quinta-feira, 22 de agosto de 2013

A mercearia - 21

Como viajante, adoro conhecer e conviver com pessoas de todo o mundo, com o povo, com aqueles que têm histórias para contar.
Como rotário, acredito profundamente que a compreensão entre os povos é um dos caminhos para a paz: quando as pessoas se conhecem, quando criam laços de amizade e comerciais, não se atacam gratuitamente.
No entanto, apesar da reorganização do mundo - geopolítica e geoestratégica -  após o fim da guerra-fria, o 11 de Setembro e o surgimento de novas superpotências económicas ( militares, apenas os Estados Unidos se mantém; o Reino Unido e França cortam cada vez mais os seus orçamentos, a Alemanha não tem nem quer ter exército activo, os BRIC perceberam que a sua arma é outra), continuo a acreditar num mundo dividido em dois: os bons e os maus, nós e eles, entre os que circulam entre os corredores brilhantes de Whitehall, pela Praça do Luxemburgo e reúnem em Malta e os que se encontram em tendas no meio do deserto, na selva africana ou sul-americana - movidos pelo narcotráfico - e em salas sombrias onde nasce o sol, mas onde todos são culpados pelas mais diversas formas de tortura e desprezo pelos direitos humanos, em todo o mundo.
Acredito que Portugal está do lado dos bons e a sua presença na NATO, CE e ONU, assim como a aliança política mais antiga do mundo, com a Inglaterra, atestam isso mesmo.
Apesar de me considerar um humanista, penso que os países devem  ter um exército, voluntário, obrigatório ou profissional, por forma a defenderem e manterem a soberania e segurança externa, sua ou dos seus aliados e interesses.
Tenho, também, consciência que a paz se conquista e mantém através da guerra e da posterior educação que se dá, dos vencedores aos vencidos. Podemos pensar que foram guerras que ajudaram a definir e manter fronteiras, desde que se conhece a humanidade; que permitiram a alteração de regimes; que permitiram a libertação de povos, tendo em vista a melhoria das suas condições de vida.
Posto isto, pergunto se não aprendemos nada com o que se passou no Curdistão, Balcãs, Ruanda, Tchetchênia ou a Ossétia do Norte.
Pergunto como é possível que de há dois anos a esta parte sabemos o que se passa na Síria e, ainda assim, não actuamos.
Como é que só agora a ONU exige uma clarificação, sem pedir inquérito, ao uso de armas químicas em Damasco?!
Estamos à espera de quê?! De mais ataques?! De mais mortes?!
O que deveríamos ter aprendido neste tempo todo é que quando está um gato escondido com o rabo de fora, é porque o resto do corpo já é tão grande que não dá para encobrir mais. A diplomacia, infelizmente, não tem feito parar os processos de aniquilação de um povo e, quando assim é, deve-se dar o devido papel às armas.
Caso contrário, vamos enviar os Capacetes Azuis, ou outra força internacional, que se limitarão a observar os restos da chacina – as valas comuns, os corpos carbonizados, mutilados, que sofrem com ataques químicos e/ou biológicos -, fazendo o mundo chorar mais estas mortes; quanto aos conscientes, restas-lhes sentir vergonha por os seus líderes democraticamente eleitos - sobe a égide da Carta Magna, do Jacobismo e da Guerra da Secessão -,mas que não colocaram de parte os seus próprios interesses em prol da Humanidade. 

in Política Queira Mais

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Os amanhãs que cantam

"Há uma obscena falta de vergonha incrustada no texto da moção de confiança que o Governo vai apresentar e que, por si só, é um retrato de uma política que, após as ingenuidades e ignorâncias iniciais, tem sido feita pelo dolo, para a manipulação e para o engano. Que haja intelectuais por detrás desta mistificação, faz-me confirmar uma velha desconfiança quanto à corrupção que a ambição traz ao pensamento. E mais: com esta moção, todos os membros do Governo passam a ser versões de Paulo Portas e a reverem-se no modelo de duplicidade sobrevivente do "irrevogável".

