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domingo, 14 de abril de 2013

A mercearia - 13


Eu gosto de cidades e, de igual forma, gosto de aldeias e pequenas vilas. Não gosto das duas por igual ao mesmo tempo porque não me consigo refugiar nelas em tempos iguais. O que eu não gosto, mesmo nada, são cidades que parecem aldeias, que perderam – ou nunca tiveram – o cosmopolitismo necessário para ser cidade ou, de igual forma, aldeias que mais parecem cidades, que ao invés de um baixo casario apresentam construções em altura e uma vivência plástica. Neste caso passamos de uma rusticidade típica a um provincianismo bacoco, tentando imitar – mal – o que se passa “lá fora”.

As cidades, as verdadeiras, as cosmopolitas, que têm história a trespassar as ruas, são caracterizadas pelas enormes opções de trabalho, cultura, diversão, recriação e espaços verdes. Centremo-nos aqui, nos espaços de lazer e diversão arborizados, de extrema importância para renovar o ar atmosférico, criar zonas de sombra nos meses mais quentes e capazes de albergar pequenos pássaros.

Se pensarmos na cidade mais próxima de Oliveira de Azeméis, o Porto, temos bairros típicos que contêm pequenos jardins e zonas arborizadas. É assim em S. Lázaro, na Cordoaria, o Palácio de Cristal, a Praça Francisco Sá Carneiro, Praça de Liége, Arca d´Água, Praça da República, etc.. Só depois surgiu o Parque da Cidade.

Se pensarmos em Lisboa, entendemos a cidade de igual forma, com pequenos jardins que vão desde Campo de Ourique à zona reabilitada da Expo, sem esquecer, claro está, Monsanto.

Por esse mundo fora, cidades como Londres, Berlim, Karslruhe, Bruxelas, Brasília, Washington, Oslo, etc., têm pequenos jardins, pequenos espaços de lazer, por cada bairro.

Retomando a nossa pequena escala oliveirense, foi apresentado pela Câmara Municipal o projecto Parque dos 11, que visa a reabilitação da Feira dos 11: um espaço outrora importante para o comércio oliveirense mas desde há muitos anos transformado num parque de estacionamento desordenado, cheio de equipamentos avulsos e com árvores em avançado estado de degradação, que apenas por sorte, não provocaram um acidente, tendo sido necessário o seu abate.

O projecto apresentado para o Parque dos 11 tem como conceito principal a vivência ao ar livre e a prática desportiva, interligado através de um percurso associado a um ginásio e a um circuito de manutenção. Terá um grande espaço relvado, sendo uma área multiusos capaz de albergar várias funções – lazer, estadia e recreio. Para contemplação, uma grande banqueta, permitindo uma visão periférica de todo o espaço.

O que foi proposto e debatido foi uma requalificação do actual espaço, tendo em conta o período de audição pública que decorreu até 15 de Março, criando pela primeira vez um verdadeiro espaço de lazer naquela zona da cidade, contemplando o uso dos outros equipamentos aí existentes, e pensado nas pessoas.

Serão plantadas o dobro das árvores que existiam, Bétula Alba, uma espécie autóctone, portuguesa. Serão igualmente plantados hydrangeas e cornos alba, que darão ao parque tonalidades brancas, na primavera, e avermelhadas no outono. O espaço será intervencionado e dará vida a Oliveira de Azeméis!

Ficou-se também a saber que a médio prazo os passeios da cidade serão repensados, intervencionados e arborizados, por forma a dar beleza à cidade e a criar pontos de ligação entre os vários espaços verdes, como sejam o Parque dos 11, o Jardim Público, Praça da Cidade, Av. D. Maria, a Alameda em frente à Escola Soares de Basto e, claro está o ex-libris, Parque de La-Salette.

Neste conjunto de espaços intervencionados, não podemos esquecer igualmente as margens do rio Caima, em Palmaz, o Parque Molinológico de Ul, espaços intervencionados em S. Roque, a praça em Carregosa, etc..

Ou seja, Oliveira de Azeméis, a cidade e o concelho, estão a criar pequenos espaços verdes que têm a capacidade de proporcionar momentos de lazer em família, contemplação da natureza e a prática desportiva, a exemplo das grandes cidades mundiais.

Após esta intervenção e os melhoramentos que se pretendem nas ruas e passeios, Oliveira de Azeméis poderá pensar num Parque da Cidade, a exemplo do Porto, a exemplo de Lisboa e de outras cidades. Só o deverá fazer nessa altura porque caso contrário poderá cair num provincianismo bacoco, visto bem perto de nós, de termos cidades com grandes parques da cidade mas não existindo espaços de proximidade com as zonas residenciais.

