Costa é travado por Passos Coelho e não se candidata a Gaia.
Passos Coelho ganhou as eleições do PSD com o apoio do Dr.Filipe Menezes e de Marco António Costa. Vamos ser francos: Relvas arregimentou 28% dos votos, o que fez que o ex-líder da JSD perdesse as eleições em 2008. A grande diferença para 2010 foi a aposta do núcleo de Gaia em Passos, fazendo-o ganhar; se tivessem apostado em Paulo Rangel, certamente seria Rangel a ganhar.
Posto isto, Passos fica a dever favores ao Dr.Filipe Menezes e a Marco António Costa: Conselho de Estado e candidatura à Câmara Municipal do Porto para um, Secretário de Estado e candidatura à Câmara Municipal de Gaia para outro.
Com a notícia da não candidatura de Marco António Costa a Gaia, abre-se aqui uma questão: será que o que ofereceram ao Secretário de Estado para continuar no governo é suficientemente bom para esquecer os seus gaienses?
Será que, numa eventual remodelação ministerial, o lugar de Ministro, num governo que tem trela curta da Troika, será suficiente para afastar Marco António Costa das pessoas que lhe deram projecção?
Se não for suficiente, temos mais uma pessoa dentro do governo e do PSD a querer que esta aventura governamental acabe o mais rapidamente possível.

terça-feira, 3 de julho de 2012

Não estive na campanha pelo "não", não concordava com muitas opiniões e tomadas de posição de Maria José Nogueira Pinto mas compreendo e concordo com tudo o que Paulo Rangel escreveu neste "jeito de homenagem".
Até sempre.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

O duche escocês: e se entretanto chegar a crise das “soberanias” em dívida?

" 1. Em Portugal, a agenda política está carregada, mesmo muito carregada, densamente carregada. Entre assuntos graves e episódios triviais, a agenda é farta e está cheia. E na Europa, especialmente nas semanas que ora desatam a correr, o espaço – político, mediático, público – está garantidamente ocupado. A ocupação do espaço é tal que o tempo nem sobra nem sobeja. O tempo não sobra nem sobeja para ler os sinais. E todavia, com a intermitência de certa sorte de pirilampos, eles piscam e cintilam.

2. A Hungria podia ser um tema ou podia até ser o tema. Mas a Hungria fica na Europa Central, entalada entre o fantasma otomano e o destino imperial, habituada a retalhar-se entre eslavos e teutões. Vista da metade ocidental, a Europa Central e de Leste tem a vivacidade andante dos caleidoscópios. O arranjo de fronteiras, a migração de grandes grupos, a disputa do nome das cidades, a transição de cultos nos templos, a mudança de escala do poder político (que pode passar de um grande reino a um pequeno principado) são manobras de rotina. As manobras poderão quiçá ter sido interrompidas pela Guerra Fria... Mas a Guerra Fria, exactamente ao contrário do que sugeriu e propalou Francis Fukuyama, não foi senão o “fim da história”. Finda essa guerra, a história renasceu. E sendo esse o pretenso “modus vivendi” do oriente da Europa, os do Ocidente, embora impressionados e preocupados, encaram-no com relativa normalidade. Daí que a Hungria, com a recente extensão da nacionalidade a cinco milhões de habitantes dos Estados contíguos (em especial da Eslováquia e da Roménia), sendo exemplar, não seja o exemplo.

3. O exemplo, por mais distraídos que estejam – e estão – os seus habitantes e políticos, vem mesmo da costa oeste e de uma reconfiguração, a cada instante mais plausível, dos mapas de auto-determinação. O caso mais conhecido, plasmado num movimento político de efeito progressivo e deslizante, tem sido a Flandres, outrora terra de manufacturas e asilo de sefarditas. Ao lado dele, surge com força, vigor e uma oportunidade quase oportunista o caso italiano da Padânia. A Padânia abrange os velhos territórios do vale do Pó e vai dos confins da mítica Trieste até à Ligúria, do Tirol do Sul ao Piemonte, estendo-se nas versões mais triunfalistas até à Úmbria e à Toscânia. É a Itália que trabalha, regista patentes e paga impostos, habituada a reinos, principados e repúblicas, com pouca vontade de pagar o que toma por desmandos do Mezzogiorno.
Mas, seja como seja, a Bélgica é um artifício de 1830 e a Itália, tal como a Alemanha, uma realidade romântica, natural e supostamente espontânea, dos idos 1860. Tudo edificações recentes, muito recentes. Um rasgão na Bélgica e um patriotismo lombardo ou “trans-lombardo” estarão ainda, e apesar de tudo, no limiar do explicável.