O que esta moção nos diz é uma completa mistificação desde a primeira letra. Diz-nos que havia um ciclo político pensado em duas fases: uma, o cumprimento do "programa", outra, o desenvolvimento e o crescimento. A crise governativa das últimas semanas foi o rito de passagem, a perda da pele da serpente, que permitiu abandonar a velha pele, para fazer reluzir a segunda. Ou seja, ainda bem que houve esta crise, catártica na sua bondade, para podermos, limpos e lustrais, apresentar um "novo ciclo" aos portugueses. Nada disto é verdade, nem o "programa" foi cumprido, bem longe disso, nem este "novo ciclo" estava previsto nestes termos na programação governativa, nem as vítimas da "austeridade" podem esperar qualquer alívio, nem as vítimas que se seguem, as da "reforma do Estado", podem escapar à desvalorização do seu trabalho e ao desemprego. O programa real continua, o virtual vem aí. Só que não é para os mesmos.

Cumpriu-se o "programa", apesar de nenhum dos números do défice e da dívida ter sido atingido? Podemos "regressar aos mercados"? Obtiveram-se os resultados miraculosos do "ajustamento"? Bem pelo contrário, o que Passos, Gaspar, Moedas e outros pensavam, em completa consonância com a troika, é que após uma varredela para o lixo da economia "ultrapassada", após o desmantelamento do Estado social, após a inversão das relações de poder na legislação laboral, após o fim dos "direitos adquiridos", depois da "libertação" da sociedade do Estado, após o "ajustamento" dos portugueses a viverem "de acordo com as suas posses", muito poucas, aliás, a economia exportadora, a economia desenvolvida tecnologicamente, a sociedade dinâmica dos "empreendedores" esmagasse os "piegas", sem que o Estado tivesse qualquer outro papel do que garantir a ordem pública e a hierarquia social estabelecida. O "arranque" viria da sociedade "libertada", e nunca jamais, em tempo algum, o Estado voltaria a ser "desenvolvimentista". 

Ora isto não aconteceu, nem podia acontecer, houve demasiadas "surpresas" e estes homens ficaram presos nas ruínas do seu discurso, arrastando-o, já não para construir o seu modelo utópico, mas para encobrir e remediar os estragos do que tinham feito. Já há algum tempo que as medidas sucessivas de austeridade se destinam não a qualquer "ajustamento", mas a tapar a ineficácia das anteriores. Gaspar percebeu isto e percebeu que o primeiro-ministro já estava a hesitar com o partido e eleições, e como precisava de uma determinação absoluta, foi-se embora. 

Passos ficou no ar, entre um discurso cuja simplicidade e "economês", feito de algumas leituras sobre Singapura, lhe era atractivo e as pressões partidárias e atribulações governativas. Continua no ar, lançando mais confusão do que clareza -, o discurso partidário de ruptura das conversações é o oposto do texto da moção de confiança e só passou uma semana - mas, como sempre disse, nunca me convenceram pessoas que se tornam ideólogos de uma coisa, quando essa coisa está na moda. E por isso, o Passos desenvolvimentista e socrático contra Manuela Ferreira Leite pode regressar a qualquer momento, até porque não foi assim há muito tempo. 

Não é hoje tão fácil fazer estas inflexões quando se tem o lastro dos desastres cometidos, mas não é impossível. No fundo, todos eles são Paulo Portas. A verdade é que Passos aprovou uma moção de confiança que, se tomada a sério, é uma crítica dura aos seus desvarios de engenharia utópica. Substituir Gaspar por Maduro, ambos tendo influência por via da insegurança académica de Passos, a mesma que o faz entrar mudo e sair calado dos Conselhos Europeus, pode ser reconfortante como mentor, mas não chega. E, por isso, o discurso governamental vai-nos dizer à saciedade que saímos de uma encruzilhada "má" para uma estrada "boa". Com a capacidade que tem a comunicação social para reproduzir a linguagem do poder, esta propaganda vai ser repetida sem prudência. Até ao dia em que tombará e o contrário será a norma. Tem sido sempre assim, com Sócrates e Passos, não vai ser diferente.

Claro que haverá algumas "medidas", nos impostos para as empresas, no IVA da restauração, na concertação social, com uma UGT desejosa de voltar ao "consenso", com um PS cujo compromisso real com este "novo ciclo" desconhecemos. E vamos admitir que há mesmo "sinais" de alguma recuperação da economia, como nos diz a propaganda governamental, seleccionando para o efeito os indicadores positivos e não falando dos negativos. Vamos admitir que estamos na véspera de uma "mudança", de "uma segunda oportunidade", de "uma nova fase". Vamos admitir isso tudo, mas não vamos admitir que nos digam que isso significa o que nos querem dizer que significa.

