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quinta-feira, 28 de março de 2013

Sócrates e a miséria da Filosofia

"O título "A Miseria da Filosofia" foi Karl Marx que o deu a um opúsculo no qual criticava a obra "A Filosofia da Miseria" do anarquista Proudhon. Mas neste caso significa apenas a miséria da filosofia que Sócrates aprendeu em Paris.
A filosofia distingue-se das religiões por lidar apenas com argumentos racionais. Ora, o que ontem se viu não foi bem isso.
Por exemplo, alguém racionalmente acredita que, mesmo com o PEC IV aprovado (e eu, na altura, defendi que o deveria ser), Portugal tivesse escapado ao resgate? Não creio. Essa ideia é um pensamento magico de Sócrates, algo a que se agarra, da mesma forma que um naufrago no mar alto vê a sua salvação no mais mísero toco.
Aprende-se, igualmente, na Filosofia que as pessoas desprendidas discutem ideias, as normais acontecimentos e as mesquinhas discutem pessoas. Dentro deste parâmetro, escuso de classificar o ex-primeiro-ministro (o atual vai pelo mesmo caminho, mas essa é outra conversa). Eu, que sou insuspeito de gostar do Presidente ou de achar que o seu papel tem sido positivo, registo que Sócrates diz que ele conspirou. Pois bem, quando era diretor do Expresso não foi de Belém que me chegou uma conspiração contra o Governo, mas do Governo que me chegou uma conspiração contra Belém. Na verdade, que interessa isso agora? Apenas nos dá conta do tipo de pessoas a que estávamos e estamos entregues.
Sócrates foi - como se dizia dos futebolistas - igual a si próprio. Parem a austeridade! exclama, não explicando como reduz o défice a que ele também se comprometeu no memorando da troika. Vitimiza-se, interrompe, coloca um ar superior enche a boca de si mesmo e fala muito da narrativa. O termo narrativa é interessante, porque parece introduzir uma relativização da verdade - como se várias narrativas coexistissem, sem que houvesse verdade e mentira. Mas há verdade e mentira e isso, como se aprende na Filosofia, não depende da vontade de Sócrates.
A demagogia, que é o terreno fértil dos tele-evangelistas, dos vendedores de facilidades, abundou. E apetece fazer as perguntas que o grande Cícero fez a Catilina, um demagogo da sua época: "Até quando Catilina abusarás da nossa paciência? Por quando tempo ainda esse teu rancor nos enganará? Até que ponto a tua audácia abusará de nós? Sem esquecer que Catilina foi considerado um herói popular e Cícero enviado para o exílio, de onde voltou para se retirar da política ao entrar em choque com Júlio César. A República Romana, que Cícero defendera acima de tudo, tinha chegado ao fim. Abria-se o ciclo dos imperadores.
A moral da história não é quase nunca uma história moral!"

Henrique Monteiro in Expresso

terça-feira, 12 de março de 2013

No PS de hoje...

... António José Seguro ainda não aprendeu a utilizar o e-mail...
E Carlos Zorrinho ainda se mantém jovem inculto, necessitando dar exemplos futeboleiros para se fazer ouvir.
Com esta oposição, que esperança podem ter os portugueses, que caminho resta a Cavaco Silva?!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