Na mesma semana que a arquitecta Maria Luís Gonçalves, em nome dos técnicos da Câmara Municipal de Oliveira de Azeméis, apresentou o projecto Parque dos 11, Gonçalo Ribeiro Telles, o mais conhecido e conceituado arquitecto paisagista português foi galardoado com o Prémio Sir Geoffrey Jellicoe, o “Nobel” da arquitectura paisagista. Este prémio, que deve enobrecer todos os portugueses, é a prova do valor dos nossos arquitectos e das nossas escolas de arquitectura e mostra, também, como a organização do território contemplando espaços de lazer em comunhão com a natureza é cada vez mais actual.

Para terminar apenas duas notas: a primeira, de apreço, para com Leonel Martins da Silva, uma voz sempre a ter em conta no universo socialista oliveirense, que ouviu a explicação do projecto, parabenizou-a e deu sugestões válidas para o médio-prazo.

Em sentido inverso, depois de tanta tinta que correu nos jornais e caracteres gastos no Facebook e Twitter, não vi na sala nenhum dos “grandes oliveirenses”  que falaram de tempos idos – da sua meninice e juventude, do preservar a memória histórica de um povo nem que fosse apenas um “cancro” na cidade-, que criticaram a Câmara Municipal pelo abate das árvores, que disseram cobras e lagartos do poder executivo camarário. Ninguém. Afinal, nunca lhes ocorreu no pensamento a melhoria da Feira dos 11, nunca a segurança pública oliveirense foi motivo de preocupação: o que fizeram foi, tão e só, escárnio e maledicência gratuita, numa necessidade atroz de serem do contra e de aparecerem na comunicação a dizer qualquer coisinha.

sábado, 19 de janeiro de 2013

Graças a Deus temos aeroporto em Beja

A TAP, na sua página do Facebook, escreveu:

"Os fortes ventos e chuva intensa que se fazem sentir em Portugal estão a provocar fortes restrições à operação nos aeroportos de Portugal continental, nomeadamente Lisboa. Devido a estas restrições, alguns voos com destino a Lisboa tiveram de divergir para aeroportos em Espanha, sendo previsível que durante as próximas horas mais voos com destino a Lisboa tenham de aterrar em aeroportos alternativos. A informação será actualizada logo que possível."

Ao qual eu digo: ainda bem que temos aeroporto em Beja, esperando eu que os ventos na planície alentejana sejam mais amenos. Caso contrário lá terão que ir voos para Vigo, Madrid, etc.. 

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Viagem no passado por causa do presente

"Hoje tudo é muito diferente em relação ao passado, mas também muita coisa é demasiadamente igual.

No final do século XIX, princípio do século XX, o incipiente operariado português concentrava-se em poucas fábricas dignas desse nome no Norte do país, em particular no Porto, e numa multidão de pequenas oficinas em Lisboa e Setúbal e nas principais cidades do país. Eram operários e operárias, tabaqueiros, têxteis, soldadores, conserveiros, corticeiros, mineiros, padeiros, alfaiates, costureiras, cinzeladores, cortadores de carnes verdes, carpinteiros, fragateiros, estivadores, carregadores, carrejonas no Porto, carvoeiros, costureiras, douradores, etc., etc. Havia uma multidão de criados e criadas, criadas "de servir", e muito trabalho infantil em todas as profissões, em particular nas mercearias, onde os marçanos viviam uma infância muitas vezes brutal, dormindo na loja e carregando com cargas muito pesadas. Falei em operariado, mas na verdade, muito poucos correspondem ao conceito, porque se trata mais de artífices, trabalhadores indiscriminados, e em muitos casos com profissões hierarquizadas em que os aprendizes eram sujeitos a todos os abusos. Havia depois uma aristocracia operária, essencialmente entre os que faziam tarefas qualificadas e mais bem pagas, como era o caso dos tipógrafos, que sabiam ler e por isso tinham um mundo social diferente. Antero de Quental foi tipógrafo de passagem.

Deixo o campo de lado, em que a maioria dos portugueses ainda vivia, onde havia igualmente um território obscuro e pouco conhecido que despertou com a I República, os trabalhadores rurais alentejanos. Estes viviam uma vida violenta e esquecida no meio do deserto alentejano. Nos meios rurais vários grupos de trabalhadores vegetavam na mais negra miséria e vendiam o seu trabalho sazonalmente, nas vinhas do Douro, nos campos do Alentejo e Ribatejo como maltezes e ratinhos. O que de mau se pode dizer das cidades, pode-se dizer pior do campo ou das vilas piscatórias do litoral e mineiras do interior. 