Vamos admitir que o "pior já passou", mesmo que se trate apenas de bater no fundo. Claro que há-de haver uma altura - não sei se ainda esta -, em que, estando tudo mal, já não se pode piorar. Na verdade, não é bem assim, pode-se sempre piorar, basta a passagem do tempo para o fazer. Um ano de empobrecimento não é a mesma coisa que três e quatro, e estar desempregado a única dinâmica que conhece é o passar do tempo, para pior.

Olhando estes "sinais", as perguntas que temos que fazer são duas. Uma, o que é que ficou para trás destruído sem recuperação, cujos restos estão por todo o lado, e como é que eles vão envenenar o presente e o futuro? Outra, bem mais importante e "subversiva", é que, se houver "recuperação", quem é que dela beneficia? A resposta politicamente correcta é que beneficia a todos. A resposta verdadeira é que a poucos, muito poucos, e aos mesmos de sempre. Talvez umas migalhas cheguem aos de baixo, ou nem isso, porque eles podiam lembrar-se de comprar electrodomésticos e lá se vão os números das importações.

Numa sociedade em que se agravaram os factores de exclusão e em que uma parte importante - classe média, desempregados, "novos pobres", mundo do trabalho desprotegido - perdeu todo o poder, os frutos de qualquer tímida "recuperação" seguirão as linhas de água profunda cavadas pela ruptura social na sociedade portuguesa e correrão para onde sempre correram. 

Este óbvio facto, de que ninguém que levou com a "crise" em cima vai beneficiar dos "sinais" em tempo da sua vida, é ocultado por um discurso político que foi reduzido nestes últimos anos ao "economês". Esse discurso não se vai embora apenas porque passamos a ter uma retórica política que fala do "crescimento" em vez do "rigor orçamental". Bem pelo contrário, pode até reforçar-se, moldando o modo como se vai ver a "recuperação" e os seus frutos, legitimando a continuação da austeridade para os mesmos e "libertando" alguns de impostos, regulações, limitações, leis. Leis, no limite da Constituição, um dos programas escondidos das "negociações" com o PS. 

O "novo ciclo" do Governo, naquilo que não é pura sobrevivência eleitoral, mas discurso de feiticeiro, serve para reciclar a linguagem do poder aos mesmos interesses de sempre. Mas a sua fragilidade é a mesma do discurso do "rigor orçamental". É mais agradável de ouvir, mais enleante, leva o PS à ilharga, foge da agressividade militante da engenharia utópica Passos-Gaspar, mas destina-se a manter o mesmo círculo de ferro que captura a democracia portuguesa por um establishment financeiro e de grandes empresas nacionais (cada vez menos) e estrangeiras, e de uma elite que aceita servi-las e aceita os seus limites de fogo daquilo que se pode ou não fazer. 

Visto de longe, sanitariamente de longe, este Governo, para se manter, fez todos os tratos com Cassandra e abriu todas as caixas de Pandora. É só esperar pelos resultados do "novo ciclo"."