A mercearia - 4


Escrevo sobre política, de forma regular e declarada, desde 2009: criei um blog – omeupedelaranja.blogspot.com – e fui alimentando-o, com textos meus e imagens, vídeos, músicas, tudo o que eu visse que seria interessante para mostrar um ponto de vista ou ilustrar a minha opinião. Além de ser um dever que eu considero cívico, foi uma forma de eu efectivar a minha relação com a candidatura de Hermínio Loureiro à Câmara Municipal.
Findo o período das eleições, continuei a escrever no dito blog. Cheguei a ter uma “secção”, na altura mais acentuada da péssima governação de Sócrates, com o título “ Músicas para enfrentar a crise”.
Há dias, ao lembrar-me de Álvaro Cunhal – uma pessoa com quem sempre discordei tendo, também, a recordação de um homem que viu os seus sonhos desfazerem-se ao longo do tempo, sendo que, na altura da sua morte, o próprio já não deveria acreditar num mundo marxista-leninista.
Essa imagem fez-me pensar que ele era, acima de tudo, um homem íntegro; e Portugal teve vários homens íntegros no século XX.
Assim, criei outra secção chamada “Homens íntegros do século XX português”. O primeiro a ser relembrado nessa coluna foi Cunhal; seguiu-se Sá Carneiro, Duarte Pacheco, António José de Almeida, Salgueiro Maia e Adelino Amaro da Costa. Todos, infelizmente, deixaram-nos e, muitos deles, com muita pena minha e com muito pesar por Portugal, deixaram a obra inacabada e sem ninguém com força de a continuar.
O nome que se seguia na minha lista era o de Jaime Neves, a primeira fotografia de alguém ainda vivo. Não fui a tempo…
Tenho por Jaime Neves uma profunda admiração: foi à sua custa, ao seu amor à liberdade que hoje podemos entrar num regime democrático; foi graças à sua estratégia militar que, posteriormente, pudemos abraçar a Comunidade Europeia; foi graças à sua astúcia que hoje, todos os cidadãos portugueses e estrageiros, em território nacional, poderão dizer que têm um sistema justo que os protege numa lógica de direito/ dever/ obrigação. Caso contrário, a 25 de Novembro de 1975, caíamos em mais anos de trevas mas, dessa vez, entregues à oligarquia marxista-leninista.
A Democracia não é um sistema perfeito nem é um sistema barato. Contudo, é o menos imperfeito de todos os sistemas e a liberdade é algo que não tem preço.
Hoje em dia, alguns mal informados, outros muito bem informados e outros ressentidos, dirão que foi graças a ele que temos desigualdades, temos um Parlamento esbanjador, planos de reforma absurdos, uma moeda única que nos prejudica, etc. etc.. Hoje em dia, perante a crise, há quem defenda um regresso ao antigamente – ao salazarismo ou a 1917 ou a algo escrito mas nunca colocado em prática que é o anarco-sindicalismo – com ideias de uma elite a mandar e toda a gente a trabalhar, muito e a ganhar pouco, esquecendo-se de tudo o que foi conquistado a 25 de Abril de 1974 e efectivado a 25 de Novembro de 1975.
Eu, felizmente, não vivi esses tempos; contudo não esqueço aqueles que poderão ser considerados heróis pela vida que temos. Jaime Neves é um deles.
Se hoje podemos votar livremente, devemos a Jaime Neves; se hoje podemos dizer mal, ou dizer bem da forma o mais desinteressada possível, do Governo, devemos a Jaime Neves; se podemos ver os soldados nos quartéis, devemos a Jaime Neves.
Quando penso em igualdade vem-me uma frase à cabeça: vivo num país em que o pai do Presidente da República era gasolineiro. Não era rei, conde ou barão, não era um grande industrial ou um intelectual lido e admirado: era alguém do povo e do povo saiu o chefe máximo da nação.
Jaime Neves abriu caminho a que outros instalassem um sistema que, por muito imperfeito que seja, me permite ter um blog e escrever nele o que me apetece desde que seja verdadeiro; se não for, sei que poderei ser chamado à justiça e que a mesma me julgará como deverá julgar outro cidadão qualquer.

João Rebelo Martins in Politica Queira Mais

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Lello e o Facebook

José Lello e o Facebook são duas entidades que não coabitam muito bem, porventura por causa de algo no Blackberry do conhecido deputado socialista.
Em tempos foi uma mensagem sobre o Presidente da Republica que era para ser para um amigo et voilà apareceu visível a toda a gente.
Ontem, a mensagem que deveria ser para algum estratega do partido e que saíu para o público, foi esta:

"A maioria dos funcionários públicos são eleitores do PS.Todavia,o PS andava ciumento do PSD e nostálgico por não apresentar propostas fraturantes e não ter personalidades assim tão radicais como o SE Moedas a polarizarem as atenções dos media.Ainda que fosse por razões menos boas.Talvez por isso,mau grado o ataque sem regras nem decoro a que o PSD tem sujeito os funcionários públicos,o PS veio agora defender a extinção do serviço de saúde para o qual os ditos funcionários descontam mensalmente,o ADSE.Se o PSD malhava nos funcionários públicos,o PS também teria aí de molhar a sopa.Se eles tinham um Moedas,o PS aspiraria a ter,pelo menos,uns moedinhas!"