A economia do mundo operário centrava-se no salário muito escasso, na renda de casa, numa vila operária ou numa "ilha" se fosse no Norte do país, onde se amontoavam em condições higiénicas e sanitárias inimagináveis. A epidemia de cólera no Porto, e a habitual ocorrência de tifo, demoraram muito anos a lembrar os governantes do problema de insalubridade da "habitação operária" e deram origem aos bairros sociais no salazarismo.

O vestuário masculino e feminino era muito grosseiro, sarja, serapilheira, chita eram comuns e os sapatos eram para usar aos domingos. Até à década de cinquenta do século XX o pé descalço era um símbolo da pobreza portuguesa. Alpergatas feitas com um bloco de madeira e uma tira de borracha de pneu eram o calçado operário mais comum. As mulheres vestiam-se ainda como se estivessem no campo e os homens já menos, mas mesmo assim o traje operário, como o fato-macaco, demorou a tornar-se comum porque era caro.

A alimentação era de péssima qualidade e a fome, e doenças associadas com as carências alimentares, como o raquitismo, eram comuns. A tuberculose era generalizada, e o alcoolismo um flagelo social. Eram igualmente comuns os traços da varíola, da poliomielite, e em certas zonas do país havia malária e kala-azar. Não havia dinheiro para ir ao médico e também não havia muitos médicos e menos hospitais, já para não falar de medicamentos. A dependência da caridade da igreja ou pública, sob formas como a "sopa dos pobres", implicava regras de comportamento disciplinares, subserviência e cabeça baixa. Havia muita mendicidade.

A prostituição, a criminalidade e o roubo eram generalizados. Havia um número elevado de "matriculadas" e um número ainda maior de mulheres que se prestavam ocasionalmente à prostituição por razões económicas. A violência sexual nas fábricas era uma forma de "direito de pernada" que ninguém contestava e a violência nas famílias sobre as mulheres uma hábito estabelecido. Em Lisboa a criminalidade "apache" de navalha, vinho e fado era a regra, nos campos o assassínio bruto à paulada e a machado associava-se ao roubo nos matos e ao incêndio de searas. A reivindicação de polícia rural está alta na lista de todas as associações de agricultores, como os senhorios urbanos temiam os seus inquilinos.

A esmagadora maioria da população era analfabeta, e os poucos que tinham algumas letras não passavam da instrução primária, muitas vezes incompleta. No entanto, havia uma reverência à escola e à instrução, como sinal de ascensão social. Para muitos pobres, o seminário era a única escola possível.

Os trabalhadores não tinham quaisquer direitos enquanto trabalhadores. Os patrões, fossem os "industriais" com dinheiro brasileiro e títulos de barão e visconde, ou os donos das pequenas oficinas de marcenaria ou de panificação, podiam decidir tudo sobre os seus trabalhadores. Os horários podiam ser de sol a sol, as condições de trabalho eram terríveis, os acidentes de trabalho e as doenças profissionais comuns, as ordens de patrões e capatazes eram indiscutíveis, os dias de doença não eram pagos, as faltas, por muito justificadas que fossem, idem, e o despedimento não tinha qualquer formalidade - chamava-se o trabalhador e "punha-se na rua". Ponto.

Durante a segunda metade do século XIX, os operários começaram a organizar-se e a reivindicar alguns muito escassos direitos. À medida que as antigas corporações desapareciam, e com estas algumas confrarias que ofereciam um escasso apoio social a grupos profissionais, apareciam associações mutualistas que pretendiam em primeiro lugar garantir um funeral decente em vez da carreta dos pobres e a vala comum, assim como algum apoio às viúvas e aos filhos, que a morte deixava de imediato na pobreza absoluta. Os peditórios eram comuns. Esse mundo da economia popular pode ser visto por um observador atento que visite alguns bairros antigos de Lisboa, onde encontra ainda restos da paisagem operária marcada pelas lojas de penhor, pelas funerárias e pelas tabernas.