A mercearia - 20

No passado dia 15,o Caracas estava a abarrotar.
Muita gente que normalmente vota no CDS, PS e PCP; de bandeira em riste e afirmando ir votar PSD e Hermínio Loureiro nas próximas autárquicas.
O slogan de campanha, que aponta o passado e perspectiva o futuro, é perfeitamente adequado ao momento que vivemos e que vamos viver; Hermínio Loureiro com um discurso muito bem estruturado e assertivo deu aso a toda a dimensão linguística de “Um bom Presidente”.
Ainda sobre o slogan, quem diz " Um bom Presidente" não é Hermínio Loureiro: são as pessoas anónimas que todos os dias vivem com o resultado da sua gestão. O meu caro amigo Hermínio não tem que se colocar em bicos de pés e afirmar coisas que mais ninguém sonha, só para dizer que é bom; os oliveirenses fazem-no com orgulho.
É o meu candidato. Digo-o.
Sobre as eleições autárquicas, relembro aqui um texto que escrevi em Novembro de 2012, aquando a visita de Jerónimo de Sousa a Oliveira de Azeméis – fui ao comício do PCP porque apesar das diferenças ideológicas, considero Jerónimo de Sousa uma pessoa séria e integra para com os ideais que defende, tendo eu, aí, a oportunidade de o ouvir in loco, sem o spin e/ou cortes jornalísticos -, em que referia que, nas próximas eleições autárquicas, os oliveirenses deverão escolher entre um partido social-democrata e um partido comunista ortodoxo, já que todos os outros partidos – as cúpulas nacionais - não conhecem Oliveira de Azeméis e as necessidades e desejos das suas gentes.
Disse isto em Novembro e reafirmo agora porque, num período em que ninguém andava atrás de votos, o PSD oliveirense tinha trazido a Oliveira de Azeméis Marco António Costa, Miguel Relvas e Marques Mendes, para citar alguns exemplos – o líder partidário é Primeiro Ministro e não se deve deslocar de forma abusiva a acções partidárias – e o PCP trouxe Jerónimo de Sousa.
Este tipo de acções servem para mostrar Oliveira de Azeméis “aos senhores de Lisboa” ao mesmo tempo que as concelhias demonstram, bem, o seu poder dentro das estruturas nacionais e, com isso, mostrarem a “quem manda” os problemas reais dos seus concidadãos. É o levar para as sedes nacionais os problemas da chamada província.
Enquanto isto se passou, o PS trouxe a Oliveira de Azeméis Francisco Assis – (in)felizmente muito longe da actual direcção socialista e da concelhia oliveirense e do Bloco não veio nem Louçã, nem João Semedo nem Catarina Martins.
Posteriormente ao texto, em Fevereiro, o euro-deputado Nuno Melo esteve em Oliveira de Azeméis aquando a posse da concelhia popular.
Assim sendo, por parte dos principais partidos políticos portugueses, os únicos que merecem respeito por parte dos oliveirenses, os únicos que tiveram pessoas da liderança partidária a usarem o seu tempo para visitarem Oliveira de Azeméis e inteirarem-se dos problemas das pessoas de cá, são o PSD, PCP e CDS.

Hermínio Loureiro é o meu candidato e aproveito este espaço para felicitar a candidatura do João – conhece-o desde a altura do colégio – à Câmara Municipal, desejando que as suas intervenções venham alargar o espaço de debate e a troca de ideias, a bem dos oliveirenses.

terça-feira, 16 de julho de 2013

Um bom Presidente

O Caracas cheio,  a abarrotar.
Muita gente que normalmente vota no CDS, PS e PCP; de bandeira em riste e afirmando ir votar PSD e Hermínio Loureiro nas próximas autárquicas.
Hermínio Loureiro com um discurso muito bem estruturado e assertivo.
O slogan de campanha, que aponta o passado e perspectiva o futuro, é perfeitamente adequado ao momento que vivemos e que vamos viver.
Ainda sobre o slogan, quem diz " Um bom Presidente" não é Hermínio Loureiro: são as pessoas anónimas que todos os dias vivem com o resultado da sua gestão. O meu caro amigo Hermínio não tem que se colocar em bicos de pés e afirmar coisas que mais ninguém sonha, só para dizer que é bom; os oliveirenses fazem-no com orgulho.

terça-feira, 9 de julho de 2013

sábado, 6 de julho de 2013

Segundo o dicionário da Porto Editora

"Irrevogável" quer dizer: "que não é revogável, definitivo"