Retenho: "A maioria dos funcionários públicos são eleitores do PS." 
O problema de Lello não são as famílias que sofrerão com os a extinção da ADSE, o problema não são as contas do Estado.
O problema é tão é só as eleições e a guerra interna no PS.
Assim não vale a pena fazer política.

domingo, 13 de janeiro de 2013

A mercearia


Poucos dias depois do Expresso comemorar os 40 anos sobre o lançamento da primeira edição – comemoração essa que teve, e vai ter, vários momentos-chave mas que, no meu entender, a mais marcante é o próprio jornal e os seus conteúdos -, Francisco Pinto Balsemão, na Grande Conferência Portugal no Mundo, no discurso de abertura, afirma que um jornal não deve ser poder nem contra-poder; deverão os leitores tirarem as suas próprias conclusões pela análise das notícias.
“Bullshit”, dirão alguns.
No entanto, depois de Balsemão ter discursado, fê-lo Durão Barroso, terminando com Cavaco Silva e, no meio de tudo isto, existiram debates onde participaram Mário Soares, Felipe Gonzalez, José Ramos-Horta, Joaquim Chissano, Celso Lafer, António Damásio, Miguel Poiares Maduro e Henrique de Castro. Na plateia estavam embaixadores, ministros, ex-Primeiro Ministro e ex-ministros, ex-candidatos a Presidente da Republica, deputados, banqueiros e pessoas que amam a liberdade, empresários, donos de Fundações.
Ou seja, se a comunicação social – aqui representada pelo Expresso – não for poder nem contra-poder, conseguindo juntar tantas e tamanhas personalidades, poder-se-á dizer que é, tão e só uma ferramenta através da qual todos poderão extrair as qualidades e defeitos do mundo, opinando e agindo sobre eles.
Com este princípio de pluralidade o Expresso sobreviveu 40 anos, esperando eu, que sobreviva pelo menos mais 40. Com este princípio de pluralidade, da direita à esquerda portuguesa, todos puderam/ podem escrever no Expresso e nenhum se pode gabar de ter tido o Sábado descansado.
Posto isto, pegando neste princípio de pluralidade, muito me enobrece o convite feito para estar neste grupo de comentadores da política do Aveiro-norte, que ganhou corpo neste novo meio chamado Política Queira Mais.
Prometo dar a minha opinião sobre factos, prometo fazê-lo enquanto me quiserem ler e, também, enquanto me der gozo. Não prometo ser imparcial: isso é dever dos jornalistas e eu, não o sou.
Até breve,

João Rebelo Martins

*A mercearia é um local onde se encontram produtos frescos como alface, tomate, peixe de mar e sal e coentros para o temperar. Também poderemos encontrar enlatados; ou carne seca e fumada. Há uma secção de guloseimas – casca de laranja com chocolate – e outra só com brinquedos para os miúdos. Na mercearia também é habitual os fregueses conviverem e falarem da vida.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Medo

É o que eu tenho: medo - quando leio post de Facebook e alguns blogues, instigados por noticias que vão, em crescendo de valor, indicando quanto custa a decisão do Presidente da Republica relativamente ao Orçamento do Estado.
Qualquer coisa que vai de 1.1 mil milhões a 1.8 mil milhões de euros, como se 700 milhões de euros não fizessem falta...
O que leio, pelas noticias e pelos comentários adjacentes, é uma tentativa de culpabilização de Cavaco Silva. Mais grave, e daí o meu receio, é dar um preço à democracia, ao cumprimento de um estado de direito que prevê igualdade entre os seus pares.
Quanto à tentativa de culpabilização de Cavaco Silva digo: é preciso ter lata! Depois de todas as trapalhadas do ano passado, depois de meses em que se sabia que as medidas apresentadas eram anti-constitucionais, o que fez o governo?! Nada. Marimbou-se literalmente para toda a gente, desde o Povo ao Presidente da Republica, passando pelo Tribunal Constitucional, os parceiros sociais, toda a gente.
Agora, sacodem a água do capote.