4. Difícil, difícil, até porque muito tentadora, é a Escócia. A Escócia integra constitucionalmente o Reino Unido desde 1707, embora as coroas britânicas estejam unidas desde que os Tudors deram lugar aos Stuarts, em 1603 com James I, que a neo-escolástica de Coimbra e Salamanca (Vitória, Suárez, Molina) sempre conheceu por Tiago I. Apesar dessa estabilidade de quatro séculos, o nacionalismo escocês está agora redivivo. É bem verdade que houve sempre uma nostalgia da bravura escocesa e que, em 1950, o roubo da “scone stone” – a pedra da coroação dos reis escoceses que, desde Eduardo I, jazia na parte inferior da cadeira de entronização dos reis ingleses – fez soar as campainhas de uma militância adormecida. Mas agora é a sério e os escoceses já não se contentam com a “autonomia” e o “parlamento regional” que, no final da década de 1990, lhes concedeu Blair. Agora querem o referendo da independência, feito em 2014, nos 700 anos da batalha de Bannockburn, nas condições e com as regras que ditarem os escoceses e não as do parlamento da união em Westminster. Entre essas regras, estaria o voto dos cidadãos de 16 e 17 anos, mais propensos à independência, e a criação de uma comissão “ad hoc” para regular e fiscalizar o referendo. O que pode culminar numa verdadeira e própria independência ou, muito mais provavelmente, numa “autonomia aberta e progressiva” de carácter federal. A isto se opõe a classe política britânica, de todos os quadrantes, com Cameron à cabeça. O actual primeiro-ministro aceita um referendo, mas feito de imediato, enquanto as sondagens são hostis à secessão, sem hipótese de modalidades intermédias ou “meios termos”: os escoceses têm de decidir, já e de uma vez por todas, se querem ficar ou se querem sair do Reino Unido. Tertium non datur .
A separação da Escócia, que constituiria um precedente de consequências imprevisíveis, provoca e seduz algumas chancelarias europeias. A emergência de um novo país, que seria seguramente europeísta por necessidade e conveniência, alteraria de modo fundamental os equilíbrios geopolíticos do continente. Uma Escócia da dimensão da Dinamarca, financiada pelo que resta do petróleo do Mar do Norte e por fartos fundos de coesão em virtude da sua “pobreza”, seria um enorme cavalo de Tróia ancorado na Grã-Bretanha. Tudo mudaria, mesmo no ibérico sudoeste europeu, praticamente estável também há mais de quatrocentos anos.

5. E é aí que os sinos dobram e ensurdecem os povos da Bética, da Galécia, da Lusitânia. Com uma crise financeira inédita, com um governo centralista em Madrid, com os nacionalismos oleados por décadas de autonomia franca, com os antigos etarras a funcionar em modo político, a Península pode conhecer novos destinos... Nem tudo o que luz é ouro, nem tudo o que reluz é financeiro ou económico.

SIM e NÃO

SIM. Vasco Graça Moura. O país e o CCB merecem-no e precisam dele. Uma escolha que só por sectarismo pode ser confundida com o magma das nomeações por cartão.

NÃO. António José Seguro. Como pode proclamar a regra geral da liberdade de voto dos Deputados do PS e depois deixar censurar o exercício livre da legitimidade para promover a fiscalização da constitucionalidade de leis?"

Paulo Rangel

quinta-feira, 31 de março de 2011

Não é segredo para ninguém que desde há algum tempo que considero Francisco Assis um político brilhante. Não só pela sua capacidade oratória - de muita importância mas não fundamental - mas sobretudo pelo seu poder de análise e uma vasta cultura que lhe permite discutir política no seu estado mais puro. Transpondo para o PSD, diria que é alguém como Rangel, até pelo percurso europeu. Algo que todos se devem lembrar de Assis é o episódio de Felgueiras onde, contra tudo e contra todos, foi à luta e perdeu para uns militantes viciados e facciosos. Nesse momento mostrou uma seriedade inabalável: lutou contra o PS porque para si os princípios éticos e morais devem estar acima do resto. O que me espanta em Francisco Assis é a sua posição desde a última semana de campanha presidencial onde abandonou parte dos seus princípios para se juntar ao PS "de Felgueiras" que é radical, populista, que governa por conta e risco, que não fala verdade ao povo. Espanta-me esse Assis. A defesa exagerada que fez a Sócrates no dia da votação do PEC IV e, na mesma onda, a sua declaração do hoje após a intervenção do Presidente da República são completamente descabidas do Pensador de Amarante e entram na perfeição na propaganda socialista. Sou dos que acredita que os políticos têm, acima de qualquer ideologia, princípios; espero que Francisco Assis retome os dele, que muita falta vão fazer ao país depois das eleições.