A mercearia - 19

Estamos a poucos dias das eleições autárquicas -90, mais dia, menos dia – e é natural e salutar que os partidos, os candidatos e as suas listas aos diversos órgãos comecem a aparecer e a comunicar com o público: o seu e o dos outros, tendo em vista a vitória nas próximas eleições.
É um jogo de estratégia, de cor e de palavras que, quando é sério, é bastante digno. Pela minha curiosidade e paixão pela política, colecciono de há anos a esta parte merchandising político das mais variadas campanhas: desde autárquicas portuguesas a presidenciais angolanas, passando pelos processos eleitorais intermédios no Brasil, as primárias Norte Americanas ou a propaganda do Estado Novo, do MFA e do Partido Comunista Chinês.
São pequenos objectos e textos usados pelos partidos tendo em vista a exposição pública; é bom que as pessoas saibam em quem votam e por que é que votam. Mas, para mim, é também um acervo capaz de servir de objecto de estudo a todos quantos queiram estudar a comunicação/ propaganda dos partidos políticos.
Em Oliveira de Azeméis, o concelho que mais me interessa, quem, até ao momento, mais fez pela sua imagem em pré-campanha, foi Joaquim Jorge Ferreira – engenheiro -, candidato do Partido Socialista, tendo afirmado ao Correio de Azeméis “ esta campanha não visa eleger quem mostra ter mais meios ,(…) Ninguém entende que, perante a actual crise, um partido desbaratar milhares de euros em campanha…”.
Já há sede de campanha, site, página no Facebook e muitos outdoors espalhados pela cidade.
Por cima de um fundo azul – deve ser moda, da esquerda à direita, nestas eleições, porque quase todos utilizam um fundo azul!!! - aparece a fotografia do candidato, em mangas de camisa, em sinal que tira o casaco para trabalhar, e o slogam de campanha “ Gestor competente a presidente”.
“Gestor competente a presidente” abre duas hipóteses de interpretação, sendo que uma delas me deixa baralhado em relação a eleição que vamos ter.
O slogan diz-nos que o Sr. Eng. Joaquim Jorge Ferreira é um gestor competente. O leitor sabe isso? Conhece a(s) empresa(s) do Sr. Eng. Joaquim Jorge Ferreira? São do PSI 20 ou do PSI Geral? Tem uma(s) empresa(s) que factura milhões de euros por ano e emprega centenas de pessoas? Está na lista da Forbes? É convidado para escrever livros e dar conferências expondo as suas dificuldades e explicando as suas vitórias?
Eu não sei e também não sei se o leitor sabe. Será que é importante?! Eu não queria o Sr. Américo Amorim nem para Presidente de Junta, quanto mais para liderar a Câmara Municipal. No entanto, se me dizem que é um gestor competente, até prova em contrário, eu acredito que seja.      
O que me causa admiração é um candidato apresentar-se como cabeça-de-lista a umas eleições autárquicas como sendo um gestor competente. A política, a nobre arte da política, é para todos, tendo a profissão que tiverem: médicos, músicos, camponeses, pedreiros, cientistas, cineastas, etc., etc..
Alguém que se diz ser especialista em gestão, coloca-me logo várias questões: será que sabe de sociologia? Finanças públicas? Protecção civil? Desporto? Bem sei que tudo se aprende, que ninguém chegou a um cargo 100% preparado.
Contudo há algo que me intriga ainda mais: eu, como consultor de empresas, conheço centenas de empresas, empresários e membros da administração; contudo, não conheço nenhuma empresa que seja uma democracia.
Ou seja, pela minha experiência, custa-me a crer que um gestor formatado no ambiente empresarial consiga ser um líder democrata, consiga ouvir e atender a pessoas que são sistematicamente contra a sua posição, sem poderem usar termos que, infelizmente e cada vez mais, estão presentes na administração das empresas: “quero, posso e mando” e “rua”.
A mim causa-me confusão quando ouço alguém dizer que o país, a Câmara Municipal ou a Junta de Freguesia deveriam ser geridos como um empresa. Onde estaria, aqui, a voz dos cidadãos?! Onde estaria o contra-poder?! Onde estaria o direito ao contraditório?! Isso não existe no mundo empresarial.
Tudo isto se passa em ditadura, não em democracia, por mais ténue que ela seja.
Pelo mesmo prisma, penso ser um erro colossal alguém se apresentar a uma eleição enaltecendo-se como sendo um “gestor competente”, em vez de, por exemplo, se apresentar como sendo um humanista.

 Numa altura de crise financeira, económica, política e social, num país entregue à austeridade e aos gestores tecnocratas, como, por exemplo, o ex-ministro das finanças, o Dr. Vitor Gaspar, o Sr. Eng. Joaquim Jorge Ferreira apresenta-se como sendo mais um, igual a todos os outros, não trazendo, para já, nada de diferente ou positivo à campanha e aos oliveirenses. 


sexta-feira, 5 de julho de 2013

Paulo para Maria Luís...


Num mundo perfeito

Ontem disseram-me que o Lobo Xavier é que deveria estar à frente do CDS.
Eu, simplesmente, respondi: " O Rui Rio no PSD e o Francisco Assis no PS".

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Agora, é a hora


Cuidado com os próximos tempos

Será a notícia inocente?!

O navio fantasma

"Querer manter a todo o custo o governo em funções é a pior estratégia para os interesses nacionais face "aos nossos credores". Não o perceber é típico da actual incompetência institucionalizada. Se Passos Coelho pensa que faz a ferro e fogo um "ajustamento" contra tudo e contra todos e que é isso que "os nossos credores" querem, está completamente enganado. Não só "os nossos credores" não confiam hoje na sua capacidade política de o fazer, como, depois da situação criada pela dupla demissão de Gaspar e Portas, os "nossos credores" o que vão exigir é que os três partidos PSD, CDS e PS façam um novo acordo.