Passos, Relvas e Gaspar - a arte de alienar


"Quando entrou em funções o Governo tinha toda a boa vontade dos portugueses e o PS colaborante, amarrado como estava pelo Memorando assinado com a troika. Não seria necessário ser demasiado intuitivo e inteligente para entender que essa era a altura de efetuar reformas de fundo no Estado. E de que, para isso, o Governo necessitava do PS, da UGT, de todos os que pudesse congregar. Muita gente - eu incluído - o escreveu e o disse inúmeras vezes.
O Governo escolheu outro caminho - o de alienar aliados e parceiros. O primeiro a ser afastado de toda e qualquer decisão foi o PS. Seguiu-se a única central sindical com que podia contar - a UGT. No caso da TSU foram as associações patronais. Depois, foi a vez de boa parte do PSD. E Paulo Portas e o CDS. E também o Presidente da República.
De acordo com o que é possível ler na última edição do Expresso, boa parte dos ministros também já não participam nem comungam das teses de Passos, Relvas e Gaspar. Ou seja, da troika que afastou todos os aliados até se refugiar num pequeno reduto onde, agora, acossada, depois do discurso de Cavaco Silva, espera uma sentença do Tribunal Constitucional.
Não é bonito de se ver, sobretudo não é bom para o país. Como já escrevi há meses, pouco mais resta do que Passos sair pelo seu pé e permitir que outra solução emanada deste Parlamento possa, de forma dialogante, continuar o programa de ajustamento e reforma de que o país necessita."

domingo, 4 de novembro de 2012

Jerónimo de Sousa em O.Azeméis - III

Jerónimo de Sousa, uma pessoa que, apesar das nossas diferenças ideológicas, considero sério e integro para com os ideais que defende, esteve igual a si próprio. Ou seja, não trouxe nada de novo: colocou PSD, CDS, PS, Presidente da Republica e Troika no mesmo saco, falou contra as grandes empresas e as famílias que detêm o capital, relembrou Abril em contraposição com os "36 anos da velha política de direita".
Jerónimo de Sousa jogou uma partida de ténis entre o dinheiro disponível para a banca e o dinheiro que não está disponível para a produção. Falou um pouco de economia, focalizado na agro-industria e no sector extractor, falou um pouco da disparidade dos aumentos do IRS, em contraposição com o IRC, e pouco mais de palpável.
E andou assim à volta, a "tirar água sem caneco", a vociferar contra PSD, CDS, PS, Presidente da Republica, Troika, grandes empresas e as famílias que detêm o capital.

domingo, 25 de março de 2012

A/c de todos quanto criticaram Cavaco, dizendo que ele ganha muto para as suas funções

Muita gente tem criticado Cavaco Silva, Presidente de todos os portugueses, devido a declarações proferidas por si, muitas vezes correctas no conteúdo mas vestidas de uma roupagem não muito apropriada. Tais declarações têm provocado uma série de comentários impróprios para com o Presidente, sobretudo da esquerda mas também da direita. Quem as profere, chega, no limite, a exigir a demissão do Presidente (???) e a afirmar que ele ( e todos os politicos em geral) deveria ganhar o ordenado mínimo.
Falando para a ala esquerda, um dos pensadores que devem atentamente seguir, penso eu, será George Bernard Shaw, escritor, dramaturgo, jornalista, ensaísta, irlândes do sec XIX e XX e que muito escreveu sobre o socialismo.
Bernard Shaw em " Um socialista associal" escreve sobre o Rei de Inglaterra " Um rei nos dias de hoje é apenas um boneco que serve para desviar as atenções dos verdadeiros opressores da sociedade e a fracção do salário que um rei pode gastar conforme lhe apetece é normalmente demasiado pequena para o risco que corre, para os problemas que enfrenta e para a situação de escravidão pessoal a que está reduzido. Que indivíduo em Inglaterra está em pior situação situação do que o nosso monarca constitucional? Negamos-lhe toda a privacidade. Ele não pode casar-se com quem escolher, ligar-se a quem preferir, vestir-se de acordo com os seus gostos, ou viver onde lhe apetecer. Não acredito sequer que possa inclusivamente comer ou beber o que mais gosta. O seu gosto por tripas e cebolas poderia provocar um protesto do Concelho Privado. Impomos-lhe tudo o que deve fazer, excepto os seus pensamentos e sonhos e até mesmo este tem de guardar para si próprio se, na nossa opinião, não forem adequados à condição que ocupa.".
Será a posição do Rei muito diferente daquela que a Constituição impõe a todos os Presidentes da Republica, especialmente a Cavaco Silva, porque a cumpre?!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Dúvidas que populam por aí

