quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Azeméis com crescimento sustentado

Há tempos, no final de 2007 ou início de 2008, fui entrevistado para um órgão de comunicação social ligado ao desporto automóvel em que perguntavam a minha opinião sobre a abertura do autódromo de Portimão e o impacto que iria ter.
Respondi que em termos turísticos e na deslocação de pessoas e dinheiro o autódromo seria interessante, no chamamento de pessoas ao Algarve mas teria que existir uma maior ligação às pessoas da região.
Disse, na altura, que essa ligação deveria começar pela Universidade porque onde existisse um autódromo, alunos de engenharia, marketing, nutrição e comunicação social teriam objecto de estudo.
Disse isso em relação a um autódromo mas a fórmula, a meu ver, poderá ser aplicada a muitas outras coisas. Por exemplo, a indústria!
A região de “Entre Douro e Vouga” e principalmente Oliveira de Azeméis constituem um importante cluster na indústria automóvel. Nesta região são desenvolvidas e produzidas milhares de peças dos automóveis dos dias de hoje: ópticas para a Ferrari e Audi, pára-choques para a Mercedes, Ford e Peugeot, espelhos para a Volvo, tabliers para a Seat, painéis para a Citröen, etc..
Oliveira de Azeméis é conhecida a nível mundial pelos grandes fabricantes de automóveis, vindo a esta cidade discutir as evoluções tecnológicas dos automóveis do futuro, por forma a se utilizarem novos materiais, mais leves, resistentes e amigos do ambiente.
Esta história de sucesso começou há muitos séculos atrás, iniciando-se com o aparecimento da primeira fábrica de vidro em Portugal, em 1484, denominada Fábrica do Côvo, em Oliveira de Azeméis.
As técnicas de trabalhar o vidro foram-se aperfeiçoando ao longo dos tempos e de pequenos artesãos criaram-se grandes indústrias, sendo que desde meados do século XIX até aos anos 20 do século XX, criaram-se três empresas fulcrais no desenvolvimento industrial da região: A Vidreira, A Boémia e Centro Videiro do Norte de Portugal.

A partir dos anos 50 do século passado, vários empregados da indústria vidreira com visão de futuro, perceberam que com a introdução de novos materiais em produtos de consumo diário - como o plástico – iriam ser prejudiciais à indústria do vidro.
Assim, utilizando todo o know-how de quem produz artefactos em vidro há séculos através das técnicas de sopro e moldagem, a indústria oliveirense revitalizou-se e colocou-se na primeira linha de empresas que moldam novos materiais para a indústria e para as grandes massas.

Com este desenvolvimento industrial e com a necessidade de se criarem mais e melhores quadros nas empresas, urge a criação de escolas de ensino superior para acompanhar o crescimento.
Aqui temos um processo idêntico ao que falei no autódromo e é por isso que a criação do Parque do Cercal – as novas instalações da Escola Superior Aveiro Norte – vai ser fundamental para um desenvolvimento sustentado de Oliveira de Azeméis e das suas gentes.
Oliveira de Azeméis tem a indústria e, atrás dela, veio o aprofundamento do conhecimento, envolvendo outras valências como a investigação e desenvolvimento tecnológico, o apoio à incubação de novas empresas, o estímulo ao empreendedorismo, a promoção do emprego qualificado e apoio ao tecido económico local e regional.
Neste momento o ramo da engenharia é o mais valorizado mas não nos podemos esquecer que uma empresa não vive só de engenheiros. Precisa de pessoas nas áreas de economia, do marketing, recursos humanos, comunicação.
Precisa também de operadores especializados para que haja uma boa execução dos projectos, necessita de pessoas para a logística, de pessoas para as cantinas, para a limpeza, todo um conjunto de massa humana capaz de fazer uma empresa andar para a frente.
Assim, além da Escola Superior Aveiro Norte, a Escola Superior de Enfermagem e o CENFIM, ainda há espaço para mais e melhores escolas profissionais e do ensino superior.
Apesar da crise e das dificuldades, Oliveira de Azeméis tem ferramentas que nos possibilitam olhar o futuro com esperança, numa perspectiva de consolidação económica e que trará melhores condições de vida a todos.


sexta-feira, 7 de setembro de 2012

" Há duas formas de fazer isto: assim ou por quem sabe"