As condições políticas para esse acordo não existem sem eleições, e ninguém imagina que o CDS e o PS possam hoje ter vontade política para fazer esse acordo, durante a troika e no pós-troika. E um governo isolado, bloqueado e a cair aos bocados, é a última coisa que pode acalmar os "nossos credores". Amanhã eles já estarão noutra, mesmo que não o digam. Por cá, a cegueira funciona assim."


José Pacheco Pereira in Abrupto

terça-feira, 2 de julho de 2013

E, de repente....

o ar nesta latrina tornou-se mais respirável.

P.S.: pensei que por falta de tempo (ontem) tinha perdido o timming de mandar esta piada.

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Viva o povo brasileiro




Sem milícias nem barões de favelas,é o povo e apenas o povo que acordou; assim sendo não há lugar a "negociações".
Parabéns!!

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A mercearia -18

Como todos sabem, gosto de desporto: por ser (ter sido) praticante de alguns desportos, por tradição, pela estratégia, pelo “dever cumprido” mesmo quando se perde, pela superação da condição física e mental, pelo bem-estar e pela saúde.
Apesar de ter as minhas preferências clubísticas, não entro em grandes euforias nem em grandes lamúrias quando a minha equipa favorita ganha ou perde: tudo é desporto, tudo é treino.
No entanto, tenho um orgulho muito grande quando equipas e desportistas da minha terra ganham as suas competições ou alcançam resultados dentro dos objectivos inicialmente traçados. Aqui, nos últimos tempos, temos tido vários motivos de alegria que vão do ténis ao basquetebol, do hóquei ao ciclismo, não esquecendo um “grande desporto” de integração social, como é o caso do boccia. 
Além dos feitos alcançados por atletas e clubes, Oliveira de Azeméis, de há muitos anos a esta parte, é uma meca no desporto nacional, pautando-se pela organização de vários campeonatos das mais diversas modalidades, de congressos e colóquios de dirigentes, médicos e atletas, pela aproximação da actividade desportiva à população.
Ao falar de desporto em Oliveira de Azeméis não se pode dissociar de falar da União Desportiva Oliveirense (UDO). A UDO é o maior clube do concelho, é um dos maiores do distrito de Aveiro, com equipas de topo nas mais diversas modalidades e escalões.
Pela sua dimensão, pelo número de atletas e modalidades que congrega, é o clube mais representativo, a todos os níveis: tem dimensão física e cultural.
Devido ao número de atletas na formação e aos espaços utilizados pela UDO, a Oliveirense é o clube que mais fundos recebe anualmente por parte da edilidade e aos quais o Partido Socialista se opõe.
O Partido Socialista de Oliveira de Azeméis usa o argumento que a UDO recebe muito mais dinheiro e apoios que os outros clubes, não existindo equidade.
Há dias, aqui neste espaço, uma pessoa ligada ao PS local, sobre a subida da UDO à Liga Profissional de Basquetebol, disse: “(…)como é que tem uma equipa do mais alto nível de competição nacional da modalidade que não tem sequer infra-estruturas para os treinos?” para, de seguida “os oliveirenses viram a sua equipa do coração regressar à Liga Profissional de Basquetebol mas, além das palavras e do carinho do público, com que mais pôde esta equipa contar?” e finalizar com “ (…)quem sabe estará para chegar uma Câmara e um presidente que vos possa convenientemente dar apoio…”.
Perante isto, várias dúvidas surgiram, às quais gostava de obter resposta. Assim:
1.       O PS local, que criticou veemente o apoio dado pela Câmara Municipal à UDO vem, agora, depois da equipa sénior da UDO subir ao escalão mais alto do basquetebol nacional, sugerir mais apoios para a oliveirense?
2.       Não sabe o PS local que na cedência de espaços por parte da GEDAZ à UDO, nomeadamente o pavilhão municipal para o treino das equipas de basquetebol, não há direito a nenhum pagamento?
3.       Pretende o Eng. Joaquim Jorge Ferreira, caso ganhe as eleições autárquicas, edificar um centro de treino específico para a oliveirense?
4.       Se sim, a autarquia constrói e cede o espaço por tempo indeterminado, aluga o espaço (a valor de mercado ou a preço simbólico?), ou tem em mente outra forma de transferir algo público para uma entidade privada?
Como cidadão oliveirense, como interessado na causa pública, como desportista, como adepto da UDO, gostava de ouvir o Eng. Joaquim Jorge Ferreira falar sobre estes assuntos ou, então, o putativo Vereador do Desporto de uma possível equipa de gestão autárquica do PS a responder a tais perguntas (se for alguém diferente de Ana Catarina Santos porque, das suas opiniões/ ideias, já todos sabemos quais são).
Aproveito também a ocasião para voltar a questionar o Eng. Joaquim Jorge Ferreira sobre a sua linha estratégica: se pretendem dar um centro de treino à UDO, suponho que, em linha do que defenderam até aqui, também pretendam dar o mesmo tratamento aos outros clubes. Ou seja, qualquer clube terá direito a um espaço próprio, digno da(s) modalidade(s) que pratica, capaz de ombrear com o que de melhor se faz no centro da Europa, Estados Unidos e China.
Assim sendo, o PS irá apostar numa política de obras-públicas, com construções idênticas às até aqui edificadas e que, além de lapidarem mais um pouco o erário público, se prevê uma taxa de ocupação reduzida?