Finalmente que a directora do CEJ se demitiu. Esperou a tomada de posse de Paula Teixeira da Cruz; fez bem.
( Em situações "idênticas" Alberto Martins não se demitiu, esperou que o Presidente da República dissolvesse a Assembleia!)
Uma dúvida: quando um aluno é apanhado a copiar, chumba, certo?! Porque é que um futuro juiz quando é apanhado a copiar leva um 10?!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Há quem critique a forma como, por vezes, Cavaco Silva se dirige ao país utilizando o Facebook.
Mas a malta do PS, inovadora, não só usa o Facebook para comunicar com os concidadãos mas também para se demitir!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Enquanto...

... Assis se mostra preocupado mas, ao mesmo tempo ponderado, Lello continua na sua incrível verborreia!!
( ou será que a culpa foi, mais uma vez, do danado do BlackBerry que teima em se meter com o Presidente da República?!)

quarta-feira, 25 de maio de 2011

Entrevista a Henrique Neto

"José Sócrates devia demitir-se já da liderança do PS"
Histórico socialista defende que actual Governo cometeu muitos erros e que o primeiro-ministro já se devia ter demitido há mais tempo. Em nome do País, apoia um acordo alargado. Com Seguro à frente do partido.
Por:Janete Frazão / João Pereira Coutinho
Correio da Manhã - José Sócrates demitiu-se. Acha que o deveria ter feito mais cedo?

Henrique Neto - Se dependesse de mim, com certeza. Penso que os erros que foram cometidos pelo Governo justificariam que ele se tivesse demitido mais cedo. Se ele aceitasse. Mas conhecendo-o e sabendo que isso não é possível, o desfecho teria de ser deste tipo.
CM - Quais foram os principais erros?
HN - Uma grande inconsciência em relação ao endividamento externo, que não é de hoje, já existia antes de Sócrates chegar a primeiro-ministro. Mas ele relativizou muito o problema, e depois esteve em estado de negação todo este tempo.

CM - Muitos acusam-no de mentir.

HN - O estado de negação da realidade em que ele estava levava-o a mentir e a criar um mundo irreal.
CM - A crise política foi precipitada por José Sócrates?
HN - Foi claramente precipitada por José Sócrates. Ele é uma pessoa inteligente, que compreendia perfeitamente que a forma como foi negociar a Bruxelas o PEC, e principalmente a forma como depois o apresentou sem dar conhecimento ao Presidente, não ia ser aceite e retiraria margem de manobra ao PSD.

CM - Não é um jogo arriscado?

HN - José Sócrates gosta de jogos arriscados. Faz parte das suas características e até das suas qualidades, em certas circunstâncias.
CM - É o mito do animal feroz.
HN - Exactamente. Pode ter acontecido que, tendo ele compreendido que o País estava numa situação de grande dificuldade, e que iria ter de pedir o apoio da União Europeia e do FMI, saía numa situação de maior fragilidade. Demonstra uma grande capacidade de antecipação política. Agora o PSD cometeu um erro, porque acho que deveria ter recusado aquele PEC mas apresentado um PEC alternativo.

CM - Prevê uma campanha eleitoral particularmente dura e até suja?