"Há duas formas de fazer isto: assim ou por quem sabe" pode-se aplicar a mil e uma coisas, até à comunicação de hoje do Sr. Primeiro Ministro, quer na forma quer no conteúdo.
Começando pela forma, a exemplo da melhor escola socrática, é triste fazer-se uma comunicação com esta gravidade ao país, a meia hora de começar um jogo de futebol da selecção nacional.
Com isto, faz-se que a comunicação seja (mal) ouvida e, ainda mais importante, quando os líderes dos partidos da oposição, sindicatos e comentadores estiverem a falar, está o povo todo a ver a bola.
Ainda na forma mas abrangendo o conteúdo, eu ouvi repetidamente Passos Coelho a falar do grave problema do desemprego mas não ouvi nenhuma medida para o combater. Falou, mas ninguém ouviu.
Ou seja, quando se fala em combate ao desemprego, esperam-se ouvir medidas de combate ao desemprego e não foi isso que foi dito. O que foi dito foi que iria existir uma redução da contribuição das empresas para a Segurança Social. Ou seja, as empresas ( as PME e algumas grandes que estejam a passar dificuldades) vão ficar com alguns problemas de tesouraria resolvidos e as muito grandes vão ter ainda mais lucros do que já tinham.
O emprego aumenta quando as empresas têm mais encomendas e necessitam de mão de obra para as satisfazerem e/ ou quando aumentam a capacidade instalada. Qualquer uma destas medidas, à partida, fazem-se com um recurso ao crédito que, como se sabe, continua parado. Que eu saiba, não é por uma empresa ter uma melhor tesouraria que vai andar por aí a contratar pessoal!
O que foi anunciado foi uma transferência das contribuições da Segurança Social das empresas para as famílias, quando estas já atravessam um período bastante difícil das suas vidas. Estamos a falar de um aumento real de 60%, equivalendo a um mês de salário.
Apesar disto tudo, houve uma boa noticia: um dos subsídios ( da função pública) vai ser reposto - se bem que vai ser novamente retirado pelo aumento da contribuição para a Segurança Social. A boa notícia nisto é que o subsidio vai ser dividido pelos doze meses do ano, aumentando desde logo o salário das pessoas e não obrigando as empresas a terem que pagar dois salários nos meses ( tradicionalmente) menos produtivos.
Acabo apenas com uma palavra para os meus amigos socialistas que neste momento verborreiam por aí: o que foi dito hoje, na forma e no conteúdo, não é muito diferente de todo o mal que foi dito e feito de 2008 a 2011; por isso, não se armem em virgens ofendidas e respeitem mais os vossos compromissos com a Troika e com os portugueses.
" Há uma esquerda que adora passar certificados. O PCP sempre se considerou a si próprio a verdadeira esquerda, negando esse estatuto a outros. Agora, ao PCP juntou-se o Bloco, nomeadamente aquele que é apontado por Francisco Louçã para próximo co-líder do partido, João Semedo. Numa entrevista ao “Público” vem este dizer que o PS tem de romper com a troika, acusando os socialistas de estarem “poluídos” por conceitos neoliberais. Para concretizar, interroga-se, referindo-se a um ex-ministro do PS: “O dr. Luís Amado é de esquerda?”.
Eu não tenho procuração de Luís Amado, mas ele afirma-se de esquerda. Ainda o dr. Semedo andava a defender as ditaduras do Leste, já Luís Amado se dizia de esquerda e defendia a democracia. O dr. Semedo, que prudentemente deixou o Comité Central do PC já o muro de Berlim caíra há quase três anos e já o PCUS estava desfeito, pode arrogar-se a passar diplomas, mas não pode eximir-se a que lhe exijam os seus. Será o dr. Semedo um democrata? Ou estará o dr. Semedo ‘poluído’ pela fria e desumana barbárie comunista que defendeu até depois dos 40 anos de idade?
Ah, não há dúvida! Muitos saem do PCP, mas o PCP não sai de alguns deles..."

Henrique Monteiro, in Facebook

terça-feira, 28 de agosto de 2012

O velho e o novo Soares


Soares, actualmente, diz isto.