Os sindicatos, no sentido moderno do termo, surgiram a partir das associações de classe e de um espírito de resistência e auto-organização, que, não sendo nunca muito forte, estabeleceu-se com tenacidade. Havia greves, algumas violentas e tumultuárias, mas também era comum que um gesto qualquer caritativo do patrão fizesse voltar os operários ao trabalho, muito agradecidos com a benesse. A relação paternal entre o patrão e os "seus" operários estava incrustada no tipo de relações sociais dominadas pela clientela e pelo patrocinato. O caciquismo era a face política dessas mesmas relações, a partidocracia actual a sua herdeira.
Do seu lado, do lado das "classes laboriosas", havia muito pouca gente, alguns raros filantropos com ideias progressistas, muitos filantropos com ideias reacionárias, e, durante a sua breve vida, um Rei D. Pedro V. E, pouco a pouco, legislação sobre o trabalho, as condições de trabalho, a "previdência", e um embrião de um direito laboral foi fixando horários, salários, regras, descontos, faltas, doenças, obrigações, e, palavra maldita, do direito nasceram direitos adquiridos.

Estamos a falar de cem, cento e cinquenta anos, mas saímos deste mundo há pouco mais de cinco décadas, com muito sofrimento, esforço e trabalho, consolidando melhorias e direitos. Na década de sessenta, a vida começou a melhorar muito lentamente. A emigração representou a válvula de escape para muita desta miséria, e na França, na Alemanha, como antes no Brasil e Venezuela. Uma lenta mas construtiva industrialização, iniciada nos anos cinquenta, e uma política de "fomento" permitiram, junto com a economia colonial acicatada pela guerra, algum progresso material. E Marcelo Caetano deu a reforma aos rurais e o 25 de Abril o resto. 

Foi um processo lento e nalguns aspectos pouco amável, que incluiu uma revolução e alguma violência, cá e principalmente em África. Conseguimos uma muito razoável integração dos "retornados", mais eficaz pela plasticidade da sociedade portuguesa do que o que aconteceu em França com os pieds noirs. Acabámos com os frutos malditos da pilha de ouro entesourada no Banco de Portugal, a mortalidade infantil, o analfabetismo, a pobreza, a absoluta desprotecção face aos infortúnios do trabalho e da vida.
Melhorámos alguma coisa, mas não muito. Mas foi tudo muito lento e muito tarde, o que significa que os portugueses mais velhos ainda têm uma memória viva, muito provavelmente biográfica, desta pobreza ancestral. Mesmo os que já não a viveram sabiam pelos seus pais e avós que era assim, e isso significa, ao mesmo tempo, um certo conformismo e alguma revolta.

O último tempo onde mais negra foi a miséria portuguesa que ainda pode ser lembrado pelos vivos foi por volta de 1943, o ano em que houve um excedente da balança comercial que a imbecil ignorância actual se permite louvar, sem saber do que está a falar. Ter havido excedentes na balança foi bom, a razão por que isso aconteceu foi péssima. É essa fractura entre a abstração e a realidade que torna obrigatório viajar pelo passado por causa do presente. Tudo é muito diferente, mas também muita coisa é demasiadamente igual. Esperemos que em 2013 não se torne ainda mais parecida."

domingo, 4 de novembro de 2012

Jerónimo de Sousa em O.Azeméis - V

Por último, falo da vinda de Jerónimo de Sousa da Oliveira de Azeméis como oliveirense, como cidadão interessado e que preza por andar informado sobre o que se passa à sua volta.
Vir um líder partidário à minha terra, por muito que discorde desse líder, é, para mim, um motivo de orgulho e de respeito.
Orgulho porque alguém reconheceu mérito a Oliveira de Azeméis, tanto que dedicou parte do seu tempo em se deslocar aqui. Orgulho também porque, devido a isso, Oliveira de Azeméis aparecerá nas notícias, tornando-se um concelho cada vez mais reconhecido.
O respeito que sinto, e que todos os oliveirenses deveriam sentir, vem no seguimento do orgulho: se alguém dedica parte do seu tempo a vir visitar Oliveira de Azeméis, a vir conhecer Oliveira de Azeméis, por mais que discordemos dos seus ideais, devemos respeito a essa pessoa, a esse partido.
Se pensarmos que hoje esteve em Oliveira de Azeméis Jerónimo de Sousa e que no último ano estiveram cá Marco António Costa, por duas vezes, Miguel Relvas, uma vez e Francisco Assis, outra vez, poderemos avaliar o quão importante é a nossa terra para as estruturas nacionais dos partidos.
Do PCP veio o líder, do PSD vieram dois generais da actual direcção e do PS veio uma pessoa que não é próxima do actual PS - nem do nacional nem do concelhio.
Posto isto, só posso pensar que das cabeças pensantes de Lisboa, dos líderes nacionais dos cinco maiores partidos, apenas dois têm respeito por Oliveira de Azeméis e pelos oliveirenses: PSD e PCP.
Assim sendo, parece-me justo dizer que os oliveirenses, nas próximas eleições, deverão escolher entre um partido social-democrata e um partido comunista ortodoxo, já que todos os outros não conhecem Oliveira de Azeméis e as necessidades e desejos das suas gentes.