HN - Parece-me uma evidência, o que é mau para o País, depois dos excessos da campanha para a presidência, termos uma outra campanha suja, que vai ser muito agressiva. Há um clima de agressividade em relação ao actual primeiro-ministro.

CM - Como vê a actuação do Presidente da República perante esta crise política?

HN - O Presidente tem sido acusado de um certo imobilismo. Não estou totalmente de acordo nesse capítulo, mas acho que perdeu uma oportunidade no dia seguinte à apresentação do PEC de chamar de urgência o primeiro-ministro e fazê-lo sentir autoridade. Tinha, naturalmente, importância política.

CM - Se perder as eleições legislativas, Sócrates deve demitir-se de secretário-geral do PS?

HN - Preferia que se demitisse agora. Mas sabemos como funcionam os partidos e, provavelmente, a vitória será de Sócrates. Ele diz que está ao serviço do seu país - do nosso país, digo eu - mas talvez o melhor serviço que ele pudesse prestar ao PS e ao País era mesmo demitir-se de secretário-geral. Porque ganhando ou perdendo as eleições, o PS podia participar na governação na fase seguinte. Não sou adepto de blocos centrais, mas estamos numa situação anormal.

CM - Mas defende um acordo amplo?

HN - Seria preferível. E era muito mais fácil de obter depois das eleições com outro dirigente do PS.
CM - Quem, por exemplo?

HN - António José Seguro seria, eventualmente, o meu preferido.

CM - Portugal estaria melhor com a ajuda externa?

HN - É difícil prever. Há quatro meses, quando foi o problema da Grécia, disse que se dependesse de mim pedia já ajuda. Quando se aproximou a data da cimeira, pensei que seria melhor conhecer as condições de financiamento que a Europa decidir. Em qualquer dos casos, continuo preocupado que Portugal não se atrase excessivamente e que o problema português seja tão grande que os recursos internacionais já não sejam suficientes.

"MÁRIO SOARES PRESTOU UM MAU SERVIÇO AO PARTIDO E A PORTUGAL"

CM - Porque não há uma oposição organizada a Sócrates no PS?

HN - O engenheiro Guterres não era muito diferente de José Sócrates e deixou criar à sua volta um aparelho. Não digo que criou, porque não estava no seu estilo, mas deixou que se criasse um aparelho no sentido de dar poder a alguns socialistas. Criou-se um clima completamente acrítico, sem debate. Por sua vez, Sócrates criou o espectáculo político.

CM - Essa mediatização arrastou mesmo figuras históricas. Como se explica que Mário Soares numa semana faça críticas a Sócrates e depois apelos a entendimentos com Sócrates?

HN - Não tenho grande explicação. Foi um mau serviço prestado a Portugal e ao PS, porque os socialistas revêem-se muito em Mário Soares.
E muitos dos erros cometidos por esta direcção do PS não foram combatidos como deviam por causa da bênção que davam a Mário Soares ao longo destes seis anos.

CM - Almeida Santos convidou-o a participar nos órgãos e nos debates do PS. Vai aceitar o repto?

HN - Os debates é missão impossível, porque não há debate. O monolitismo que existe no PS são arranhadelas. E a violência com que se atacam esses pequenos arranhões é claramente excessiva e só pode resultar de uma certa vocação um pouco totalitária que às vezes existe nos maiores democratas.

PERFIL

Henrique Neto, 74 anos, nasceu em Lisboa, numa família operária da indústria vidreira originária da Marinha Grande. É casado e tem três filhos. É um histórico do PS, tendo ocupado os cargos de dirigente e de deputado pelo partido. Nos últimos anos, afastou-se da política activa. Engenheiro de formação, foi um dos fundadores da Iberomoldes e da SETSA, ambas da indústria de moldes para matérias plásticas.

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Mário Soares não perde uma oportunidade de dizer mal de Cavaco Silva, especialmente do tempo em que este foi Primeiro-Ministro.
Nota-se ainda, 16 anos depois da saída de Cavaco Silva do Governo e 19 anos depois da humilhação que foi para o então Presidente da República ter ganho as eleições com os votos do PSD de Cavaco, um ressabiamento sem par.
Tanto que até para justificar a "crise", o ex-Presidente se viu obrigado a culpar a sua tão bem amada Europa e a fazer crer que a história dos povos deveria prevalecer sobre o actual estado das finanças.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

eu até que percebo umas coisinhas de internet...