No entanto, segundo Rui Mateus, após a criação da empresa Emaudio, dirigida na sombra pelo Presidente Soares, arrancando pouco após a sua eleição, fazia isto: "com muitas dezenas de milhares de contos "oferecidos" por (Robert) Maxwell (...) consideráveis valores oriundos do "ex-MASP" e uma importante contribuição de uma empresa próxima de Almeida Santos."

Ao nomear governador de Macau um homem da Emaudio, Carlos Melancia, Soares permite juntar no território a administração pública e negócios privados, acenando a Maxwell a entrega da estação pública de TV local, com a promessa de fabulosas receitas publicitárias. O negócio não se realizou, cancelado por Robert Maxwell e não por Soares.

domingo, 26 de agosto de 2012

Um bater de asas

Segundo a cultura popular o bater de asas de uma borboleta pode influenciar o curso natural das coisas.
Vejamos, António Borges comete uma imprudência em frente às câmaras de TV, o CDS, através de João Almeida, chama o parceiro de governo à razão e António José Seguro, na Madeira, já afirma o que irá fazer quando for Primeiro Ministro.
É nestas pequenas coisas que se vê a situação frágil a que chegamos depois dos casos Relvas.

Walking on the moon

Do tempo dos bons contra os maus, em que afinal não havia nem bons nem maus, apenas os nossos e os deles e que, muitas vezes, também se confundiam com uma promiscuidade visível nos livros de Le Carré.
Desses tempos, golden ages, existem momentos únicos, vitórias que fizeram sonhar gerações e gerações: obrigado Neil Armstrong.

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Uma questão de túneis

O túnel europeu



O túnel americano


Depois há os outros, os emergentes, que não os têm.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Até sempre

Uma triste notícia para Portugal porque parte da nossa democracia e prosperidade, em alturas tão críticas, se deve a este Senhor.
Eurico de Melo foi um "homem do norte", que ousou dizer " trocamos, muitas vezes, os vês pêlos bês, mas nunca trocamos a liberdade pela servidão" e sem nunca ter caído no ridículo de esquecer Portugal e todos os portugueses. São cada vez mais raras pessoas como ele... e tanta falta fazem!
Resta-me terminar dizendo que a AD se está a reunir novamente. Infelizmente não é para nos voltar a governar.
Paz à sua alma.

terça-feira, 31 de julho de 2012

"... A troika fecha os olhos, ou porque precisa de um exemplo positivo para mostrar aos malditos gregos, ou porque uma parte da troika começa a perceber que o programa de laboratório não resulta nos testes com os ratinhos, ou porque, avaliando Portugal, se avalia a si própria e não quer dar má nota a si mesma.

Mas o problema destas frases de spin é que escondem o facto tenebroso: o problema que existia, continua lá; ou não é o problema que foi apontado e é outro; ou os remédios não servem, ou os médicos..."

terça-feira, 24 de julho de 2012

Momentos em que o silêncio diz tudo


Daniel Oliveira, sobre a morte de José Hermano Saraiva e o que foi dito por Passos Coelho e Francisco José Viegas sobre o historiador, escreveu um pequeno artigono Arrastão, referindo que o lugar de Ministro da Educação na ditadura não era um pormenor mas o mais importante dado biográfico do cidadão em causa.

Será que tem razão?! Será que as pessoas se lembrarão de José Hermano Saraiva como Ministro da Educação ou como um educador com um palco priveligiado que foi a televisão?!

Como isto da morte é algo que nos toca a todos, mais cedo ou mais tarde, gostaria de saber se, por exemplo,  escreveria um texto idêntico caso Fernando Rosas tivesse sido ministro de alguma coisa. Ou por ser ditador de esquerda, não haveria problema e todos nos deveriamos curvar perante a morte de um ex-ministro?!

sexta-feira, 13 de julho de 2012

quarta-feira, 11 de julho de 2012

Ainda sobre o país de Ricardo Rodrigues

"
O ROUBO DA LIBERDADE E DOS GRAVADORES
A SIC apresentou em 2011 uma reportagem sobre um adolescente condenado a longa pena de prisão, acusado de roubar um telemóvel. Não tinha sido ele. Compare-se a justiça brutal nesse caso com a condenação do ladrão de gravadores do PS, o deputado Ricardo Rodrigues, que foi apenas condenado por atentado à liberdade de imprensa e não pelo efectivo furto que concretizou esse atentado. O acto do repugnante deputado, que mantém o lugar, simbolizou a política de media do governo anterior: foi um roubo, sim, e da liberdade de imprensa. Lamentável é que o PS ficasse em silêncio sobre a decisão judicial. O palmarés do PS contra a liberdade de imprensa vai igualando o do seu papel histórico positivo em 1975. "