domingo, 30 de setembro de 2012

15 % a menos nas antigas SCUT

Um balãozinho para as famílias e para as empresas de transporte que se têm que deslocar diariamente nas antigas SCUT, especialmente nas zonas do Grande Porto, Grande Lisboa, ligação do Porto a Viana do Castelo, de Aveiro a Vilar Formoso e na Via do Infante.
No seguimento desta baixa de tarifa poderia vir também uma baixa de preço nos combustíveis de, digamos, 15 %.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Herança socrática, mais uma

Sou consultor de empresas e, como muitos colegas, tenho clientes em Lisboa, Porto, Aveiro, Braga... e também tenho a sorte de ter clientes em locais tão distantes e interessantes como a Régua, Portalegre, Felgueiras, Ponte de Sôr, etc..
Sorte porque é um prazer percorrer quilómetros pelo país, vendo paisagens tão díspares e tão belas, contactar com pessoas tão diferentes que me fazem ter orgulho de ser português.
Ao percorrer o país de uma ponta a outra, pelo litoral ou pelo interior, tenho percepção das capacidades turísticas que podemos oferecer devido a aldeias cristalizadas no interior alentejano, o Douro património mundial, as Portas de Ródão que abrem Portugal ao Tejo, a gastronomia, diversidade e, sobretudo, gente simpática!
Ao percorrer o país de uma ponta a outra, por autoestradas quase desertas, o que se vê no topo dos montes? Ventoinhas!
De Viseu a Vila Real, cruzando o Douro, não deve haver um único espaço sem ventoinhas. De Pombal a Castelo Branco, idem. No Marão, a mesma coisa. Quando se está no topo de Revinhade e se olha em volta para a Cabreira e para o Gerês, a mesma coisa. Na Freita, a fronteira do litoral com o interior em Aveiro, igual. Sair de Lisboa para a Região do Oeste e a companhia mantem-se.
Não sou ambientalista e considero que se devem aproveitar os recursos naturais a bem da economia do país.
No entanto, quando vejo a revista da RyanAir com uma artigo que diz que "namorar em Portugal é em Vila Verde", uma excelente promoção ao interior transmontano feita pelo Turismo do Porto e Norte, penso naquilo que os turistas vão ver até chegarem ao destino: ventoinhas.
O que seria mais lucrativo para o país? Energia eólica ou paisagens únicas em todo o mundo, com a menor intervenção do Homem, em que é possível olhar o céu e ver estrelas, ouvir os grilos e os pássaros, acordar com as ovelhas a irem pastar ao campo, coisas que um turista berlinense, londrino, nova iorquino, moscovita, paulista, parisiense não encontra na sua terra?!

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Hoje tive a oportunidade e o prazer de circular pela primeira vez na nova auto-estrada que liga Espinho a Paços de Ferreira.
Oportunidade porque me dirigia para o Marco de Canaveses e não foi necessário passar pelo Porto para depois seguir pela A4.
Prazer porque, de facto, é um prazer poder circular numa auto-estrada deserta e com uma vista lindíssima sobre o Douro!
A 110 km/h ( sim, a 110!!!) cruzei-me com 3 carros às 9 da manhã e com 7 carros às 16.30, no percurso do Picoto a Baltar que são aproximadamente 30 km.
Desta auto-estrada, quando foi apresentada, foi dito que seria fundamental para desviar milhares de carros do Porto e permitir uma circulação mais rápida de pessoas e mercadorias de Trás-os-Montes para o litoral centro e Lisboa.
Será que essas pessoas não sabem que existe tal acesso ou afinal ainda não existiam assim tantos milhares de carros e camiões, capazes de movimentar uma auto-estrada?!
Gostava de ouvir falar aquelas pessoas que dizem que Cavaco Silva, enquanto Primeiro Ministro, "só" alcatroou Portugal e que foram esses anos de desperdício ( A1, A2, A3, A4, A5, IP3, IP4, IP5) que nos catapultaram para a miséria de hoje...