Ou será que, agora, a duplicação de relvados sintéticos, courts de ténis, piscinas, ringues de patinagem, pistas de atletismo, é, para o PS local assim como foi em tempos para o PS nacional, o custo da interioridade?!  

in Politica Queira Mais

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Onde está o logótipo do PSD?


É esta a candidatura do PSD à segunda maior Câmara Municipal do país?
Mas o site não deveria ter algo laranja e o logótipo do nosso partido?
Não deveria fazer menção à excelente política praticada por Rui Rio e o PSD nos últimos 11 anos?

sábado, 1 de junho de 2013

Homenagem ao Dr. Carlos Costa, Governador do Banco de Portugal

Rotary foi um movimento criado por profissionais, tendo em vista a melhoria contínua da comunidade onde se inseriam esses profissionais.

Vou aproveitar o facto de estarmos reunidos na casa de um dos mais reconhecidos chef portugueses para fazer uma analogia:

Imaginem a história da sopa-da-pedra, onde de um pouco de água e de uma pedra, juntando a tenacidade e perspicácia do frade, nasceu uma sopa muito nutritiva capaz de saciar todos quanto a comiam. “ Já agora juntou-se uma batata, já agora juntou-se feijão, já agora junou-se toucinho e por aí fora”.

O movimento rotário nasce como a sopa-da-pedra: no início seriam uma ou duas pessoas, profissionais dignos que queriam ajudar a comunidade, mas eram poucos. “Já agora” um deles conhecia um amigo que também era um bom profissional e convidou-o para o grupo. “Já agora” esse amigo conhece outro amigo que por sua vez conhece mais um amigo e por aí fora, engrossando a sopa e as profissões aí representadas.

A sopa-da-pedra é feita através da junção de alimentos simples. Os clubes rotários também: são formados por pessoas simples, por profissionais dignos que se honram e que honram os seus pares. É dessa simplicidade e dessa junção de pessoas que se criam grupos de ajuda à comunidade, grupos a quem os cidadãos podem recorrer a pedir auxilio e a que se chamam Rotary Club.

Sendo os clubes rotários clubes preocupados com o mundo que os rodeia, é natural que reconheçam quem se distingue da sociedade devido ao seu mérito: sejam estudantes, sejam profissionais, sejam beneméritos. Quando assim é, agraciam-se essas pessoas, fazem-se homenagens.

Qualquer pessoa, desde que seja um bom profissional, empreendedor, dinâmico, que se honre e que honre os seus pares, poderá ser rotário ou poderá ser homenageado pelo Rotary Club.

Já homenageamos um carteiro, o Sr. Elísio Coelho dos Bombeiros, a Senhora D. Isabel Maria Calejo do Rancho de Cidacos, o Sr. Abílio que tantas vezes me rasgou o bilhete na entrada do cinema, ou os presentes Eng. Aníbal Campos, CEO da Silampos, Sr. António Oliveira, presidente do Lar Pinto de Carvalho, Professor Doutor Carlos Alegria e tantos outros  que deram o melhor de si à sua profissão e, consequentemente, à comunidade.

Hoje, estamos aqui reunidos para homenagear um distinto oliveirense, nascido a 3 de Novembro de 1949, com a graça de Carlos da Silva Costa.

É uma homenagem que muito nos apraz porque, numa altura em que o povo tem a percepção que para os mais altos cargos são nomeados pessoas sem currículo e sem história, onde o mérito profissional é facilmente substituído por qualquer outra razão, o Dr. Carlos Costa vem contrariar essa tendência, dando-nos, pelo seu passado, a garantia de um futuro de trabalho, de seriedade, em prol de todos, colocando os interesses de Portugal e dos portugueses à frente de quaisquer outros.