terça-feira, 3 de julho de 2012

É este o país que temos - II

Há dias referi " É este o país que temos" falando de atendados contra a liberdade imprensa e de informação, focando-me em casos políticos. É triste e parece que ninguém se importa com o caso.
Infelizmente temos no mesmo país casos de excesso de informação, apelidados de notícia, e que nada acrescentam à vida democrática e cívica de uma nação.
Recentemente, com o Europeu de Futebol, tal foi bem visível com as televisões a darem muito mais do que seria normal e salutar, que eram os 90 minutos de jogo.
Inventam-se novos protagonistas: desde adeptos anónimos a comentarem a prestação das equipas até VIP´s a fazerem o mesmo, como se possuíssem algum curso de treinador. Mas, mesmo assim, e desde que não seja a RTP com o dinheiro dos contribuintes a fazer isso, até aceito.
Mais grave, ridículo até, é dar voz a quem não a deve ter, a pessoas que pela sua actuação e pelo papel que têm, deverão ter uma vida resguardada. Falo concretamente de Pedro Proença.
Um árbitro está para uma modalidade como um juiz para um caso em tribunal: é fundamental para o bom desenrolar do processo e que faça cumprir a lei. Fora isso, não deverá ter mais intervenções.
Quando um juiz se quer fazer ouvir fora do seu tribunal ou um árbitro fora das quatro linhas é mau sinal, muito mau sinal.
Pedro Proença, depois da verborreia no aeroporto foi entrevistado na SIC. Começa a entrevista a afirmar-se como desportista (?) para, de seguida, dizer que é uma honra estar no centro do relvado a representar uma nação.
Quem estava no centro do terreno para representar uma nação eram os jogadores de Espanha e Itália. O arbitro veste uma roupa neutra - que não é de nenhuma selecção - e está ali para fazer cumprir a lei. Os adeptos não querem saber de onde é que ele é, apenas querem que faça um trabalho correcto.
Num ápice disse, com algum revanchismo, que a presença dele na final da Champions e do Campeonato da Europa é uma "bofetada de luva branca" à justiça portuguesa e ao caso Apito Dourado, saltando depois para um ar de coitadinho de "só falam de nós quando erramos".
Fala da sua profissão e do seu hobbie, indicando que monetária é dificil ser árbitro em Portugal. Será que mais fácil ser mecânico, trolha, mineiro, desempregado?!
Deixo para ultimo a verdadeira razão para escrever este texto: a sua queixinha por não ter ninguém do governo na sua partida e na sua chegada. Pergunto: e uma estátua, não?!
O Secretário de Estado do Desporto e demais entidades deverão estar do lado dos atletas, das pessoas do espectáculo, acarinhando-as e agraciando-as porque, quer se goste quer não, representam o país. Fora isso, são atitudes bacocas. Felizmente que Alexandre Mestre não é bacoco.
Se se fizesse aquilo que Pedro Proença queria que fosse feito com ele, que estivesse alguém do governo à sua espera no aeroporto, digo que sempre que Eduardo Freitas ou Nuno Esteves são directores de corrida no Campeonato do Mundo de Carros de Turismo ou nas Le Mans Series deveria estar alguém do governo lá. Sempre que um árbitro de ténis português estiver na final de um Grand Slam, deveria estar lá alguém do governo. Sempre que um árbitro de hóquei for chamado para uma final internacional, deveria estar lá alguém do governo. E por aí fora.
Se se fizesse aquilo que Pedro Proença pretendia e se fosse utilizado um critério de igualdade, seria melhor o governo marcar as reuniões de Conselhos de Ministros para o aeroporto da Portela porque nunca iriam sair de lá, dado a quantidade de modalidades em que somos justos e correctos a avaliar o cumprimento da lei por parte dos atletas.
Não estive na campanha pelo "não", não concordava com muitas opiniões e tomadas de posição de Maria José Nogueira Pinto mas compreendo e concordo com tudo o que Paulo Rangel escreveu neste "jeito de homenagem".
Até sempre.