Disseram-nos que tudo foi precipitado pelo discurso de tomada de posse de Cavaco Silva e pela negação do PEC IV.



Em 24 de Fevereiro ainda não tinha acontecido nenhum desses dois "factos" e as próximas eleições seriam apenas em 2013...

sexta-feira, 1 de abril de 2011


Para quê ter a maçada de se demitir quando o Presidente ia ter Conselho de Estado?!

quinta-feira, 31 de março de 2011

Não é segredo para ninguém que desde há algum tempo que considero Francisco Assis um político brilhante. Não só pela sua capacidade oratória - de muita importância mas não fundamental - mas sobretudo pelo seu poder de análise e uma vasta cultura que lhe permite discutir política no seu estado mais puro. Transpondo para o PSD, diria que é alguém como Rangel, até pelo percurso europeu. Algo que todos se devem lembrar de Assis é o episódio de Felgueiras onde, contra tudo e contra todos, foi à luta e perdeu para uns militantes viciados e facciosos. Nesse momento mostrou uma seriedade inabalável: lutou contra o PS porque para si os princípios éticos e morais devem estar acima do resto. O que me espanta em Francisco Assis é a sua posição desde a última semana de campanha presidencial onde abandonou parte dos seus princípios para se juntar ao PS "de Felgueiras" que é radical, populista, que governa por conta e risco, que não fala verdade ao povo. Espanta-me esse Assis. A defesa exagerada que fez a Sócrates no dia da votação do PEC IV e, na mesma onda, a sua declaração do hoje após a intervenção do Presidente da República são completamente descabidas do Pensador de Amarante e entram na perfeição na propaganda socialista. Sou dos que acredita que os políticos têm, acima de qualquer ideologia, princípios; espero que Francisco Assis retome os dele, que muita falta vão fazer ao país depois das eleições.

quinta-feira, 24 de março de 2011

as mais esfarrapadas desculpas... e ninguém aprendeu nada

Desde Augusto Santos Silva, na TSF ás 9 da manhã a Tomás Vasques no seu blog, já ouvi de tudo, do mais incauto ao mais esfarrapado ou rebuscado.
É triste porque parece que ninguém aprendeu nada: se são pedidos esforços aos portugueses, se o FMI entrar em Portugal deve-se única e exclusivamente à forma como José Sócrates e o PS governaram Portugal nos últimos 6 anos.
Não caiam na tentação de acreditar que o FMI vem devido ao discurso de Cavaco Silva ou à recusa do PSD em salvar ( mais uma vez) o governo.

terça-feira, 22 de março de 2011

A crise política gerada por Sócrates - IV

Esta crise teve vários pontos-chave:

  • Sócrates sabe que mais cedo ou mais tarde o FMI vai entrar em Portugal devido ás políticas erradas do Governo, principalmente de 2008 a esta parte;
  • Sócrates sente-se atiçado com o discurdo de tomada de posse do Presidente da República e decide agir;
  • Sócrates não quer ver o seu nome associado ao FMI e tenta colá-lo ao PSD;
  • O PEC IV é aprovado em Bruxelas e Sócrates não dá conhecimento a ninguém, nem aos seus Ministros, nem ao Presidente, nem à Assembleia;
  • Toda a oposição e o próprio Presidente da República não têm porquê de ir ao encontro das posições do PEC IV devido à posição estratégica de Sócrates em não lhes ter dado conhecimento;
  • Sócrates coloca o discurso em " Ou eu ou o FMI";
  • Sócrates mente aos portugueses dizendo que o PEC IV ainda pode ser aprovado e alterado na Assembleia da República - Bruxelas já disse o contrário;
  • Sócrates parte para eleições fazendo-se de vítima.

Como diria o personagem Abrantes, " No meio deste jogo rasteiro (e com rasteiras), o interesse nacional é completamente irrelevante.".