O Dr. Carlos Costa é licenciado em Economia pela Faculdade de Economia da Universidade do Porto (1973).

Foi assistente da Faculdade de Economia da Universidade do Porto (1973-1986) e docente do curso de pós-graduação do Centro de Estudos Europeus da Universidade Católica do Porto (1986-2000).~

Em Janeiro de 1978, ingressou no Centro de Estudos de Economia Portuguesa da Direcção de Estudos do Banco Português de Atlântico, que dirigiu entre 1981 e 1985.

Foi membro não executivo do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Estatística (1990-1992).
Entre 1988 e 1992, integrou, a título pessoal, o Conselho Superior para a Reforma do Sistema Financeiro-1992, cujo “Livro Branco sobre o Sistema Financeiro” serviu de base à reforma global do quadro legislativo do sistema financeiro português.

Foi Coordenador dos Assuntos Económicos e Financeiros na Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia e membro do Comité de Política Económica da União Europeia (1986-1992).

Entre 1993 e o final de 1999, foi Chefe de Gabinete do Comissário Europeu Prof. João de Deus Pinheiro com as responsabilidades das políticas de “Comunicação, Cultura e Audiovisual “ (1993-1994) e da Política de Cooperação da União Europeia com os países de África, Caraíbas e Pacífico (1995-1999).

Foi director-geral do Millenium BCP (2000-Março 2004) e foi membro do Conselho de Administração da Euro Banking Association (2001-2003).

Entre Abril de 2004 e Setembro de 2006, foi administrador da Caixa Geral de Depósitos, presidente do Conselho de Administração da Caixa Geral de Aposentações, presidente do Conselho de Administração do Banco Nacional Ultramarino S.A, Macau e presidente do Banco Caixa Geral (Espanha). Entre Janeiro e Agosto de 2005, integrou o Conselho de Administração da Unibanco Holdings, S.A., Brasil.

Foi vice-presidente do “European MANUFUTURE High Level Group” (2005-2006).

Foi membro do Conselho Consultivo do Comité das Autoridades de Regulamentação dos Mercados Europeus de Valores Mobiliários (2008-2010).

Foi vice-presidente do BEI entre Outubro de 2006 e Maio de 2010, com a responsabilidade pela Direcção Financeira e pelas operações de crédito para investimento em Portugal e Espanha, na Bélgica, no Luxemburgo, na América Latina e na Ásia.

É, Governador do Banco de Portugal, desde 7 de Junho de 2010.

É membro do Conselho de Governadores e do Conselho Geral de Governadores do Banco Central Europeu, membro do Conselho Geral do Comité Europeu de Risco Sistémico e do Grupo Consultivo Regional para a Europa do Conselho de Estabilidade Financeira. Preside ao Conselho Nacional de Supervisores Financeiros.

É vice-presidente honorário do Banco Europeu de Investimento (BEI), professor catedrático convidado da Universidade Católica do Porto e da Universidade de Aveiro e presidente do Conselho Consultivo da Faculdade de Economia da Universidade Católica do Porto.

O Dr. Carlos Costa é tudo isto mas é, sobretudo, uma pessoa simples, humana, preocupada com a sociedade que o rodeia.

Assim, é com grande orgulho que o Rotary Club de Oliveira de Azeméis leva a cargo esta justa e sentida homenagem que aqui lhe prestamos hoje, como agradecimento do seu contributo para uma sociedade mais humana, fraterna, acolhedora, solidária e justa, onde a banca e a sua regulação assumem um papel fundamental.

O Dr. Carlos Costa, pela forma como transmitiu o seu saber aos alunos da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, da Universidade Católica e da Universidade de Aveiro, pelo esforço e dedicação demonstrados ao longo de quase 40 anos a representar instituições financeiras portuguesas um pouco por todo o mundo, pelo seu trabalho junto da Comissão Europeia e, mais recentemente, pelo cargo de Governador do Banco de Portugal, leva-nos a concluir que em toda a sua vida profissional honrou o primeiro lema de Rotary: dar de si antes de pensar em si.

Senhor Governador, a sua presença hoje, aqui, é motivo de gáudio para o Rotary Club de Oliveira de Azeméis.

Muito obrigado,

P´lo Rotary Club de Oliveira de Azeméis,


João Rebelo Martins